Miguel Oliveira: «Quero voltar a pisar o pódio»
Piloto português define principal objetivo para a época. Mas confirma que a seu Aprilia ainda tem muito a evoluir. Primeira parte da entrevista a A BOLA
Miguel Oliveira está em fase delicada da carreira no início do sexto ano no MotoGP, avassalado por sentimentos mistos de otimismo e de esperança, de dúvida e incerteza, agudizados pela iminência do seu Grande Prémio de Portugal, em que o piloto se dividirá entre o desejo de satisfazer os fãs do (e no) seu país e a moderação de expectativas que o estádio atual de competitividade da sua moto recomenda.
Depois de um primeiro ano aziago na equipa malaia satélite da Aprilia, RNF Racing, muito marcado por quedas e lesões que o afastaram de quatro de 20 corridas e ainda sete desistências por aqueles e outros motivos (avarias), Miguel Oliveira assegura que está 100% restabelecido física e psicologicamente para enfrentar o desafio numa estrutura renovada, a norte-americana Trackhouse Racing, também como a RNF satélite do mesmo construtor italiano, mas proporcionando-lhe melhores condições para atingir os objetivos – entenda-se, uma moto e apoio técnico e direção desportiva superiores. Otimismo e esperança, pois.
No entanto, os testes do pré-temporada e o 15.º lugar na corrida principal do GP Qatar, a prova de abertura da temporada, foram consonantes nas (in)certezas que afetam o piloto, de 29 anos, sobre a necessidade de desenvolvimento substancial da moto. E que se acentuam por estar a semana de correr perante os seus indefetíveis fãs, em Portimão (22-24).
«As coisas dependem sempre da conjuntura da temporada, dos nossos adversários, de muitas coisas que fogem ao nosso controlo, mas este ano gostaria de voltar a pisar o pódio e voltar a disputar vitórias. Esses são os meus objetivos para 2024», esclarece desde logo Miguel Oliveira à primeira pergunta em entrevista a A BOLA.
Os meios, técnicos e humanos, diz que dispõe na nova equipa, propriedade do antigo piloto de NASCAR Justin Marks, justificam-lhe o otimismo. «Dá-me impressão de que a mota tem ainda muito potencial por explorar. A nível de equipa, temos proprietários novos que estão empenhados em dar-nos nas melhores ferramentas possíveis, não só a nível de material, mas também de staff para dispormos de tudo o que requeremos, e isso agrada a qualquer um. Podermos ter, digamos, essa liberdade para exigir, pedir, o que nos faz falta».
Satisfação que não elimina a previdência que está sempre presente no discurso do português. «Ainda é um bocadinho cedo o efeito que essa gestão irá afetar esta temporada. A primeira corrida já aconteceu [GP do Catar], o resultado foi pior o que nós demonstrámos e somos capazes. Começámos todos [os pilotos] os mesmos pontos, zero, mas digamos que comecei com menos um, porque tive de fazer uma long lap [penalidade que consiste na passagem, no decurso de uma volta, por um setor adicional da pista, e que se deveu a Miguel Oliveira ter sido considerado responsável no acidente, no mesmo GP, em 2023, que originou quedas de Aleix Espargaró e Enea Bastianini], que fez-me perder alguns segundos, mas o mais importante, a posição na pista. Agora, é deixar a época continuar e irmos vendo o que teremos de continuar a limar».
Continua...