A devastação duma avalanche

OPINIÃO12.10.201804:00

O reinado de cinco anos e meio de Bruno de Carvalho no Sporting foi uma avalanche. De emoções, de palavras, de atos, de esperanças, de ilusões, de títulos (nas modalidades), de desilusões, de processos judiciais, de publicações nas redes sociais, de guerras, de - muitas vezes - vergonhas próprias e alheias. E esta avalanche que parecia arrastar, enrolado, o país para um sítio muito recôndito, só parou perante a imponência de uma Assembleia Geral destitutiva, quando os sócios decidiram que não queriam mais aquele caminho.

As avalanches são um fenómeno natural e, por norma, demora-se algum tempo até que se consiga descortinar toda a devastação causada. Transpondo para o Sporting, também se pode aplicar esta análise.  Agora, paulatinamente, o clube promete começar a reerguer-se. Todos os efeitos da avalanche-Bruno de Carvalho ainda estão por detetar. No entanto, já há muitos sinais de que, nessa torrente, também se foi a qualidade de excelência da formação.

O Sporting, durante muito tempo - retirando os últimos três anos -, quando não teve os mesmos recursos financeiros dos rivais, recorreu à formação para equilibrar o plantel. Muitas vezes, com sucesso. Apesar de não ganhar o Campeonato Nacional há 16 anos, de Alcochete brotaram talentos inquestionáveis - a base da Seleção campeã europeia foi made in Sporting.

 Agora, os sinais que chegam é que a fonte secou. É certo que há Jovane Cabral e Miguel Luís pode estar na calha, mas basta olhar para a classificação da equipa sub-23, com os leões em oitavo, para se perceber que a excelência não abunda. A isto pode-se juntar a descida de divisão da equipa B na época passada.  São só dois sinais, mas muito preocupantes. Sem os milhões da Champions, quase sem margem negocial e com pouca formação, o caminho pode ficar repleto de gelo. E gelo fino.