No Centro de Medicina de Reabilitação Rovisco Pais, os utentes têm no desporto uma terapia
Nenhuma das sete modalidades promovidas nas celebrações do dia Paralímpico é uma novidade para os utentes do Centro Rovisco Pais. Todas elas já tiveram espaço, num local onde o desporto é utilizado como terapia. Além de ser um centro de reabilitação médica com uma equipa federada de andebol em cadeira de rodas, utiliza modalidades como boccia, ténis de mesa, ciclismo, badminton e atletismo como formas de reabilitação.
Diego e Gabriela ficaram paraplégicos. O desporto devolveu a liberdade a um e deu coragem a outro, depois de ambos terem conhecido uma nova possibilidade no Centro de Reabilitação de Rovisco Pais
«O desporto aqui é considerado um ato terapêutico. Mediante prescrição médica, trabalhamos a condição física dos utentes em programa de reabilitação médica, através do desporto», explica Joana Pires, técnica superior de desporto adaptado, que trabalha há 14 anos Centro Rovisco Pais, notando as duas vertentes existentes: desporto adaptado terapêutico; e a vertente competitiva, com a equipa de andebol em cadeira de rodas.
A responsável admite que nem todos os utentes encaram o desporto adaptado como solução para os seus problemas, e que é normal que a fisioterapia seja vista «como a solução preferencial para a reabilitação. O desporto muitas vezes é um complemento mais divertido. É uma reabilitação mais lúdica e com outro tipo de interação», descreve.
«Por norma, o primeiro contacto dos utentes com o desporto adaptado é feito no centro. Porque são pessoas que sofrem lesões inesperadas», refere ainda, enaltecendo a importância do exemplo neste meio. «Tentamos sempre juntar utentes que já tenham essa experiência com os atletas que vão experimentar. Para desmontar aquele tabu do “nunca mais vou conseguir fazer nada” e dar dicas sobre como dar continuidade a uma vida pós-lesão», acrescenta.
«O desporto desafia-os todos os dias»
Bruno Salgueiro, outro dos responsáveis pelo desporto adaptado no centro e treinador da equipa de andebol, reforça a mesma ideia de como o desporto pode indicar novos caminhos a quem se sente sem rumo.
«As pessoas reagem de maneiras muito diferentes. E aqui ajudamo-las a perceberem que mesmo com lesões medulares, há a possibilidade de manter a prática desportiva. O nosso papel é mostrar-lhes que há outras pessoas que já passaram situações semelhantes e não baixaram os braços. E que não estão sozinhos nesta caminhada», diz.
O técnico que há 14 anos utiliza o desporto como meio de reabilitação defende ainda a mais-valia que as atividades físicas menos conservadoras podem trazer.
«O desporto desafia-os todos os dias. Porque está constantemente a dar-lhes estímulos diferentes. Além disso, dá-lhes outro tipo de socialização. Ajuda a ganhar confiança, também porque depois partilham a forma como resolvem um ou outro problema que lhes surge no dia a dia», resume.