PARTE 3 - Maior figura da vitória dos tricampeões contra o Sporting há uma semana, o extremo das águias é ainda 'youtuber', tem uma mão como o Homem de Ferro e quer que as tatuagens na perna direita lhe dêem recordações dos países onde jogou e o que alcançou. Também filma tudo para que os filhos venham a saber que foi um bom basquetebolista. Sonha em jogar na ACB, se possível no Real Madrid, e hoje defronta (18h00) a última equipa, V. Guimarães, que os derrotou na Liga Betclic há quase um ano.
— É a sua sexta temporada na Europa. Jogou na Sérvia, Alemanha, Polónia e agora em Portugal, pela segunda época. O basquete é muito diferente em cada país?
— Sim, acho do que gosto no basquetebol é que é uma forma representativa da vida. E isso é interessante, pois, em muitos países, ele adquire a personalidade daquela cultura. Por exemplo, o basquete alemão é muito mais estruturado, um pouco mais disciplinado, muito baseado em rotinas. Se a defesa faz isto, responde-se desta forma. Todos precisam de ver isso e fazê-lo ao mesmo tempo. Na Alemanha também têm regras rigorosas. Faz-se desta forma e daquela e é o que se tem de cumprir.
Enquanto em Portugal é livremente fluido. Um pouco mais emocional e criativo. Ver e reagir. Sinto-o também a nível dos treinadores, querem ver os jogadores expressarem emoções. É um estilo completamente diferente. Menos estrutura, menos jogadas planeadas. Mais um contra um, desconstruir as jogadas. Quando estive na Sérvia era uma cultura de trabalho. Treina-se entre quatro a seis horas, todos os dias, não lhes interessa como está o teu corpo. Todos têm de passar por coisas difíceis porque todos passaram por coisas difíceis. Por isso, é melhor que o faças. Pessoalmente, ter jogado na Sérvia no início da carreira foi a melhor decisão que podia ter tomado. Levou-me onde estou hoje.
Aconteceu quando vim para Portugal. Lembro-me do primeiro dia de treinos. Cheguei hora e meia antes, porque, na Alemanha, esperam que a pessoa esteja cedo e tenha a sua rotina totalmente cumprida à hora de começar o treino. Cá, é muito diferente.
PARTE 1 - Maior figura da vitória dos tricampeões contra o Sporting há uma semana, o extremo das águias é ainda 'youtuber', tem uma mão como o Homem de Ferro e quer que as tatuagens na perna direita lhe dêem recordações dos países onde jogou e o que alcançou. Também filma tudo para que os filhos venham a saber que foi um bom basquetebolista. Sonha em jogar na ACB, se possível no Real Madrid, e hoje defronta (18h00) a última equipa, V. Guimarães, que os derrotou na Liga Betclic há quase um ano.
— E a vida dos americanos na Europa muda muito de país para país?
— Também é verdade. As culturas são muito diferentes e é preciso tempo para percebê-las. Inintencionalmente traz-se as aprendizagens do país anterior, assumindo que, no próximo, será o mesmo. Aconteceu quando vim para Portugal. Lembro-me do primeiro dia de treinos. Cheguei hora e meia antes, porque, na Alemanha, esperam que a pessoa esteja cedo e tenha a sua rotina totalmente cumprida à hora de começar o treino.
Cá, é muito diferente. Entendem e são flexíveis se algo aconteceu à tua família ou se havia trânsito. Claro que não querem que nos atrasemos, mas não é tão assustador como ir ter problemas e ter o salário penalizado. É mais compreensivo, permite-nos ser humanos. Recordo-me do meu primeiro dia. Estava à espera há uma hora e meia, e dizia: onde é que está toda gente? Então, todos começam a chegar 10/15 minutos antes. Foi um bom dia, mas é muito engraçado.
Quando vou, com a minha mulher, a casa de um dos meus melhores amigos, a mãe dele cozinha de todas as maneiras bacalhau, mas ainda não encontrei um que me agradasse. E já lá vai ano e meio.
— E a que é que ainda não se adaptou em Portugal?
— Essa é uma boa pergunta. A que é que ainda não me adaptei?... Bem, ainda estou meio dividido com a comida portuguesa. Algumas das comidas, como o bacalhau. Quando vou, com a minha mulher, a casa de um dos meus melhores amigos, a mãe dele cozinha de todas as maneiras bacalhau, mas ainda não encontrei um que me agradasse. E já lá vai ano e meio. O treinador diz sempre que há um milhão de maneiras de cozinhar bacalhau e nenhuma é a correta. Não tinha encontrado nenhuma até à véspera deste Ano Novo. Estava com a mesma família e era bacalhau com creme de leite... Não, não era creme de leite, era tipo cremoso…
— Com natas? Bacalhau com natas…
— Sim! Foi o melhor que já provei. Se calhar já me estou a adaptar, mas o outro bacalhau, para mim, é demasiado pastilha e salgado. Prefiro comer salmão ou algo do género.
Agora acordo todos os dias e sinto-me muito mais feliz. Eu e a minha mulher. O sol está sempre a brilhar, as pessoas são simpáticas…
— E ao que é que foi fácil adaptar-se?
— Na verdade, no início foi difícil porque vinha da Alemanha. A minha personalidade não é rígida, mas, durante um algum tempo, fui treinado como um soldado. Por isso, estava muito tenso e foi difícil adaptar-me. Mas foi a melhor coisa, sabe. Agora acordo todos os dias e sinto-me muito mais feliz. Eu e a minha mulher. O sol está sempre a brilhar, as pessoas são simpáticas…
Queria ter algo de todos os países onde joguei, que me faça recordá-los. A ideia começou desta forma. Desejo que, quando terminar a carreira, as minhas pernas representem todas as coisas que fiz no basquetebol e até onde as pernas me levaram.
PARTE 2 - Maior figura da vitória dos tricampeões contra o Sporting há uma semana, o extremo das águias é ainda 'youtuber', tem uma mão como o Homem de Ferro e quer que as tatuagens na perna direita lhe dêem recordações dos países onde jogou e o que alcançou. Também filma tudo para que os filhos venham a saber que foi um bom basquetebolista. Sonha em jogar na ACB, se possível no Real Madrid, e hoje defronta (18h00) a última equipa, V. Guimarães, que os derrotou na Liga Betclic há quase um ano.
— Tem muitas tatuagens. É impossível não se ver quando está a jogar. Mas é tudo nas pernas. Não as tem nos braços, peito ou nas costas. Normalmente, é aí que os jogadores de basquetebol têm mais tatuagens. Porquê nas pernas?
— Outra boa pergunta. Sinceramente, fiz a minha primeira tatuagem na coxa [direita], na Sérvia. Foi logo depois de me ter lesionado. Era uma tatuagem em honra do meu avô e do meu pai porque sou o Thomas Drechsel III. Queria um número três romano, mas não fazia muito sentido. Ia parecer um selo na perna. Por isso, acabei por escolher a Acrópole grega. Sou grande fã da história grega e da arte grega e tem uma espécie do numeral III romano. Foi assim que comecei pelas pernas.
Depois, como sou uma pessoa que quando começa uma coisa, tenho de a acabar, quando olho para a minha tatuagem só vejo o espaço ainda em aberto, não a tatuagem. Assim, queria ter algo de todos os países onde joguei, que me faça recordá-los. A ideia começou desta forma. Desejo que, quando terminar a carreira, as minhas pernas representem todas as coisas que fiz no basquetebol e até onde as pernas me levaram.
Mas, em termos de tatuagens na parte superior do corpo, sou muito mau com agulhas, mais ainda com as médicas. As de tatuagem não são muito más e penso que não seria muito difícil, no entanto, a minha mulher também não quer o meu corpo todo tatuado, da cabeça aos pés. Por isso vou com calma e, eventualmente, irei à parte superior do corpo. Mas antes terminarei a parte inferior.
. Não suporto tatuagens que parecem terem sido planeadas com anos de antecedência. Não funciono assim. Funciono como se fluísse das experiências e de todas as diferentes mudanças. Por isso, se tivesse planeado esta perna, ia parecer estranho. Esta é uma obra de arte.
— E porquê um design tão diferente de uma perna para a outra?
— Então, este lado [direito] será sempre artístico e realista. Não suporto tatuagens que parecem terem sido planeadas com anos de antecedência. Não funciono assim. Funciono como se fluísse das experiências e de todas as diferentes mudanças. Por isso, se tivesse planeado esta perna, ia parecer estranho. Esta é uma obra de arte. Já estes [na esquerda] ou são homenagens a membros da família ou à minha infância. Cada um dos desenhos deste lado tem alguma relação ou faz-me lembrar alguém da minha infância ou da minha família. Há uma diferença e continuará a ser até ao fim.
— Porquê a camisola com número 9 ?
— Tem piada, porque fui o número 5 durante toda a vida. Foi sempre esse o meu número. Passou do 8 para 5 na faculdade. E a maior parte do início da carreira também foi 5. Só que, quando cheguei ao Benfica, tinham acabado de retirar o 5 [em memória de Henrique Vieira]. Não tinha essa opção. Só que a minha irmã foi jogadora profissional de voleibol e, durante algum tempo, na faculdade, jogou com o 5 por mim. Depois voltou a usar o 9. Então pensei: ‘Vou ser o número 9 por ela’. E assim foi, é pela minha irmã.
— Sabe que o Michael Jordan foi o número 9 nos Jogos Olímpicos, tanto em Los Angeles 1984, como em Barcelona 1992?
— Agora já sei. Ok, o número 9... Está perfeito!
A forma como o Damian Lillard fazia as coisas inspirou-me para ser igual como profissional e sólido em tudo o que se faço.
— E qual era o seu jogador preferido da NBA enquanto estava a crescer?
— A resposta fácil seria LeBron [James], mas, mesmo enquanto crescia, era um grande fã do Ray Allen por causa dos Supersonics, que são de Seattle [Trey nasceu em Woodinville, a 32 km da cidade]. O Ray Allen era uma espécie de o maior em Seattle. Era muito, muito divertido. O Luke Ridnour [atuou 12 épocas na NBA] era do norte [do estado de Washington], onde andei na faculdade. Tem muitas ligações locais. Mas o LeBron foi de certeza. Depois, no liceu, já um pouco mais velho, foi o Damian Lillard. Os Sonics tinham-se ido embora de Seattle, por isso tornámo-nos fãs dos [Portland] Trail Blazers. A forma como o Damian Lillard fazia as coisas inspirou-me para ser igual como profissional e sólido em tudo o que se faço.
— E hoje em dia, que jogador aprecia?
— Hoje em dia não sei. É um bocado diferente. Gosto de certos estilos, mas já não sou tanto como um fã. Agora admiro certas coisas que certos jogadores fazem: como o Luka Doncic domina o pick and rol; o LeBron cuida do seu corpo; o ritmo de jogo do Paul George; como o Steph Curry sai dos bloqueios ecrãs com tanto condicionamento... É como se pudesse tirar algo de cada um. Do género: ‘Ok, estou a ver o que ele está a fazer. Como é que posso aplicar isso ao meu próprio jogo?’
Se falarmos com o meu tio e a minha tia, eles são enorme fãs dos Sonics. Creio até que a minha tia recebeu uma camisola do Kevin Durant este Natal, ou no do ano passado. Por isso, é preciso trazer os Sonics de volta, de certeza!
Benfica segue imbatívle na Liga Betclic desde janeiro de 2024, no campeonato da época passada. São 27 vitórias consecutivas. Mas na Luz a sequência é ainda maior. O último desaire em casa aconteceu em outubro de... 2023.
— A NBA tem falado de um novo alargamento da Liga, pelo menos para mais duas equipas. Seattle tem de ser uma dessas cidades?
— Tem de ser! Nesta altura, há literalmente páginas de Instagram e a vida inteira das pessoas dedicada em trazer de volta os Sonics. São um elemento fundamental da cultura de Seattle. Uma equipa icónica, verde e amarela. Nenhuma outra será como aquela. Se falarmos com o meu tio e a minha tia, eles são enorme fãs dos Sonics. Creio até que a minha tia recebeu uma camisola do Kevin Durant este Natal, ou no do ano passado. Por isso, é preciso trazer os Sonics de volta, de certeza!
— Uma última pergunta sobre algo do seu último episódio no YouTube. Qual deles prefere: pão de deus ou empada de frango?
— Oh, para mim, pão de deus é o melhor. Acho que comi uns quatro há três noites. Olhei para o espelho e disse: ‘Meu, estou a ficar um pouco gordo?. Isto porque come-se um pão de deus e depois comem-se dois. Comem-se dois e depois são três… De certeza, é o meu preferido.
Benfica ganha o primeiro dérbi lisboeta da temporada com pesada vitória sobre o Sporting por 81-64 à 10.ª jornada da Liga Betclic. Desfecho que mantém o conjunto de Norberto Alves imbatível há 27(!) jogos consecutivos para o campeonato, contando com a época passada e o 'play-off'.