Portugal com três ensaios para recordar na África do Sul
Bicampeã mundial vence Portugal por 64-21. Dez ensaios sul-africanos apesar de expulsão madrugadora que deixou a equipa da casa com menos um. Paiva dos Santos e José Madeira marcam ensaios lusos.
Uma mais que esperada vitória da África do Sul frente a Portugal, por 64-21, foi o desfecho que fica na história do râguebi português, num jogo, também ele histórico, que opôs, pela primeira vez, a Seleção Nacional à congénere sul-africana, bicampeã mundial em título.
No encontro que encerrou a janela internacional de julho, José Paiva dos Santos não esquecerá esta partida entre duas nações separadas por 14 lugares no ranking mundial. Imortaliza o nome na galeria do râguebi luso como o marcador de dois ensaios (10’ e 60’) dos lobos (15.º da hierarquia da World Rugby) diante do 1.º do ranking. José Madeira (75’) faria o terceiro toque de meta português e coloca igualmente a mão no passeio da fama.
Joris Moura (2) e Domingos Cabral (4), este último por duas vezes, ficariam com os créditos dos pontos do pontapé de conversão, numa partida em que Simão Bento e Paiva dos Santos sobressaíram entre os comandados de Simon Mannix.
O jogador do Belenenses, rendeu o lesionado José Lima, inaugurou o marcador aos 10 minutos num ensaio box-to-box, período em que a seleção nacional jogava em vantagem numérica por amarelo (2’) a Andre Esterhuizen por placagem alta na cabeça ao vice-capitão português que saiu de maca e não regressaria ao campo.
O madrugador cartão saído da análise do TMO seria pintado de vermelho após revisão no bunker e obrigou os springboks a disputarem 78 minutos com menos um jogador, desvantagem que não se notou.
MARCADORES
África do Sul 64 (29) – Ensaios: Jan-Hendrik Wessels (13’), Phepsi Buthelezi (18’), Kurt-Lee Arendse (23’), Ben-Jason Dixon (24’), Lukhanyo Am (35’), Makazole Mapimpi (48’, 57’ e 80’), Quan Horn (63’), Andre-Hugo Venter (68’). Conversão: Manie Libbok (24’ e 35’), Sacha Feinberg-Mngomezulu (49’, 58’, 64’, 69’ e 80+1’).
Portugal 21 (7) – Ensaios: Jose Paiva dos Santos (10’ e 60’) e José Madeira (75’). Conversão: Joris Moura (11’), Domingo Cabral (61’+76’).
A dureza – que o diga o lesionado Vasco Batista, rendido pelo mais novo dos lobos, André Cunha, de 19 anos – e a indisciplina sul-africana levou os campeões do mundo a jogarem temporariamente, em dois momentos, com menos dois elementos por amarelo a Kurt-Lee Arendse (35’) e Quan Horn (75’).
Em Bloemfontein, num lotado Toyota Stadium, 42.626 espectadores, na estreia de uma árbitra a dirigir a África do Sul, a escocesa Hollie Davidson, mesmo em inferioridade numérica, a seleção da casa não se coibiu de marcar 10 ensaios, 5 em cada parte.
Destaque para o hat-trick do ponta Makazole Mapimpi, que encerrou a contagem do marcador e três das sete novas caras apresentadas por Rassie Erasmus, selecionador dos bocks, que colaram os nomes na lista dos marcadores de ensaios: Jan-Hendrik Wessels Quan Horn, Andre-Hugo Venter. Se Manie Libbok (2), falhou três pontapés de conversão, Sacha Feinberg-Mngomezulu (5), seu substituto, esteve de mira certeira.
Portugal termina a digressão africana com uma vitória frente a Namíbia (22-37) e uma derrota na inédita partida diante do campeão mundial África do Sul.
«Um sucesso», diz presidente da federação
Um balanço «muito positivo», considerou Carlos Amado da Silva, presidente da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) após os dois confrontos com as duas seleções africanas e, em especial com a África do Sul, no encerramento da digressão.
«Um sucesso», reforçou. «A nível desportivo, social e de reconhecimento internacional por parte dos responsáveis sul-africanos e da World Rugby», confessou a A BOLA. Apesar do resultado frente à África do Sul não ter sido favorável, «nem o desejado» pela equipa, «ter um estádio lotado 15 dias antes da partida e marcar três ensaios ao campeão do mundo não é para todos», exclamou o líder federativo.