A liderança do Sporting
Muito mudou no Sporting em seis anos mas há um resistente do ataque a Alcochete: Coates
Seis anos. Muito ou pouco? Depende da perspetiva. Para o Sporting foi há muito tempo. Inacreditavelmente há muito tempo! A 15 de maio de 2018 cerca de 40 adeptos leoninos invadiram, encapuzados, a Academia de Alcochete e agrediram vários jogadores e o então treinador, Jorge Jesus. Todos sabemos o que se seguiu e, mais importante, tudo o que se disse. Um cenário catastrófico foi traçado. A começar, claro, pelo desportivo. Quem não ganhava um campeonato há 16 anos, muito mais tempo levaria sem o conquistar…
Rui Patrício, William Carvalho, Bruno Fernandes, Gelson Martins, Podence, Bas Dost, Battaglia, Rúben Ribeiro e Rafael Leão rescindiram unilateralmente os contratos. O clube perdia muitas das mais-valias, várias formadas no clube. As reações, obviamente, foram imediatas. Bruno de Carvalho foi destituído e, depois de uma curta fase de transição, Frederico Varandas substituiu-o na presidência. Tudo mudou. Num ápice. O Sporting é hoje outro clube. Bem diferente. E, imagine-se, ganhador.
Mas nem tudo mudou em Alvalade. Há um resistente: Sebástian Coates. O central uruguaio tinha então apenas dois anos de clube e bem podia ter seguido o caminho daqueles antigos companheiros. Não o fez. Ficou, deu a cara. Acreditou. Seis anos volvidos, é, claro, o capitão de equipa, já um símbolo do Sporting e… campeão por duas ocasiões. Coisa rara para os lados de Alvalade nas últimas décadas.
Feliz de quem tem jogadores deste calibre. Ou homens. São eles que fazem os clubes grandes. Talvez seja por isto que o Sporting agora ganha mais vezes do que nos últimos anos. Por ter Coates e também por ter Neto, outro líder. Já não no campo, porque a força e a qualidade de Diomande ou Gonçalo Inácio, por exemplo, superam-no em rendimento, mas no balneário, no dia a dia. Neto pouca joga e em poucas ocasiões temos oportunidade para o ouvir, mas quando intervém marca uma posição. Cada palavra fica registada. Percebemos de imediato a sua importância. Fundamental para o clube, digo eu. Rúben Amorim, não fosse ele outro líder, não prescinde nem de um nem de outro. Pudera. São daqueles que fazem um grupo e são fundamentais para formar uma equipa.
Frederico Varandas, que, no seu jeito discreto, tem dado lições de liderança, também não acredito que prescinda de nenhum deles. Dentro ou fora do campo. É sobre aquele caráter e de outros idênticos que faz o clube maior. Até porque um dia destes vai ficar sem Rúben Amorim...