José Lima brinca a propósito do África do Sul-Portugal: «Eles que se cuidem»
José Lima, vice-capitão da Seleção Nacional de râguebi. FOTO: D. R.

José Lima brinca a propósito do África do Sul-Portugal: «Eles que se cuidem»

RÂGUEBI19.07.202407:15

Jogo com África do Sul recorda o Mundial. Semana especial para jogadores e para o râguebi nacional, diz José Lima

Portugal defronta, pela primeira vez na história, a seleção de râguebi da África do Sul, atual campeã mundial e com mais três títulos no palmarés.

«É uma grande oportunidade para todos os jogadores que estão na digressão e para o râguebi português, é uma semana muito especial em que temos a possibilidade de jogar contra uma seleção deste nível, ainda para mais a atual campeã do Mundo», confessou José Lima, vice-capitão da seleção nacional, em conversa telefónica com A BOLA, a partir de Bloemfontein, África do Sul.

A histórica partida de amanhã está a ser vivida de forma intensa pelos jogadores às ordens do selecionador Simon Mannix, admite o internacional português que esta época regressou a Portugal depois de mais de uma década como jogador profissional em França.

«Muito entusiasmo, muita intensidade nos treinos, estamos com muita vontade que chegue sábado e possamos defrontar os melhores do Mundo», reforçou José Lima, 32 anos, um dos Lobos mais internacionais (cumprirá a 61.ª internacionalização) e um dos jogadores que esteve no Campeonato do Mundo de râguebi.

Para José Lima, o Mundial França 2023 persiste ainda na memória. «Será um jogo de uma tal importância que se pode comparar ao Campeonato do Mundo. Teremos sensações semelhantes àquelas que vivemos em França», comparou.

«A grande vantagem é que o resultado, entre aspas, não terá influência, porque é apenas um jogo e não estaremos a lutar pelos pontos, não existe qualificação para uma próxima fase. Mas iremos jogar como se fosse um jogo de Campeonato do Mundo», reforçou o centro da Agronomia.

Ataque e defesa solidária

Após a vitória diante da seleção namibiana (37-22), em Windhoek, os Lobos mudaram de país, mas não de metodologia para defrontar um dos colossos do râguebi mundial.

«Mantivemos a tipologia dos treinos, a mesma intensidade e a mesma quantidade de carga, fomos as mesmas vezes ao ginásio, tal como fizemos contra a Namíbia», revelou.

A altitude, um dos obstáculos identificados pelo selecionador, Simom Mannix, antes da digressão, é algo que ficou para trás, no jogo com a Namíbia.

«Estamos há mais de dez dias nestas condições e já estamos adaptados», garantiu. «O jogo disputa-se a 1300 metros e os especialistas dizem que é a partir de 1500 que os efeitos se fazem sentir», relembrou. «Já subimos, já descemos e já treinámos sem problemas», resumiu o vice-capitão dos Lobos.

Sem antecipar prognósticos para o histórico encontro, ainda para mais face ao bicampeão mundial, a abordagem ao jogo está bem definida e delineada.

«Competir o maior tempo possível, manter a nossa identidade, râguebi de ataque e solidários na defesa, tentar rivalizar fisicamente e mantermo-nos no resultado o maior tempo possível, será esse objetivo a que nos propomos», alinhou o mesmo pensamento que já tinha sido posto em prática durante o Mundial de França.

Apesar da ausência das principais estrelas sul-africanas, ainda assim, há quatro mundialistas nos 23 da África do Sul. Lima deixa um recado, em especial a quem terá pela frente numa batalha particular. «Eles que se cuidem», sorriu, referindo-se aos centros sul-africanos, Lukhanjo Am e Andre Esterhuizen, campeões do mundo no França 2023.

Mundial 2027 na mente

José Lima tem opinião formada sobre as orientações do novo homem forte da seleção portuguesa. «O ADN do râguebi português está criado e é prematuro dizer que jogamos assim ou assado. Vamos necessitar de mais tempo para o staff perceber que tipo de jogadores tem, como reagiremos aos adversários e estruturar uma estratégia mais específica», expôs.

«O Simon tem dado alguma liberdade aos jogadores e à equipa para jogarem como se sentem mais confortáveis. Só daqui para a frente poderemos aprofundar. É um tour da descoberta, como disse o Simon», aludindo a declaração do selecionador numa entrevista a A BOLA.

«É bom lembrar que há seis anos estávamos a jogar o grupo C do Campeonato da Europa. A evolução da nossa Seleção não sei se é a maior, mas pelo menos é uma das maiores: ir a um Mundial, ganhar a uma equipa do top 10 (Fiji) e agora jogar contra o campeão do Mundo são motivos de orgulho», referiu. «E espero que seja o começo de uma nova viagem especial, a culminar no Mundial 2027, na Austrália», concretizou.