PARTE 1 - Treinador da Oliveirense conversou com A BOLA sobre a ambição na temporada, o espírito que deseja nos jogadores para lutarem contra orçamentos, dificuldades que sabe que encontrará para voltar a ter êxito naquilo que todos têm falhado: ganhar ao Benfica na Luz, o que mudou esta época no conjunto de Oliveira de Azeméis, as rivalidades nos dérbis regionais, sobretudo da Ovarense para com a a formação de Oliveira de Azeméis, a falta de cultura desportiva no País e o êxito da Seleção.
A 2.º jornada da Liga Betclic, disputada em atraso devido ao adiamento do começo do campeonato, conta com dois clássicos difíceis de contornar. Em Alvalade o Sporting recebe o FC Porto num embate entre 2.º e 3.º classificados e com ambas as equipas com apenas uma derrota. Na Luz, o tricampeão Benfica, líder e única equipa invicta, recebe a Oliveirense (4.º), também só com uma derrota, última formação a ter batido as águias em casa, já lá vai mais de um ano. Por isso conversámos com o treinador dos nortenhos João Figueiredo.
Temos muito a ambição de querer ganhar e competir todos os jogos, mas sabemos que o Benfica, para além do talento físico e técnico que dispõe, é a equipa que nos coloca mais problemas a nível tático.
— Há quase 14 meses, a 11 de outubro de 2023, a Oliveirense foi a última equipa a derrotar o Benfica na Luz para a Liga Betclic, incluíndo play-off. E logo dois dias depois voltaram a ganhar para a Taça Hugo dos Santos. Desde então o conjunto de Norberto Alves mantém-se imbatível em casa. São 14 jogos! Está a Oliveirense com capacidade para voltar a vencer na Luz?
— Temos muito a ambição de querer ganhar e competir todos os jogos, mas sabemos que o Benfica, para além do talento físico e técnico que dispõe, é a equipa que nos coloca mais problemas a nível tático. É uma formação que cresce e valoriza muito o treino. Temos sempre maiores dificuldades em conseguir competir com o Benfica do que com FC Porto ou Sporting.
Depois dessas duas vitórias na Luz, os dois encontros seguintes, um para a Taça e outro para o campeonato na nossa casa, nem sequer conseguimos discutir o resultado. A diferença é grande, aliada a ser o conjunto taticamente mais capaz da liga. Sabemos das dificuldades que vamos ter e que precisamos da ajuda de outros fatores extra que estejam do nosso lado, como eles estarem num dia menos bom.
O jogo que conseguimos no Porto [derrota por 98-95] pode-nos dar falsas ilusões. A nós treinadores não, mas a alguns jogadores pode dar.
— Os seus jogadores sabem dessa sequência de vitórias ou prefere que não a conheçam?
— Durante a semana transmitimos isso, que fomos a última equipa a ganhar na Luz para a liga. Até para os jogadores que integraram o campeonato português pela primeira vez este ano terem uma noção maior das dificuldades que terão pela frente, mas também porque o jogo que conseguimos no Porto [derrota por 98-95] pode-nos dar falsas ilusões.
A nós treinadores não, mas a alguns jogadores pode dar. Podem entender que, normalmente, competimos com todos e isso não é verdade. Para lutar com o FC Porto, o Benfica e o Sporting temos que ter uma série de fatores em conta.
O dinheiro abre o leque de recrutamento de jogadores, que é o que estamos a falar, mas é algo que não queremos ter em conta. Já no ano passado nunca o tivemos naquilo que são os aspetos da construção da filosofia da equipa, à qual damos muita importância durante o ano
— Na época passada chegaram à meia-final da Liga, onde perderam contra o Benfica. Com esta equipa, pode aspirar a mais ou ainda é difícil lutar contra o orçamento dos três grandes?
— A nossa mentalidade não olha a números. Não quero que os jogadores tenham essa desculpabilização dos números. Os orçamentos são públicos e este ano o FC Porto até publicou o seu para as modalidades. Salvo erro, o basquete tinha de 3,2 milhões de euros. O Benfica, provavelmente, andará pelos 3,5 milhões. Sabemos que o nosso orçamento não passará os 450, 500 mil euros.
Como é óbvio, o dinheiro abre o leque de recrutamento de jogadores, que é o que estamos a falar, mas é algo que não queremos ter em conta. Já no ano passado nunca o tivemos naquilo que são os aspetos da construção da filosofia da equipa, à qual damos muita importância durante o ano e ficámos a duas vitórias do primeiro lugar na fase regular, o que, se calhar, nos colocaria muito provavelmente na final.
Quando temos oportunidades de ganhar ao FC Porto, Benfica e Sporting não as podemos desperdiçar porque vai ser isso que irá fazer com que consigamos estar nos primeiros lugares. Queremos muito ir a finais e ganhar.
Portanto, depois daquilo que temos feito e que costumamos fazer, e com a consistência que temos tido nos últimos anos, já era assim antes de cá estar, temos que ambicionar mais. Gostávamos muito de ir à Luz em 1.º lugar. Merecíamos, mas o jogo contra o FC Porto foi ainda mais mal perdido do que o do ano passado e com alguns fatores que não nos ajudaram a nada no último período.
Quando temos oportunidades de ganhar ao FC Porto, Benfica e Sporting não as podemos desperdiçar porque vai ser isso que irá fazer com que consigamos estar nos primeiros lugares. Queremos muito ir a finais e ganhar. Conquistar taças e lutar pela melhor classificação.
Mas, claro que o dinheiro é muito importante, se não fosse as coisas eram muito fáceis. Só que não podemos olhar apenas para isso. A mentalidade que construímos é ignorar um pouco esses fatores. É por essa razão que somos a única equipa que só temos quatro estrangeiros.
Este defeso troquei um bocado as coisas. No ano passado já o havia feito, agora foi de uma forma mais radical. O recrutamento foi um pouco diferente. Taticamente somos muito diferentes, quer em termos defensivos como ofensivos. Mudámos muita coisa.
— O que é que há de diferente no grupo que tem esta temporada?
— Em termos táticos, existem muitas diferenças. Durante o verão já andava a trabalhar em alternativas organizacionais do jogo dos últimos dois ou três anos. E este defeso troquei um bocado as coisas. No ano passado já o havia feito, agora foi de uma forma mais radical. O recrutamento foi um pouco diferente. Taticamente somos muito diferentes, quer em termos defensivos como ofensivos. Mudámos muita coisa.
Obviamente que a base do nosso jogo está lá, mas alterámos, acima de tudo, como queremos dominar o ritmo. Fazê-lo consistente e impor aquilo que é o nosso ADN. Neste momento somos a equipa com mais pontos por posse de bola.
PARTE 2 - Treinador da Oliveirense conversou com A BOLA sobre a ambição na temporada, o espírito que deseja nos jogadores para lutarem contra orçamentos, dificuldades que sabe que encontrará para voltar a ter êxito naquilo que todos têm falhado: ganhar ao Benfica na Luz, o que mudou esta época no conjunto de Oliveira de Azeméis, as rivalidades nos dérbis regionais, sobretudo da Ovarense para com a a formação de Oliveira de Azeméis, a falta de cultura desportiva no País e o êxito da Seleção.
Antes de irmos ao Dragão, sabia que éramos o 1.º classificado, não havíamos perdido, e tínhamos o melhor rácio de pontos marcados/pontos sofridos. No entanto, não aparecíamos em 1.º. São perguntas interessantes para o responsável da comunicação da federação, não para mim.
— Na classificação oficial da Liga Betclic a Oliveirense surge em 4.º lugar atrás de Benfica, Sporting e FC Porto. Mas, segundo sei, o clube não aceita essa posição, é verdade?
— Honestamente não sou um expert em regulamentos, mas antes de irmos ao Dragão, sabia que éramos o 1.º classificado, não havíamos perdido, e tínhamos o melhor rácio de pontos marcados/pontos sofridos. No entanto, não aparecíamos em 1.º.
São perguntas interessantes para o responsável da comunicação da federação, não para mim. Não sei responder. Não domino os regulamentos, mas lembro-me, claramente, que quando fomos ao Dragão tínhamos que ser primeiros. O Benfica havia ganho na Madeira por poucos pontos e nós a diferença mínima que tínhamos era, 18 ou 19 pontos contra o V. Guimarães. Todas as outras vitórias foram acima de 30 pontos, só que não surgíamos em 1.º. Não sei… Às vezes é estranho a forma descomprometida, ou pouco responsável, como as pessoas fazem as coisas.