Opinião A belíssima Lju… Blj… Ana
Zahovic, cujo pé esquerdo parecia uma mão; Doncic, cujas mãos nasceram na bela Ljubljana; Pogacar, diabo com cara de anjo
O primeiro nome que me vem à cabeça quando penso na Eslovénia é a sua capital: Ljubljana. Dá vontade de ficar eternamente a soletrar sílaba a sílaba: Lju… Blj… Ana. Dificilmente encontraremos capital mundial cujo nome seja mais lindo e poético de partir aos bocadinhos: Lju… Blj… Ana. Depois, se juntarmos o facto de Ljubljana estar perto do mar Adriático e da região do Danúbio, quase ficamos a salivar. Addis Ababa, Abu Dhabi, Port-au-Prince ou Reiquiavique também são engraçados, mas nada como Lju… Blj… Ana.
Hoje é dia de Portugal-Eslovénia. Há Jan Oblak, o guarda-redes ex-Benfica, ex-UD Leiria e ex-Rio Ave; há Andraz Sporar, o avançado ex-Sporting; há Jasmin Kurtic, médio ex-nada que nos interesse, o mais internacional (92 jogos) dos 26 de Matjaz Kek; há Josip Ilicic, igualmente ex-nada que nos interesse, o melhor marcador (17 golos) dos convocados para este Euro-2024. Porém, meus caros, era o que faltava se este Portugal, o Portugal de Ronaldo, Pepe, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rúben Dias, Diogo Costa, João Cancelo e Vitinha, entre múltiplos outros, fosse eliminado pela Eslovénia. Entre Mundiais e Europeus, Portugal foi afastado das finais por Inglaterra (1966), França (1984, 2000 e 2006), República Checa (1996), Alemanha (2008), Espanha (2010 e 2012), Uruguai (2018), Bélgica (2020) e Marrocos (2022). Quase todos campeões continentais ou mundiais, tirando os checos de 1996 e os belgas de 2020. Cujos capitais são Praga e Bruxelas. Nada a ver, pois, com Lju… Blj… Ana.
A Eslovénia teve e tem grandes atletas. A começar, para mim, por Merlene Ottey, a velocista jamaico-eslovena que ganhou nove medalhas olímpicas, mas nenhuma de ouro. Segue-se o grande (enormíssimo, aliás) Zlatko Zahovic, ex-V.Guimarães, ex-FC Porto e ex-Benfica, entre mais cinco ex, que tinha um pé esquerdo que parecia uma mão, ainda hoje (e por mais um bom par de anos) melhor marcador de sempre (35 golos) do país que se tornou independente em 1991. Claro que depois há o basquetebolista Luka Doncic, o lançador de martelo Primoz Kozmus, o ciclista Primoz Roglic e o enormíssimo Tadej Pogacar, vencedor da Volta a França em 2020 e 2021, espécie de diabo com cara de anjo. Só um, porém, nasceu em Lju... Blj… Ana. Ottey? Hanover. Zahovic? Maribor. Roglic? Trbovlje. Pogacar? Komenda. Kozmus? Novo Mesto. O maior dos maiores de Lju… Blj… Ana é Doncic.
Porém, meu caro Luka, como diria Paulo Bento, basquetebol... mão, futebol... pé. E mesmo tendo nascido na belíssima e poética Lju… Blj… Ana, hoje não vai ser dia de Eslovénia. Vai ser dia de Portugal. Faltam duas semanas para a final de Berlim, a 14 de julho. Se não jogarmos com três centrais e todos estiverem a 100%, ficarão a faltar três jogos para que Ronaldo, Pepe, Danilo e talvez Patrício (se jogar) possam sagrar-se bicampeões.