A cozinha do mercado
Operíodo de inscrições nas mais diversas ligas, vulgo mercado aberto, é a big thing do verão futebolístico. A utilização da palavra faz-me sempre lembrar um mercado, daqueles que pululam no país, mas antes de se tornarem espaços lúdicos, com comidas fashion ou gourmet. Daqueles com vendedoras à antiga, que anunciavam em pregão os seus produtos e de digladiavam com a vizinha do lado para conquistarem freguesia.
No Sporting, o melhor produto é, sem dúvida, Bruno Fernandes, que tarda em ser transferido. Marcel Keizer não se cansa de dizer que gostava muito que ele continuasse, mas além de o continuar a expor na banca e em lugar de destaque - no jogo com o Liverpool foram só 83 minutos - continua a utilizá-lo como se não houvesse amanhã. E há amanhã. E o amanhã do Sporting poderá muito bem não ter Bruno Fernandes. E os leões já vão com quase um mês de trabalho. Mas o amanhã do Sporting, em princípio, terá Tiago Ilori. Mas o mercado está aberto e Ilori não é produto gourmet. Longe disso.
Todos os produtos expostos podem sempre azedar. Foi o que aconteceu entre Sérgio Conceição e Danilo. É a vida. Os melhores cozinheiros, às vezes, até conseguem fazer com que o azedo pareça mel. Foi o que Francisco. J. Marques tentou fazer. Mas não deu. Limão com sal nunca dá doce, sai sempre amargo. Por melhor que seja o chef.
Bruno Lage continua a usar a mesma receita da época passada e mesmo com alguns produtos trocados, pelo menos da pré-época, os benfiquistas têm saído satisfeitos das refeições. Resta saber como será quando subir o nível de exigência dos comensais-adeptos, sabendo-se que chef Bruno não terá à disposição a lagosta Jonas e o caviar João Félix. Mas nem sempre se podem comer iguarias de luxo. Às vezes uma feijoada, desde que bem feita, satisfaz o povo. Qualquer que ele seja.