Paris – Nice promete duelo de gigantes

Ciclismo Paris – Nice promete duelo de gigantes

CICLISMO03.03.202314:09

No inicio da década de 1930, Alber Lejeune dirigia os jornais “Petit Journal”, com sede em Paris, e “Petit Niçois”, em Nice. Atualmente as duas cidades estão a cerca hora e meia de avião uma da outra, mas na época a viagem durava cerca de quinze horas. Lejeune procurava uma ligação entre os dois jornais e teve a ideia de organizar uma corrida de ciclismo. Idealizou um percurso de seis etapas e nasceu a corrida designada por “Les 6 jours de la route” (Os 6 dias de estrada).

A primeira edição dos “Seis dias de Estrada” realizou-se entre 14 e 19 de março de 1933 e teve como vencedor o belga Alfons Schepers, competição que uns anos mais tarde e pelas suas características, foi considerada ideal para reparar as clássicas que se realizavam nas semanas seguintes, a que não foi alheio o facto de duas semanas depois de vencer a corrida, Alfons Schepers ganhou o Tour de Flandres, que teve a primeira edição em 1913.

A competição que foi um sucesso, passou a ser organizada anualmente pelo fundador Lejeune até à Segunda Guerra Mundial. Em 1946, a competição voltou à estrada com organização do jornal “Ce Soir”, mas apenas durou um ano, para regressar em 1951 com o nome de Paris-Côte d’Azur, três anos mais tarde foi rebatizada por Paris – Nice, que se mantém até aos dias de hoje.

Em 1959 houve uma alteração no nome e percurso da corrida, os ciclistas depois de percorrerem seis etapas e chegarem a Nice, tiveram que continuar a pedalar para se dirigirem a Roma, realizando mais cinco etapas com finais em Ventimiglia, Chiavari, Florença, Siena e Roma. Nesse ano foram elaborados três classificações, uma para a primeira parte Paris – Nice, outra para a segunda parte Nice – Roma, e uma para a classificação geral que englobava as duas. O francês Jean Graczyk, venceu a primeira parte e a geral e o seu compatriota Gerard Saint ganhou a segunda parte, a camisola de líder era na altura de cor verde. A dureza da corrida que teve 11 dias e mais 800 km que o habitual, a que se juntou uma etapa com 254 km, foi do desagrado dos ciclistas que protestaram junto da organização, que no ano seguinte voltou ao traçado original Paris – Nice.

De 1982 a 1988 a vitória pertenceu a Sean Kelly que venceu por sete vezes consecutivas, o percurso foi idealizado para velocistas e especialistas em clássicas, ao irlandês seguiram-se, Miguel Indurain, Tony Rominger, Alex Zulle, Laurent Jalabert, Alexander Vinokourov, Alberto Contador e Tony Martin entre outros. Nos últimos dez anos, Richie Porte e Maximilian Schachmann, venceram por duas vezes, Geraint Thomas, Sérgio Henao, Marc Soler, Egan Bernal e Primoz Roglic inscreveram os seus nomes na galeria dos notáveis.

De norte a sul, do frio ao sol, com partida no domingo de La Verriére nos subúrbios de Paris até à Côte d’Azur em Nice, o percurso apresenta alguns destaques. O contrarrelógio por equipas no terceiro dia em Dampierre en Burly na distância de 32,2 km, tem uma novidade. O tempo que conta para a equipa é do primeiro ciclista a cortar a meta e não o quarto como é habitual, segue-se a primeira chegada em altitude em La Loge des Gardes (1.ª cat.), as decisões encontram-se programadas para os últimos dois dias em alta montanha, no sábado a etapa corre-se nos Alpes Marítimos, com passagem pela Côte de Tourette-du-Château (1.ª cat.) e finaliza no Col de La Couillole (1.ª cat.). No ultimo dia o pelotão enfrenta três contagens de montanha de 2.ª cat., e duas de 1.ª cat., na Côte de Peille e no emblemático Col d’Éze a 15 km da meta.

Tadej Pogaçar (UAE-Team Emirates) e Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), são as principais figuras, num duelo de gigantes que promete ser emotivo do primeiro ao ultimo quilometro, a que se juntam no grupo de candidatos à geral, Daniel Martinez, Pavel Sivakov, David Gaudu, Romain Bardet, Jack Haig, Ion Izagirre e Mattias Skjelmose. Para discutirem a etapas planas com chegadas massivas, surgem Tim Merlier, Mads Pedersen, Arnaud De Lie, Olav Kooij, Sam Bennett, Alexander Kristoff e Kaden Groves.

Rui Oliveira (UAE-Team Emirates) será o único português na competição, encontrava-se a estagiar em Andorra a preparar as clássicas da primavera e passou da condição de suplente a efetivo, repetindo a presença de 2021, com a missão de trabalhar para Pogaçar.

Etapas

1.ª Etapa La Verriére – La Verriére                                          169,5 km

2.ª Etapa Bazainville -Fontainebleau                                         164,0 km

3.ª Etapa Dampierre-en-Burly – Dampierre-en-Burly (CRE)          32,2 km

4.ª Etapa Saint-Amand-Montrond – La Loge Des Gardes            165,0 km

5.ª Etapa S.-Symphorien-Sur-Coise – S. Paul-Trois-Châteaux    212,5 km

6.ª Etapa Tourves – La Colle-Sur-Loup                                      197,5 km

7.ª Etapa Nice – Coll de La Couillole                                          143,0 km

8.ª Etapa Nice  – Nice                                                              117,5 km

                                      Total                                              1.201,2 km