As histórias por trás dos números dos pilotos de F1
O que dizem sobre o piloto o(s) algarismo(s) que identifica(m) o seu carro. Porque é que Verstappen abdicou do #33 após sagrar-se campeão? E Hamilton nunca prescindiu do #44?
Desde 2014, os pilotos de Fórmula 1 escolhem um número para identificá-los e os seus carros, que usam durante toda a carreira na disciplina e só podem mudá-lo se se sagrarem campeão mundial, permitindo-lhes ostentarem o exclusivo #1 no ano seguinte, durante o qual defenderão o título. A medida decretada então pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) pretende promover o reconhecimento dos pilotos pelo público, associando-os ao seu número, que devido ao carácter vitalício do vínculo escolhem-no pelos mais diversos critérios pessoais.
Em 2024, Max Verstappen usará o número 1 pela terceira temporada consecutiva, sucedendo a Sebastian Vettel, o último a tê-lo, em 2014. Até 2021, os campeões, Lewis Hamilton, que nesse hiato somou seis títulos ao conquistado em 2008, manteve o #44, e Nico Rosberg, que não defendeu o cetro conquistado em 2016, nenhum carro de Fórmula 1 exibiu o número que desde sempre foi o mais desejado.
«Enquanto for campeão mundial usarei o #1, são oportunidades que irão esgotar-se. Logo deixar de sê-lo, regressarei ao meu #33», afirmou Verstappen, mantendo a opção pioneira de 2021. Desde que se estreou na F1, em 2015 - na Toro Rosso até meados da temporada e depois na Red Bull após substituir o russo Daniil Kvyat -, até se consagrar em 2020, o neerlandês foi o #33 e explicou a história por trás da decisão. «O três é o meu número da sorte e queria usá-lo, mas era o de Daniel Ricciardo [na Red Bull e depois na Renault], e escolhi o #33, porque já o tinha utilizado nos tempos dos karts e porque pensei que me daria o dobro da sorte».
O número utilizado por qualquer piloto que sai da F1 não pode ser usado nas duas temporadas seguintes, que o pode recuperar em caso de regresso dentro do referido prazo. Foi o caso de Fernando Alonso, que após dois anos de ausência retomou o #14 em 2021.
A seguir ficam os restantes pilotos da grelha em 2024, os seus números e os motivos por trás da escolha:
Logan Sargeant #2
O norte-americano estreou-se em 2023 na Williams. «Na Fórmula Renault fui o número 2 tive uma boa temporada. O meu preferido é o #3, mas já está ocupado [por Ricciardo] e decidir por um número que já me tinha dado vitórias».
Daniel Ricciardo #3
Pelos vistos, muito cobiçado, o #3 é do australiano da AlphaTauri desde que se estreou na Red Bull em 2014, proveniente da Toro Rosso, onde foi… #19. O número 3 remota aos tempos dos karts. «Sou um grande fã de Dale Earnhardt, que venceu vários títulos da NASCAR antes da sua morte nas 500 Milhas de Daytona em 2001. Era o seu número e nem precisei de pensar duas vezes quando tive de decidir qual é que usaria para sempre na F1».
Lando Norris #4
«A história é que não há história… Combina bem com a hashtag #L4ndo, mas não é um número que usei em todas as categorias», explica o britânico da McLaren, que por ser fã do antigo piloto italiano de MotoGP Valentino Rossi considerou o #46 de Il Dottore, mas não avançou por não quer ser «imitador».
Pierre Gasly #10.
A escolha do 10 por esta francês da Alpine deve-se a ter sido o seu quando competiu na Fórmula Renault 2.0 Eurocup, em 2013, e por ser fã do compatriota ex-futebolista e treinador Zinedine Zidane, que era o dono da camisola 10 na seleção nacional.
Sergio Pérez #11.
O motivo não está no automobilismo, mas no futebol. O mexicano da Red Bull é adepto fervoroso do Club América e principalmente do antigo jogador chileno Ivan Zamorano, que foi craque daquela equipa entre 2001 e 2003 (uso o número 11 na camisola apenas na primeira temporada, passando para o 9). «Gostava muito de ver jogar ‘El Bam-Bam’ [como Zamorano era alcunhado pelos chilenos], de como marcava golos. Fiquei seu fã e decidi correr com o número 11, até hoje. Até o meu endereço de e-mail tem o 11!».
Fernando Alonso #14
Em 14 de julho de 1999, aos 14 anos, o piloto espanhol sagrou-se campeão mundial de kart com o número 14. «A partir daquele momento sabia que o #14 seria, para sempre, o meu número», disse o bicampeão mundial de F1, atualmente na Aston Martin.
Charles Leclerc #16
O piloto monegasco da Ferrari nasceu em 16 de outubro de 1997. A sua preferência era pelo #7, - «o meu número da sorte» - mas já tinha sido escolhido por Kimi Raikkonen. Em alternativa, ponderou o #10, mas esse era o de Pierre Gasly. Depois de fazer «uma equação simples» decidiu-se pelo #16, «porque 1 mais 6 são 7».
Lance Stroll #18
Nos primeiros dias da carreira, o canadiano da Aston Martin venceu o campeonato italiano de Fórmula 4 com o número 18. Além disso, logo após o seu 18.º aniversário fez a sua estreia na F1 com a Williams. «É um pouco supersticioso, admito, mas gosto de apegar-me a pequenas coisas que são importantes para mim».
Kevin Magnussen #20
É o número com que o dinamarquês da Haas conquistou o título na Fórmula Renault 3.5 em 2013, um ano antes da sua estreia na F1 com a McLaren.
Alexander Albon #23
Como o amigo Lando Norris, o tailandês da Williams é grande fã de Valentino Rossi. Nos seus tempos de kart, Albon correu com o #46, mas quando teve de decidir na estreia na Fórmula 1 optou pela… metade.
Zhou Guanyu #24
Foi o número usado pela última vez, em 2012, por Timo Glock, e também faz homenagem do piloto chinês da renomeada equipa Stake (ex-Alfa Romeo) à lenda da NBA Kobe Bryant, de quem é fã. O malogrado basquetebolista norte-americano imortalizou-se com a camisola #24 dos Lakers.
Nico Hulkenberg #27
É um número icónico na F1, foi o do canadiano Gilles Villeneuve, e de Ayrton Senna (1991) ou Jean Alesi. Mas a razão do alemão da Haas refere-se tão-só aos números do dia e do mês da sua data de nascimento: 19 de agosto (mês 8).
Esteban Ocon #31
O segundo piloto francês da Alpine conquistou seu primeiro título no kart com esse número em 2007, que considera um dos melhores da sua carreira. Ocon também fez a estreia em testes de F1 em outubro de 2014, pela Lotus, com o #31.
Yuki Tsunoda #22.
O piloto japonês da AlphaTauri teve o #11 nos seus primeiros dias no kart e quis levá-lo para a F1, mas já estava ocupado por Sergio Pérez. Tsunoda, simplesmente, duplicou-o.
Lewis Hamilton #44
O britânico fez a sua primeira corrida de kart com esse número, por constar na matrícula do carro do seu pai, mantendo-o na F1 com o sucesso que se conhece, ao ponto de não abdicar dele pelo #1 a que teria direito após qualquer dos seus sete títulos mundiais. «Nunca o fiz, nunca o farei, por homenagem ao percurso que me levou a ser campeão», justificou o heptacampeão mundial.
Carlos Sainz #55
«O S do meu primeiro nome é como um 5, assim como o S do meu apelido, o que dá o número 55», explica o espanhol da Ferrari, de quem o #5 é também o número favorito, mas já era usado por Sebastian Vettel.
George Russell #63
«O meu irmão costumava andar de kart com o #63, que assim tornou-se o número da nossa família», disse o britânico. Com alguma criatividade, o #63 também pode ser lido como GR, que são as iniciais do piloto da Mercedes. Há também quem o veja como GB, abreviatura do seu país, a Grã-Bretanha. Russell não confirma…
Valtteri Bottas #77
O finlandês, como vários outros pilotos, queria #sete, por ser o seu número da sorte. Porém, já era o do seu compatriota Kimi Raikkonen. O piloto da nova Stake escolheu o número #77, que habilmente aplicou à marca pessoal através do logotipo ‘Bo77as’.
Oscar Piastri #81
O australiano da McLaren começou com o #11 nos karts no seu país, mas mudou para #81 porque ao evoluir nos escalões da disciplina foi bloqueado por um adversário, que já tinha o #11. Quando começou a competir na Europa usou vários números, mas voltou ao #81 na F4 britânica e na Fórmula Renault Northern European Cup.
#17 de Jules Bianchi
Os pilotos de F1 não podem optar por usar o número #17, que era do malogrado francês Jules Bianchi, que faleceu na sequência de um acidente no GP do Japão, em 2014. Em sua homenagem, a F1 decidiu retirar esse número.