A BOLA DO DIA A epopeia de sete dias de Sérgio Conceição, preparada há meses

OPINIÃO07.01.202507:00

Treinador chegou ao Milan, viu e venceu em apenas uma semana, mas desde o verão que se preparava para este desafio. E fez os 'rossoneri' voltarem a acreditar, mas há muito para resolver

Sérgio Conceição esperou, esperou e conseguiu. O treinador português já tivera várias oportunidades de rumar a Itália enquanto treinava o FC Porto, mas foi sempre recusando as abordagens. Até que se viu sem clube, depois daquela renovação com Pinto da Costa a dias da eleição que o ex-presidente perdeu para Villas-Boas (que, naturalmente, não quis continuar com alguém que, por atos mais do que por palavras, prestara tamanha vassalagem ao seu antecessor).

Depois de sete anos no Dragão, com mais sucessos que insucessos, e estes últimos tiveram boas explicações, atendendo às dificuldades financeiras que o clube foi vivendo, não faltaram interessados em Sérgio Conceição. Que foi recusando vários convites, sempre com a convicção de que a porta em Itália, onde jogara durante cinco temporadas e meia (com a vantagem, por isso, de dominar a língua), na Lazio, no Parma e no Inter, se reabriria. Demorou uns meses, mas na última semana de 2024 lá surgiu o convite do Milan para substituir Paulo Fonseca.

Conceição está há uma semana nos rossoneri, mas na verdade já se preparava há uns meses para o desafio que foi encontrar. Mesmo assim, conseguir um troféu para o Milan, que nada vencia desde o verão de 2022 (quando Pioli levou a equipa à conquista do scudetto), em sete dias não deixa de ser assinalável.

Mas o mais impressionante foi a forma como o fez. Por duas vezes o Milan esteve a perder, contra Juventus e Inter (e contra o Inter por dois golos), por duas vezes, na segunda parte, foi ao fundo do baú encontrar forças para virar as partidas, ontem com preciosa ajuda de outro português, Rafael Leão, que voltou de lesão, entrou depois de Taremi fazer o 2-0 e esteve nos três golos rossoneri.

Conceição tem muito trabalho pela frente — a forma como o Milan concedeu tantas facilidades ao Inter, que os nerazzurri não souberam aproveitar, prenuncia que a equipa vai ter de ser magnífica a atacar para compensar os muitos golos que há de sofrer. Mas o primeiro passo está dado — o Milan, os jogadores, os adeptos, todos voltaram a acreditar.

Esta terça-feira, em Leiria, o ex-adjunto de Conceição, que precisou de ainda menos tempo para ganhar uma Supertaça (ao primeiro jogo), faz o terceiro clássico como treinador principal do FC Porto. Tem bem mais experiência que o adversário, Rui Borges, em estreia (embora já tenha ganho um dérbi). Um clássico com nova pele...