Com Schjelderup ou sem Schjelderup, cuja troca ao intervalo teve que ver, segundo Bruno Lage, com a necessidade de uma maior frescura e capacidade defensiva de Akturkoglu perante Maxi Araújo - embora a falta de contundência ofensiva tenha levado depois Di María a voltar à posição original e o turco a encaixar novamente à esquerda, o que na prática se traduziu num sacrifício, em troco de praticamente nada, do melhor em campo até esse momento -, o treinador do Benfica conseguiu dar resposta à questão que ele próprio tinha deixado no ar. Não em palavras, mas em ações. Ou falta delas. Ao falhar em dois momentos críticos, primeiro como líder na visita a Alvalade, depois em casa, podendo corrigir diante do SC Braga após empate dos leões em Guimarães, Lage tinha colocado em causa o estofo da equipa para ser campeã. E se ainda assim faltou em Leiria um triunfo nos 90 minutos sobre os arquirrivais a fim de dar mais consistência à ideia, a exibição e a conquista da Taça da Liga, após novas afinações dadas pelo técnico na sequência dos dois maus resultados, são pelo menos um momento de afirmação. Os adversários têm de contar com o Benfica para uma segunda metade da temporada consistente e a apontar à conquista de mais troféus. A resposta não foi dada só à navegação. Também os jogadores têm agora algo concreto a que se agarrar. Algo que lhes garanta que as ideias do homem do leme podem ser bem-sucedidas. Assim, garante uma ligação emocional e ativa ao processo que está a ser implementado. Lage tem o mérito, mais uma vez, de ter encontrado um plano ou repensado o original. Talvez tenha de o continuar a fazer, porque as fragilidades não desapareceram de um dia para o outro. O que os encarnados ganham não é, no entanto, retirado do Sporting. O embate foi equilibrado ao ponto de se poder crer que o vencedor esteve entregue à sorte e azar. Basta que o grupo e Rui Borges acreditem ou coloquem a mensagem a esse nível. Por isso, não haverá esvaziamento emocional. Os leões não têm razões para não continuar à procura da solidez, com passos bem seguros. P.S. É disparatado pensar que se a final se realizasse hoje teria uma segunda parte de alto quilate como a primeira? Não é assim que se protege o futebol? Ou será que basta uma sede state of the art? P.P.S. É muito mais fácil comunicar quando se ganha. Viu-se na cara de Lage.