A Seleção e as coincidências

OPINIÃO07.06.201804:00

Portugal realiza hoje o último jogo em solo nacional antes de partir para o Mundial e não tenho dúvidas de que a Seleção vai ficar até tarde na Rússia. Por três razões:

1 ) Este lote de 23 é mais forte que o de 2016 no ataque, no meio-campo e está igual na defesa  -  Pepe e Fonte continuam aí para as curvas e a idade excessiva não deve servir de preocupação, basta recordar que a Itália (tal como Portugal, fez da solidez defensiva uma arma) foi campeã do mundo em 2006 com uma defesa cuja média de idades era de 30,25 anos, semelhante ao quarteto Cédric/Pepe/Fonte/Raphael, que é de 29,75. E se o jogador do Dortmund se apresenta em piores condições que há dois anos, por outro as presenças de Mário Rui (esquerda) e Ricardo Pereira (direita) dão mais garantias que Vieirinha e Eliseu.

2 ) Obedecendo à regra que o próprio criou de perder um quilo por cada ano que passa de modo a manter a velocidade e resistência, Cristiano Ronaldo não está pior que em 2016. Diria mesmo que está melhor.

3 ) Fernando Santos. Apesar de aqui e ali ser criticado pela falta de arrojo ofensivo ele sabe mais do que ninguém que na ausência de uma base como o Benfica de 1966 ou o FC Porto de 2004, que facilitou a vida aos selecionadores da época, tem de ser o mais pragmático possível ao juntar jogadores dispersos por vários clubes e países. Podemos discutir a estética (a Seleção de 2000 foi a que mais gostei de ver, diria que foi o nosso Brasil-1982) mas nunca os factos: a de 2016 é que foi campeã. Com um mestre da tática.

PS: Há 18 anos, tal como acontece agora com Rui Patrício, a Seleção contava com um desempregado de luxo. Chamava-se João Vieira Pinto. Um era o símbolo do Benfica e saiu depois de se desentender com Vale e Azevedo. O outro era um ícone do Sporting e abandonou Alvalade por não querer continuar com Bruno de Carvalho. Coincidências.