A qualidade nunca é sacrilégio

OPINIÃO29.11.201900:50

Uma destas madrugadas densas, num zapping noturno deparei-me com a entrevista dum dos maiores especialistas de basquetebol a nível nacional: Hermínio Barreto. A conversa seguiu sempre deliciosa, sempre partindo do pressuposto que a gulodice nas palavras está sempre na disponibilidade do recetor e na sapiência do emissor.
Uma das frases que retive do professor foi a de que um dos seus principais focos sempre esteve na evolução qualitativa dos seus pupilos, pois estava ciente de que só assim os processos da equipa evoluíam.
Nos debates futebolísticos da nação, semiespecialistas, totais especialistas e contraespecialistas colocam muito o enfoque no processo coletivo, dando 8423 explicações para a não produção desta ou daquela equipa. Algumas até são verdadeiras, mas por vezes esquecem-se do essencial - a equipa não joga mais porque os jogadores são... mauzinhos.
Há quem defenda que são os jogadores que têm de se adaptar ao modelo do treinador; há quem jure exatamente o contrário. Um exemplo mais evidente desta última tese são os Golden State Warriors, que subverteram quase por completo o jogo quando aos seus atletas foi prmitido, por exemplo, o supremo sacrilégio de interromper um contra-ataque para lançar de três pontos. Mas, caso tenham dúvidas, podem ver o currículo dos Warriors nos últimos anos para verificarem se a mudança de paradigma teve ou não sucesso na liga mais competitiva do mundo.
Contas feitas, a qualidade nunca é sacrilégio. Sacrilégio, muitas vezes, é não ter; ou tê-la e guardá-la no cofre das suas convicções.