A prova rainha

OPINIÃO23.05.202107:00

Será confronto entre dois clubes que se respeitam, entre dois treinadores exigentes e competentes e… com os adeptos presos à televisão

Coimbra recebe hoje, e de novo, a final da Taça de Portugal. O Benfica repete a presença e com uma disputa inédita em termos deste momento final da prova rainha do futebol português. De uma competição que envolve pequenos, médios e grandes clubes. De uma competição em que há tomba gigantes e em que há sonhos que se realizam, proveitos que se arrecadam e em que a televisão, e por excelência ao longo da época o Canal 11, proporciona diferentes e atrativas imagens, concretas e locais publicidades e mostra jogadores e técnicos que, nesses minutos, se sentem, e bem, príncipes desta prova que é a rainha de todas as competições, profissionais e não profissionais, do futebol português. E nesta época de pandemia,  de efetivas restrições financeiras, de limitações de tesouraria, a Federação Portuguesa de Futebol, numa decisão que  se realça, enaltece e vivamente se saúda, resolveu aumentar os prémios de participação de todos os clubes intervenientes na Taça de Portugal e, assim, nesta noite e na atrativa e singular cidade de Coimbra, estará em disputa um outro desafio: um prémio de 1,1 milhões de euros. O vencedor arrecada 700 mil euros e o vencido 400 mil. Ou seja, e conforme deu nota este jornal, o vencedor receberá um prémio adicional de 300 mil euros e o finalista vencido um valor adicional de 150 mil euros. São números relevantes, prémios que surpreendem pelo seu significado e são, nestes tempos, sinais de uma efetiva solidariedade da Federação com o conjunto dos clubes que são a sua essência, o seu suporte, a sua razão de ser. A prova rainha termina, assim, com um verdadeiro cheque… para a prova  rainha. Numa  cidade emblemática para tantas rainhas, umas com coroa e outras sem precisarem dela, de Portugal! 

Jorge Jesus procura esta noite a sua segunda vitória na Taça de Portugal

O Benfica, na sua trigésima oitava presença numa final da Taça de Portugal, procura a sua vigésima sétima vitória. E Jorge Jesus procura, nesta especifica competição, uma segunda conquista na sua longa e vitoriosa carreira como treinador. E tendo hoje do outro lado o Gaitán,  que marcou o golo do Benfica face ao Rio Ave na final disputada no Jamor  em 18 de maio de 2014 . E Carlos Carvalhal, neste Sporting de Braga com António Salvador reeleito para um novo e decerto proveitoso mandato, tem sempre presente que foi o único treinador que levou uma equipa da então terceira divisão - o Leixões! - a uma final da Taça de Portugal. Perdeu com o Sporting - como sempre perdeu todas as finais que disputou com o Sporting! - mas conquistou o acesso à então Taça UEFA . Será um confronto entre dois clubes que se respeitam, entre dois treinadores exigentes e competentes e… com os adeptos presos à televisão - em canal aberto! - ou, em situações extraordinárias, aos sons da rádio. E nada como redescobrir, nestes últimos tempos, a rádio, os seus sons, a sua animação, o seu humor. Como bem percebi esta semana nesses momentos deliciosos - Os Falsetes de Seara! - que a Joana Marques me dedicou nesse instante  singular da Rádio Renascença - minha casa tantos e tantos anos nas tardes de sábado e com um programa cujo título usei para referência destes artigo… - que é, logo pelas manhãs, o «extremamente desagradável»! Por mim... espero ficar, e estar, nesta noite de domingo, extremamente agradado! Nunca esquecendo as palavras de Puskas, esse extraordinário avançado e um dos símbolos da favorita seleção da Hungria, que perdendo o Mundial de 1954 (2-3) realizado na Suíça, frente à Alemanha, disse: «Nós jogámos alegremente, eles jogaram para ser campeões!» Verdade de ontem e de hoje. É que a Hungria, esse time de ouro nesse tempo, passara cinco anos invicta e «perdeu o único jogo que não podia»! A história   do futebol está cheia de exemplos de jogos alegres. Mas o que a história, sempre objetiva, regista são… os vencedores, os campeões! Como bem sabem o Jorge Jesus e o Rui Costa, o Pizzi e o Luisão, o Jardel e o Rafa, o Samaris e o sempre presente André Almeida!

Hoje gostaria de estar em Coimbra. A pandemia e as suas cautelas não o permitem. E com o RT a subir na cidade de Lisboa quase que antecipamos outros momentos de dor… nas vésperas dos Santos Populares… que não vão marchar. Mas cada final da Taça faz-me regressar ao passado, seja ao longínquo seja ao mais recente. Cada final da Taça durante largos anos da minha vida era o momento da confraternização nas lindas matas do Jamor, das bifanas singulares - e a propósito nada como degustar o bife do lombo no Brandão,  ali nos arredores de Santarém, e cumprimentar o Senhor Jacinto, e toda a sua equipa, pelo corte especial, pelo sabor divinal, pelo molho que  embala o pão e pelo cativante serviço! -, do vinho partilhado e, bastas vezes, de um leitão que nos fazia multiplicar o apetite. Da gula e do jogo que se aproximava! Mas recordo hoje duas finais fora do Jamor. Uma em 1975 - fui confirmar e foi a 15 de junho e com arbitragem de António Garrido - e que opôs , no Estádio José Alvalade , o Benfica ao Boavista. A equipa do Bessa conquistou a Taça (2-1) e nessa equipa campeã do Benfica jogavam, entre outros, Toni e Diamantino, José Henrique e Jordão, Vítor Martins e Shéu, Bastos Lopes e Moinhos. E eu recordo-me bem… estava lá! Alguns anos depois, poucos, e após um conjunto de agudas peripécias, em agosto de 1983 - em rigor a 21 de agosto - no recordado Estádio das Antas, e com arbitragem de Mário Luís, o Benfica ergueu, com orgulho imenso, a Taça de Portugal após derrotar o Futebol Clube do Porto por uma bola a zero graças a  um fantástico pontapé de Carlos  Manuel. E assim o Benfica conquistou, nesse momento, a 18.ª Taça de Portugal. E, entre outros também campeões, vibrei com o saudoso Senhor Bento e o Pietra, o Álvaro e o José  Luís,   o Nené e o Filipovic, mais o  Stromberg e o Veloso. A festa foi intensa e eu recordo-me bem… estava lá!

Duas notas finais e que merecem réplica! Jurgen Klopp, o treinador do Liverpool, fez uma revelação que a Liga Portugal deve replicar... para todo o mundo do futebol: «Adoro ver a Liga portuguesa!» E acrescenta: «Veem-se  sempre boas inovações, bons jogadores e bons treinadores!» Pedir já ao Diogo Jota para solicitar autorização para replicar, multiplicando esta promoção singular do nosso futebol e da nossa Liga! A segunda para felicitar o ACP pelo  imenso êxito que é - está a ser! - esta 54.ª edição da prova rainha do nosso automobilismo. E com sentido de responsabilidade do público, o que mostra que em outros espaços desportivos poderia… haver amantes de outras modalidades. E, em diferentes momentos de vida, eu recordo-me bem… estava lá. Na Lousã, em Viseu (em diferentes edições ) e em Arganil. Parabéns ao ACP e ao seu presidente Carlos Barbosa!

Também no futebol feminino o Benfica venceu o Sporting. Mas ontem em Alvalade o Benfica, bem liderado por Filipa Patão e com a classe de Silvia Rebelo e Cloé Lacasse, entre outras , conquistou, com mérito, a Liga BPI. E quase ao mesmo tempo João Félix e o Atlético de Madrid conquistam a Liga espanhola. Parabéns ao Benfica e à sua aposta no futebol feminino!