2024-2033
O Benfica tem de estar no centro da Europa. E terá renhida e dura oposição interna e precisa de ter fortes e sinceros aliados externos
Ontem o Sporting jogou frente ao Portimonense, hoje o Benfica joga em Faro e o Braga recebe o Tondela e, amanhã, o Futebol Clube do Porto defronta, no Funchal, um Marítimo em urgente busca de pontos. E assim, chegamos à derradeira semana deste mês de fevereiro em que Benfica e Braga, em situações bem diferentes, lutam pela permanência na Liga Europa e , quase no final, teremos um motivante Porto-Sporting. E, depois, logo no arranque de março teremos a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal e, antes de uma singular pausa para as seleções, a deslocação do Porto a Turim para um novo confronto com a Juventus e, desejo, uma presença benfiquista nos oitavos de final da Liga Europa. O calendário é apertado, exige audácia e vontade, implica disponibilidade e responsabilidade. E determina paixão e memória. Na verdade, mesmo num tempo excessivamente empresarial, é fundamental que cada profissional de um clube - um clube é sempre um clube antes de ser uma SAD! - conheça os momentos mais extraordinários - logo que fazem a história! - do clube cuja camisola envergam ou a cuja estrutura pertencem. E o cartão de sócio tem de ter real significado e não, apenas, para ser utilizado em fotografia para uma efémera oportunidade. Que não posteridade ! E, daí, a história oral ser bem determinante, nestes tempos em que alguns querem rasgar, num ápice, a nossa História. Aprendemos, com Miguel de Cervantes , no seu imortal Dom Quixote, que «a história é emula do tempo, repositório de fatos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro»! E para a construção do futuro não há que ter medo do passado. Nem no Padrão dos Descobrimentos nem do Infante Dom Henrique. Nem dos imensos títulos do Benfica nem de dizer, vezes sem conta, «manto sagrado»! Em suma há que não ter medo da história. Da nossa história coletiva nem das histórias das nossas comunidades. Nenhum medo. Eu que a única vez que fui sancionado na Universidade que honrosamente frequentei - tal como como honra fui aluno do Colégio Militar! - foi por não ter os livros do então líder chinês Mao Tse-tung da editora Vértice Vermelho! E um dos responsáveis por essa severa sanção anda por aí… a dar, quase que semanalmente, lições da sua democracia! Por mim, direi… sempre, que «vem de carrinho»…
Como aqui fui sugerindo há longas semanas há sinais de mudanças nas principais competições do futebol europeu. Como me adverte, com a sagacidade de uma vida intensa e a sabedoria de uma «vida bem vivida» o meu Amigo Joaquim Barbosa, «há mudanças que são progresso» e “há progressos que podem não ser mudanças». E o título deste artigo é bem sugestivo. Anunciam-se mudanças no formato da Liga dos Campeões e tais mudanças podem iniciar-se na época 2024 e prolongar-se até 2033! É uma outra, grande, revolução O número de jogos quase que duplica, o que não deixará de ter consequências nas Ligas nacionais. Os clubes participantes passam de 32 para 36 mas haverá níveis (4) em cada um dos quatro grupos de nove, terminando, assim, os oito grupos de quatro equipas a que estamos habituados. As quatro grandes ligas - e nós estamos em sexto lugar no ranking da UEFA nas próximas duas épocas, o que significa que garantimos, desde já, e em dois anos seguidos, dois clubes com entrada direta na atual fase de grupos - terão entre cinco a seis equipas a participar e os restantes sairão das ligas francesa, portuguesa, russa, holandesa, belga ou austríaca. Ou seja, das ligas que estão no top-10 do ranking da UEFA. Vamos ter um março quente em termos de discussão desta nova atrativa proposta. Mas as mudanças estão no ar. Se são progresso cá estaremos para a ponderação final. Sendo inequívoco que «as mudanças nunca ocorrem sem inconveniente, até mesmo do pior para o melhor»! De 2024 a 2033!
Nestas circunstâncias o Benfica, este Benfica, tem um acrescido desafio nos tempos próximos. Se quer estar - e só pode e deve estar! - nas mudanças que se anunciam não pode deixar de dizer ao balneário - o balneário e tudo o resto, incluindo finanças e marketing! - que há desígnios estratégicos que importa concretizar nesta época desportiva. E um deles, o principal, é tudo fazer para entrar de forma direta na próxima edição da Liga dos Campeões. Como na época subsequente tudo voltar a fazer para alcançar o seguro passaporte de concretizar, igualmente, a entrada direta na Liga dos Campeões. Os desígnios marcam a história das empresas, dos clubes, diria que das SAD´s. E, aqui, o «destino é simplesmente a forma acelerada do tempo». O Benfica, este Benfica, para além das legítimas ambições e das clivagens que se pressentem, tem de dizer a toda a sua estrutura - a toda mesmo! - que as mudanças na Europa do futebol exigem, implicam, a presença do Benfica no mapa do progresso! Sabemos que as urgências financeiras que a pandemia suscitou vão determinar novas realidades competitivas - e, logo, busca de mais receitas! - a curto prazo. Porventura o curto prazo - 2021 - anunciará novas competições em 2024. Ao mesmo tempo que a FIFA reformulará, aumentando acredito, o número de participantes dos Mundiais de Clubes. É que é útil, nestes momentos de poucas leituras, não esquecermos Voltaire quando nos adverte que «o desespero ganha muitas batalhas». Verdade indiscutível mas a grande questão é que o que importa é ganhar as guerras. E, aqui, o Benfica tem de estar no centro da Europa entre 2024 e 2033. E terá renhida, dura e perturbante oposição interna e precisa de ter fortes e sinceros aliados externos! É que a «guerra é mais fácil que fazer do que a paz»! É mesmo!