Pogacar: «Mesmo se vencer um pouco menos do que em 2024 ficarei feliz»
Tadej Pogacar em congerência de imprensa em Benidorm, Espanha
Foto: IMAGO

Pogacar: «Mesmo se vencer um pouco menos do que em 2024 ficarei feliz»

CICLISMO10.12.202419:33

Esloveno anunciou o programa de corridas para 2025: «sem loucuras», afirma. O n.º 1 mundial estabeleceu os principais objetivos para a próxima época.

«O meu programa de corridas não tem nenhuma loucura», declarou Tadej Pogacar no início da conversa com os jornalistas, esta terça-feira, numa sala da unidade hoteleira nos arredores de Benidorm, sul de Espanha, onde cumpre o primeiro estágio de pré-temporada com a sua equipa, UAE Emirates, até ao próximo dia 20.

A expressão foi um desabafo espontâneo do corredor esloveno, que, após uma breve pausa, reposicionou o discurso numa espécie de ordem mental. E recomeçou: «Tive um ótimo defeso, consegui recuperar muito bem da desgastante temporada. Até começar este estágio gozei umas férias retemperadoras com a Urska [Zigart, a sua noiva, que também é corredora profissional]. Foi muito bom», contou o número 1 do ranking da União Ciclista Internacional (UCI), retomando, então, a palavra por onde começara.

«O meu programa de corridas inicia-se como em anos anteriores com a Volta aos UAE [[n.d.r. não o fez em 2024, tendo arrancado a época na Strade Bianche]. Depois, farei clássicas, começando com a Milão-Sanremo, que será o meu primeiro grande objetivo, os últimos anos tem sido assim. Depois as clássicas belgas, as dos empedrados, incluindo a Volta a Flandres, e as das Ardenas, com final na Liège [Bastogne-Liège]», descreveu o vencedor da Volta a França em 2024.

Tadej Pogacar anuncia calendário de 2025

10 dezembro 2024, 17:44

Tadej Pogacar anuncia calendário de 2025

Esloveno em assalto ao quarta camisola amarela no Tour, mas ainda não decidiu qual será a segunda grande Volta: Giro ou Vuelta. E ainda não será no próximo ano que se estreia na Paris-Roubaix

«Depois começaremos a preparar o Tour, o principal objetivo da temporada. Há outro objetivo grande, os Campeonatos do Mundo. Ficarei muito satisfeito se conseguir defender estes títulos. Ainda não sei se é melhor fazer o Giro ou a Vuelta», resumiu o ganhador da Volta a Itália e do Mundial de fundo este ano, que deixou a porta aberta à estreia na Paris-Roubaix em 2025, ainda que assuma «ser pouco provável».

«Não é decisão final voltar a não estar na Paris Roubaix… Mas ainda teria a possibilidade de o fazer em próximos anos», frisou o vencedor de três de cinco clássicas-monumentos – além do Inferno do Norte falta-lhe a Classíssima Milão-Sanremo.

O campeão do mundo reconhece que terá dificuldade em superar as 25 vitórias na histórica temporada de 2024, em que foi dominante, ainda que considere ter ainda margem de progressão. «Não me considero um corredor velho, ainda sou jovem, ainda posso evoluir.

Veremos depois da primeira corrida. Mas se ficar um pouco aquém de 2024, ainda assim ficarei satisfeito. Depois de cumprir o plano de treinos para este inverno, talvez possamos antever se terei condições de conquistar mais ainda do que na última temporada. Todos os corredores tentam melhorar até ao final da carreira, e quando já não conseguem, talvez seja altura de parar…», referiu Pogacar, que se deixou levar em detalhes.

«Creio que é imprescindível focar-nos em todos os detalhes, na bicicleta e fora dela, a alimentação, sono, tecnologia... Procuramos a perfeição. É preciso ser consistente em todas essas áreas», sublinhou o vencedor da Bicicleta de Ouro de 2024 (Vélo d'Or), galardão que distingue anualmente o que é considerado por um painel alargado de jurados, entre jornalistas e especialistas de diversas áreas do ciclismo, o melhor corredor nesta temporada.

Questionado sobre questão de segurança nas corridas de ciclismo, Tadej Pogacar foi pragmático. «Todos queremos correr sempre mais rápido. O ciclismo está em constante evolução, como outros desportos. Queremos bater recordes todos os anos, rolar cada vez mais rápido com as novas tecnologias. Por um lado, compreendo, é o marketing, temos de vender bicicletas, t-shirts, capacetes, equipamentos que os fabricantes desenvolvem todos os anos. Não parece haver limites, a cada ano as bicicletas são mais rápidas. E quanto mais rápido se vai, mais riscos se correm. Mas não creio que os corredores corressem menos riscos há 100 anos…», opinou.

Pogacar comentou ainda os elogios de Eddy Merckx, que recentemente declarou que o esloveno já é melhor corredor do que ele foi nos seus tempos áureos, em que granjeou a fama de Canibal. «Ouvi as suas palavras, é sempre um prazer vindo de quem vem, mas não me estou a comparar com ele, não posso. Não competir com ele, não somos da mesma geração, não pode haver comparações diretas», conclui.