Polémica sobre a proibição de cadeiras de rodas na Meia-Maratona de Lisboa: todos os comunicados

Atletismo Polémica sobre a proibição de cadeiras de rodas na Meia-Maratona de Lisboa: todos os comunicados

ATLETISMO13.03.202319:32

A Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL) contestou esta segunda-feira que pessoas em cadeira de rodas tenham sido impedidas de participar na Meia Maratona de Lisboa, no domingo, ao contrário do que era habitual.

«Para surpresa de todo o grupo que integrava a participação nesta edição, foi barrado o acesso, tendo sido impedidos de participar, com o argumento de que o regulamento não permite a participação de pessoas em cadeira de rodas», pode ler-se, com referência à Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.

Em resposta, depois de, numa primeira reação, ter alegado que a exclusão se deveu a razões de segurança - «a não participação de concorrentes em cadeiras de rodas, cadeiras de bebés e outros equipamentos nas provas deste domingo se deve exclusivamente a questões de segurança e em consequência de incidentes graves ocorridos em edições anteriores» -, o Maratona Clube de Portugal garantiu que as pessoas em cadeira de rodas vão poder participar nas futuras edições da prova, depois de uma reunião com responsáveis da APCL e da Iron Brothers – Irmandade de Ferro, momento que foi também aproveitado para um «pedido de desculpas».

«Infelizmente, problemas de comunicação, alguma falta de sensibilidade dos responsáveis no terreno e as questões de segurança, já mencionadas, contribuíram para um incidente que nunca devia ter acontecido», lê-se.

Entretanto, também o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) emitiram um comunicado conjunto a reagir à polémica.

Eis o comunicado:

Situação de discriminação e recusa de participação de um grupo de cidadãos com deficiência na EDP Meia Maratona de Lisboa

Na sequência do evento “EDP Meia Maratona de Lisboa”, realizado no passado dia 12 de março, chegou ao conhecimento deste Instituto o relato de uma situação de discriminação e recusa de participação de um grupo de cidadãos com deficiência que se deslocavam em cadeira de rodas.

Segundo o relato apresentado, o grupo de cidadãos deslocou-se até à ponte em autocarro cedido pela organização. No momento em que se preparavam para abandonar o autocarro, foram abordados por um alegado Diretor de Prova que informou não ser possível a participação de atletas em cadeira de rodas.

Analisado o regulamento disponibilizado no site do Maratona Clube de Portugal, não se verificou qualquer impedimento para o efeito, pelo que foram solicitados, ao Maratona Clube de Portugal, os devidos esclarecimentos relativamente ao ocorrido.

Acresce que, foram indicadas questões como a salvaguarda da integridade física de todos os participantes e garantia de segurança, cujo teor prático se desconhece, não fazendo o regulamento qualquer menção a este propósito.

Nesta circunstância o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) e o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) vêm demonstrar o seu repúdio quanto aos acontecimentos relatados, que constituem não só uma violação do regulamento em si, como uma clara violação da Lei da Não Discriminação, devendo, como tal, ser punido nos termos previstos.