Os 12 clubes da primeira divisão pediram e a Liga aceitou o adiamento da primeira jornada, reconhecendo a desigualdade criada pela burocracia no processo de autorização de estrangeiros
A Liga de basquetebol e os clubes esgotaram todas as hipóteses para que estivessem reunidas as condições para o arranque da 1.ª jornada, hoje, mas os 12 clubes acabaram por pedir o adiamento da mesma, concedido pela Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), e aguardam pelo desfecho da posição que tomaram.
A Liga de basquetebol já não começa esta noite por decisão dos clubes. Em causa está o atraso no processo dos jogadores norte-americanos, que são mais de metade dos cerca de 60 estrangeiros a atuar em Portugal. Liga feminina vai realizar-se conforme programado.
As burocracias da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), depois do fim do 'manifesto de interesse' que permitia aos cidadãos estrangeiros obterem visto de residência, não permitiram que os clubes pudessem contar com alguns dos atletas estrangeiros contratados, sobretudo, os americanos que precisam agora de um registo criminal difícil de obter.
A FPB emitiu já esta tarde um comunicado, onde garante que os clubes e a Federação «continuam empenhados e disponíveis para solucionar o problema junto dos órgãos governamentais.»
Clubes emitiram comunicado conjunto e revelam atrasos na documentação dos atletas estrangeiros. Leia aqui
Pode ler aqui o comunicado:
«Ponderados os argumentos apresentados pelos clubes ao longo das últimas reuniões e considerando o facto de um elevado número de jogadores não ter a sua situação ainda regularizada, decidiu a Federação Portuguesa de Basquetebol proceder ao adiamento do início da Liga Betclic Masculina. Mais se informa que:1. Face à publicação do DL nº37 – A/2024 (lei da emigração), a FPB assinou um protocolo relativo à agilização de procedimentos para a concessão de autorização de residência a atletas e treinadores profissionais, no dia 24/07/2024 com a AIMA e a UCEF, com vista a garantir a inscrição atempada de atletas estrangeiros(as) nas Ligas Betclic Masculina e Feminina; 2. O protocolo prevê um prazo máximo de resposta aos processos por parte da AIMA de 2 dias, algo que nem sempre se tem verificado; 3. O protocolo prevê ainda a submissão de um certificado de registo criminal devidamente apostilado no país de origem, apostilha essa que, no caso dos Estados Unidos da América, tem um prazo de entrega previsto entre 4 a 6 semanas, mas em alguns casos superior (principal constrangimento com que se deparam os clubes); 4. Prazo esse que não é compatível com os timings de inscrição de atletas no início da competição, mas sobretudo nas substituições de atletas que ocorrem ao longo da época; 5. Os clubes estão a suportar salários e outras despesas de atletas que já se encontram em território nacional, que foram contratados com a expectativa de estarem aptos a participar nas competições oficiais, tendo em conta os compromissos assumidos no protocolo, mas não podem competir, por motivos que são alheios aos clubes e à Federação; 6. Estas dificuldades foram identificadas e expostas aos órgãos do Governo com antecedência, e a Federação tem efetuado todos os esforços para encontrar soluções junto da tutela ao longo das últimas semanas; 7. A Federação já disputou três provas oficiais – Taça Vitor Hugo, Supertaça Masculina e Supertaça Feminina – em que os clubes competiram privados de alguns dos seus atletas; 8. Apesar da compreensão e disponibilidade demonstrada pelos órgãos do Governo, nomeadamente dos Gabinetes do Secretário de Estado do Desporto e do Secretário de Estado Adjunto da Presidência, a menos de 12h do início do campeonato não foi possível encontrar uma solução para ultrapassar estas dificuldades; 9. Face à situação atual, os clubes iriam competir em desigualdade de circunstâncias, colocando em causa a verdade desportiva.»