A campanha de Francisco Conceição
Tem sido o principal desequilibrador da equipa desde janeiro e tornou-se indiscutível
No meio do constante tumulto que tem sido a campanha para as eleições no FC Porto, a equipa de futebol regressa à competição, hoje, frente ao Estoril. Até ao fim da época, os azuis e brancos têm apenas duas missões: tentar subir do terceiro lugar (sendo o desejado título uma miragem, não é coisa pouca chegar ao segundo e ter oportunidade de disputar a próxima Liga dos Campeões) e tentar vencer a Taça de Portugal (porque não há «5-0 a uma equipa que nas duas últimas épocas gastou mais de 200 milhões em reforços» - para citar Pinto da Costa - que salve uma época sem troféus no FC Porto).
Desconhecemos, nesta altura, não só o resultado das eleições de 27 de abril, como o futuro de Sérgio Conceição (sete anos são muito tempo à frente de um clube tão exigente, sobretudo quando o treinador não tira o pé do acelerador nem a feijões). Esses dois fatores vão ser determinantes para o FC Porto de 2024/25, mas, por agora, há uma garantia dada: Francisco Conceição vai ficar. Quem o disse foi o presidente-candidato, que em altura de campanha-eleitoral-que-não-é-campanha atirou um «claro» à pergunta se o clube vai manter o jogador, pelo qual, recorde-se, tem de pagar uma cláusula de 10 milhões de euros, depois de o ter vendido por 5 milhões ao Ajax (mas não entremos por aqui, que de contas já se tem falado quanto baste).
Desportivamente, Francisco Conceição é, hoje, um dos maiores e melhores ativos do FC Porto. Valorizado pela chamada à Seleção A, o extremo portista sabe que a concorrência para o Euro é feroz, mas o seu perfil único, capaz de inventar soluções quando estas não se vislumbram, pode favorecê-lo.
Foi, curiosamente, também num Estoril-FC Porto que Francisco ganhou a titularidade de vez, tornando-se numa espécie de joker da equipa, mas sem precisar de sair do banco para fazer a diferença. Aos 21 anos, o 10 portista conseguiu juntar à capacidade de drible e à irreverência uma constância que o torna fiável para o onze, em qualquer palco.
As comparações com o pai-jogador que agora é pai-treinador são inevitáveis. Os olhos na bola estão lá, os pés atrevidos também, a raça corre-lhe nas veias. Produto das formações do Sporting e do FC Porto, o filho Conceição tem, porém, uma diferença geracional que lhe lima as palavras e os atos. Alguns dirão que agora os jovens têm de ser profissionais mais cedo, outros que nunca serão tão genuínos, ou talvez ambos.
Voltando atrás no tempo, reza a lenda que, no Parma, o treinador colocava 12 jogadores juntos como se fossem a equipa titular, para evitar que Sérgio Conceição ficasse logo chateado por não jogar. Agora, no FC Porto, Francisco passou meia época no banco e o que vimos a seguir tem sido só meia época de chatices para os adversários.
Certo é que, se 2023/24 ficar para a história do clube só por causa de umas eleições, pelo menos foi um prazer ver esta campanha de Francisco Conceição.
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