A cabeça bateu no interruptor

OPINIÃO30.11.201803:28

A frase de Luís Filipe Vieira para justificar a permanência de Rui Vitória à frente do Benfica contra a vontade da restante administração da SAD e da Direção arrisca-se a ficar nos anais, pelo menos, do ano. «Foi uma luz que me deu», disse o presidente dos encarnados. A primeira leitura que se faz é que foi uma decisão puramente intuitiva. Mas não será completamente assim.

Para acender a luz, Vieira bateu com a cabeça no interruptor, tendo em conta que o seu desejo-Jesus é muito difícil de concretizar, pelo menos até final do ano. Em primeiro lugar, muitos benfiquistas querem que Rui Vitória saia mas estes são tantos como os que não pretendem que Jesus regresse. Depois, há a questão financeira associada, porque é preciso pagar a indemnização ao Al-Hilal; teria de ser o Benfica a suportar as diferenças em termos de retenção de impostos da Arábia Saudita para Portugal e o contrato que Jorge Jesus quer, pois faz desconto em relação aos €7 M limpos que ganha no Médio Oriente mas também não abusemos.

Além disso, face à intransigência de Jesus, Bruno Lage teria de ser treinador interino durante sete jogos. E sete jogos para um interino é uma eternidade, pois se corresse bem ficaria uma sombra imensa; se corresse mal seria porque o líder não se despachou a trazer o técnico escolhido.

A finalizar, a questão política. Manter Rui Vitória é arriscado, mas fazer retornar Jesus é ainda mais arriscado e em caso de insucesso do técnico o plafond do cartão de crédito de Vieira rapidamente se esgotaria. Na vertente filosófica, Jesus também terá dito que será complicado o Benfica ganhar com este plantel, o que implicaria investimento, algo complicado neste momento, além de que Vieira coloca o enfoque na formação e Jesus vai com (muito) mais calma nesse capítulo.

No meio disto, Vitória está cada vez mais frágil. Tão frágil que pode cair só com a força de uns quantos assobios...