África do Sul-Portugal: um jogo para ficar na memória
Simon Mannix, o neozelandês que comanda a Seleção Nacional. FOTO: DR

África do Sul-Portugal: um jogo para ficar na memória

RÂGUEBI19.07.202407:00

Pela primeira vez, às 16 horas deste sábado, Portugal defronta a África do Sul e um campeão do mundo em título. Jogo para recordar naquela que será a estreia de Nicolas Fernandes

É um encontro histórico a que se assistirá este sábado, às 16h00, (Portugal Continental), no Toyota Stadium (a lotação de 46 mil lugares está esgotada, sendo esperados 10 mil descendentes de portugueses) em Bloemfontein, cidade a 400 quilómetros de Joanesburgo, África do Sul.

Pela primeira vez no historial da modalidade, Portugal defronta a seleção de râguebi da África do Sul, sendo igualmente a primeira vez que enfrenta um campeão mundial em título.

A Seleção Nacional cumprirá a segunda e última partida da janela internacional de verão da World Rubgy, digressão africana que levou os Lobos à Namíbia e, agora, à África do Sul, encontro formalizado pelos Springboks e os Lobos após o França 2023.

A bicampeã mundial, por sua vez, fecha um trio de jogos — defrontou a Irlanda em Pretória (vitória por 27-20) e em Durban (derrota por 25-24) — batalhas de preparação do país do arco-íris para o Rugby Championship, antiga Três Nações — África do Sul, Nova Zelândia e Austrália — que desde 2012 integra a Argentina.

«É uma ocasião incrível, bem como uma oportunidade conquistada por esta equipa e pela Federação», realçou a A BOLA Simon Mannix, Selecionador Nacional.

«Aconteça o que acontecer, será um dia que nunca será esquecido e ficará na nossa memória», continuou o neozelandês. O desfecho do encontro é, no entanto, desvalorizado. «O resultado não importa», exclamou, ou não fossem duas seleções de mundos diferentes e separadas por 14 lugares no ranking mundial, a África do Sul (Tier 1) número um e Portugal (Tier 2) em 15.º.

Mannix tem outras ideias em mente. «Quero ver o que tenho visto com esse grupo todos os dias, uma vontade de ser melhor cada dia que passa», descreveu. «O nosso estilo de jogo sempre esteve alinhado e sim, podemos ser muito melhores e vamos trabalhar para isso», garantiu o treinador.

Quero ver o que tenho visto com esse grupo todos os dias, uma vontade de ser melhor cada dia que passa

Em relação ao curto trabalho que leva à frente dos Lobos, foi claro. «Está a ser uma descoberta para todos nós. Estou muito feliz com todos os elementos da equipa e do staff e, até agora, tem sido uma digressão muito importante para o nosso desenvolvimento», assegurou.

Depois do duplo embate com a Irlanda, número dois mundial, Rassie Erasmus, selecionador sul-africano, estreia sete jogadores e dá descanso a várias das joias da coroa dos Springboks: Eben Etzebeth, Siya Kolisi, Faf de Klerk, Handré Pollard, Cheslin Kolbe e Bongi Mbonambi, seja por lesão, seja para cumprir o descanso obrigatório antes do torneio do Hemisfério Sul, que se iniciará em agosto.

Sobre esse ponto, Simon Mannix, ex-All Black, é claro. «Sempre que um jogador veste a camisola da África do Sul conhece a responsabilidade que isso acarreta, tanto individualmente, quanto para o país», destacou.

As palavras elogiosas de Erasmus, ao destacar a presença lusa no Campeonato do Mundo e a vitória diante as Fiji, não derreteram o coração do responsável dos Lobos.

«É sempre bom receber elogios de um treinador de râguebi tão respeitado». No entanto, prosseguiu, «estou mais interessado na ação e vamos ver o que podemos fazer», antecipou o Selecionador, que elegeu 12 mundialistas e promove a estreia de Nicolas Fernandes, segunda linha (201 cm) que atua em França (Macon, da 3.ª divisão).

Palmarés

África do Sul, atual número um do ranking da World Rugby, é a nação mais titulada em 10 edições do Campeonato do Mundo, com quatro troféus conquistados, em 1995, 2007, 2019 e 2023. Portugal, 15.º da hierarquia, participou somente em dois Mundiais (França 2007 e França 2023) e em nenhum passou da fase de grupos.

Outra vez a primeira vez

Hollie Davidson e a Seleção Nacional de râguebi mantém uma relação que faz parte da história do râguebi mundial e na qual a árbitra escocesa assume um dos papéis de personagem principal e Portugal a segunda figura (e não figurante) do cartaz. O África do Sul-Portugal será dirigido por Hollie Davidson, a primeira mulher a ajuizar os campeões do Mundo. Davidson já tinha inscrito no seu nome na história ao ter sido a primeira mulher a dirigir uma equipa das Seis Nações (Portugal-Itália, junho 2022) e a primeira numa partida das Seis Nações (Inglaterra-País de Gales).

Outros 'Lobos' em sub-23

No ano 2000, uma seleção sub-23 de Portugal defrontou a África do Sul numa equipa que incluía alguns dos primeiros mundialistas (França 2027): Miguel Portela, Gonçalo Malheiro, Diogo Coutinho, António Aguilar, João Uva e Luís Pissarra.