A audácia lá compensou, Roberto!
Portugal festeja segundo golo, já marcado no período de compensação por Francisco Conceição, na estreia no Campeonato da Europa

Análise A audácia lá compensou, Roberto!

OPINIÃO18.06.202423:46

Roberto Martínez surpreendeu com posicionamentos de Nuno Mendes e João Cancelo; Portugal dominou por completa na primeira parte sem criar muito; Vitinha encheu o campo

Cancelo foi o twist no argumento escrito por Roberto Martínez para o jogo de estreia com os checos. O_selecionador nacional montou um ambicioso 3x3x1x3, embora nem sempre simétrico, dada a resistência que Dalot ainda teve para acompanhar à direita a profundidade dada por Rafael Leão do lado contrário, com o lateral do Barcelona a meter-se por dentro quando a equipa tinha a bola, o que era imitado por Bernardo Silva, metros à frente. Criava-se um losango à Van Gaal dos tempos do Ajax campeão europeu (1995), com Vitinha - exibição monumenal - como 6 ou primeiro organizador, Bernardo Silva a 10, Bruno Fernandes como interior direito e João Cancelo então como interior esquerdo.

Talvez se consiga ver aí também um decalque da Suíça na estreia diante da Hungria e dos papéis de Aebischer (falso lateral-esquerdo) e Ricardo Rodríguez (lateral adaptado a central da esquerda) nesse triunfo por 3-1.

A superioridade numérica (4x3)_sobre o meio-campo garantia o controlo absoluto da partida, no entanto, a rotação dos quatro elementos do miolo e a irreverência de Rafael Leão, não eram suficientes para furar o bloco baixo do conjunto de Ivan Hasek. Foram poucas as oportunidades claras e os números só não eram avassaladores no resultado ao intervalo: 72% de posse de bola, 46 ataques contra 7, 9 remates contra 1, 9 cantos perante zero. No entanto, o nulo persistia teimosamente.

No regresso dos vestiários, Martínez manteve ideia e jogadores, porém a equipa pareceu mais desligada, o que se traduziu em passividade a mais no controlo do espaço à entrada da sua área, com os médios demasiado perto dos defesas e muito longe da bola. Esse foco menor, que, aos 62 minutos, até nasceu de uma bola deixada perdida à direita por Dalot, resultou na falta de proteção para o tiro de Provod no 0-1 e em mais uma ou outra oportunidade para os checos.

A felicidade do empate, no autogolo de Hranác apenas sete minutos depois, garantiu aos portugueses continuar no rumo certo para a boa estreia, com o triunfo a chegar por dois convocados pouco consensuais e lançados em cima dos 90 minutos: Pedro Neto arrancou sobre a esquerda e Francisco Conceição aproveitou a sobra para atirar para o triunfo.

A ideia carece de legitimação com mais oportunidades e golos, mas o objetivo foi cumprido.

4x2x3x1 dominador

Ao fim da primeira jornada da fase de grupos, é notório que o esquema tático mais usado é o 4x2x3x1, o que não é alheio à ideia generalizada na maior parte das equipas de dominar as partidas com grandes percentagens de tempo de posse de bola. Dez em 24 seleções organizaram-se assim. No entanto, conjuntos como Alemanha, Itália e Países Baixos transfiguraram-se no momento da posse, adotando uma linha de 3 para a primeira fase de construção.

Linha de 3 bem na moda

Um terço das equipas, ou seja oito em 24, incluindo a portuguesa, alinhou no seu primeiro jogo na Alemanha com uma linha fixa com três centrais. O 3x5x2 tem levado a melhor sobre o 3x4x3, e assistiu-se ainda ao 5x2x3 húngaro e ao 4x5x1, que trouxe respetivamente felicidade à Roménia e infelicidade à Albânia, de acordo com os resultados conseguidos.

Foco na esquerda

Centrais-esquerdos como o neerlandês Nathan Aké ou falsos laterais do mesmo lado como o suíço  Aebischer têm sido os elementos disruptivos a nível tático nesta fase final. Ambos somaram golos e assistências em posicionamentos divergentes. 

34 golos para começar

A primeira jornada apresentou a média de 2,8 golos por jogo. O_grupo mais produtivo foi o A, da Alemanha, com 10 golos.