Snooker Mundial: Selby cheira o ‘penta’ e chinês de 20 anos encanta

SNOOKER27.04.202300:46

O inglês Mark Selby, de 39 anos, oitavo da hierarquia e tetracampeão mundial (2014, 2016, 2017 e 2021), e o chinês Si Jiahui, de 20 anos, 55.º do ranking, completam o lote de semifinalistas do Campeonato do Mundo, prova maior da época 2022/23 da World Snooker, e que decorre desde dia 15 até 1 de maio em Sheffield (Inglaterra), após tem vencido, na noite desta quarta-feira, os últimos dois encontros dos ‘quartos’.

Selby venceu o escocês John Higgins, de 47 anos, e nono da hierarquia, por 13-7 enquanto Si, vindo das qualificações – tal como o seu rival nesta ronda, de resto – suplantou o escocês Anthony McGill, de 32 anos, 19.º do ranking, numa dramática 'negra', por 13-12.

Num ‘duelo de Mark’s’, Selby irá defrontar nas meias-finais o homónimo norte-irlandês Allen, de 37 anos, segundo da hierarquia, que ao início da tarde suplantara o galês Jak Jones (13-10), enquanto Si Jiahui tinha já à espera de si o protagonista do dia: o belga Luca Brecel, de 28 anos, sétimo da hierarquia, que virou de 2-6 e 6-10 para, com imperial 7-0 neste dia, bater (13-10) um irreconhecível heptacampeão mundial, Ronnie O’Sullivan, com todo o mérito.

No histórico de confrontos, equilíbrio entre Selby e Mark Allen: 22 jogos, 11 vitórias de cada um. Já Brecel e Si, será primeira vez que se defrontam, nas meias-finais.

Escocês batido sem remissão por ‘tubarão’ predador

Mark ‘The Shark’ Selby, o ‘tubarão’, vencedor de quatro dos nove anteriores Campeonatos do Mundo, foi implacável a disparar no marcador ante o também tetracampeão mundial escocês Higgins (1998, 2007, 2009 e 2011): desde 1-4 até 10-5, o inglês venceu nove em dez parciais (9-1!) jogados ante um John cujo gás se esgotou na na primeira sessão, a 4-1, quando o jogador de Leicester iniciou a recuperação.

Durante a sessão da tarde, Selby, que perdeu… um único jogo nos últimos nove disputados no ‘teatro dos sonhos’ em cenário de mesa única (‘meias’ e/ou final, o que sucederá a partir de quinta-feira) desde 2014 – a ‘meia’ de 2020 ante O’Sullivan, 16-17, após liderar por 16-14 -, somou nove dos dez primeiros parciais do dia no jogo (!) e disparou…. até 10-4.

Desde o ‘roubo’ do nono parcial a John, para 5-4 – ‘break’ de 67 pontos, após entrada de 57 pontos do escocês -, foi quase só sempre a somar para o inglês.

Nova entrada de 50 pontos para o 7-4, antes de Higgins conseguir a exceção que confirma a regra: ganhar um parcial após perder seis de rajada, o 12.º, com ‘break’ de 68 pontos, para atenuar para um ainda esperanço 5-7 ao intervalo de uma sessão da tarde encurtada em dois parciais: acabou a 9-5, após show de Selby, com ‘break’ de 72 pontos (8-5) e centenária (110 pontos) a fechar a tarde a 9-5.

À noite, Higgins ainda mais nas cordas com ‘break’ de 64 pontos do cirúrgico e letal Selby que, já sem Ronnie em prova, lidera agora a bolsa de favoritismo para o ‘penta’ e à mão cheia no mundial, para 10-5.

Num Mundial já sem ‘quarentões’ – Higgins e Ronnie eram os últimos -, John deu um ar da sua graça e resiliência com ‘break’ de 65 pontos, a atenuar: 6-10.

Mas Mark era, e é, um homem numa missão: aquele que, juntamente com Ronnie, ‘limparam’ oito dos últimos 11 Campeonatos do Mundo - quatro vitórias de cada um dos dois ingleses desde 2012 - selou o 11-6 com ‘break’ de 67 pontos para 11-6. E entrada de 91 pontos deu-lhe o 12-6 ao intervalo. Faltava um.

O brio (e brilho) de Higgins, com a imperturbável concentração no ‘escritório ‘ - esteja a ganhar por cinco ou, como no caso, perder por seis – deu… numa centenária (entrada de 102 pontos) para o 7-12. Mas sentia-se Selby insaciável: era mera questão de tempo. E quando, no 20.º ‘frame’, John deixou uma bola vermelha à porta de um buraco fácil para Mark embolsar, xeque-mate: ‘break’ de 67 pontos… e 13-7!

Três anos depois, sonho desfeito para McGill

Já Si Jiahui e escocês Anthony McGill chegaram à decisão empatados 8-8, com o escocês, que durante a sessão matinal não descolara do asiático quando, por duas vezes, teve dois ‘frames’ de vantagem (6-4 e 8-6) a arrancar melhor e vencer os primeiros dois, para colocar pressão no jovem chinês, com um 10-8.

No jogo entre dois dos três jogadores vindos das qualificações a chegar aos oito melhores - o outro foi o galês Jak Jones -, Jiahui não se entregou e voltou a colar ao ‘Glaswegian Gladiatior’ (‘Gladiador de Glasgow’, McGill) no 19.º parcial: 9-10. Mas ao intervalo, com ‘break’ de 54 pontos, estava de novo Anthony dois na frente (11-9)… e a dois da meta, no último jogo dos ‘quartos’ a concluir-se no Crucible. 

Quem esperava final breve, enganou-se: Jiahui esteve à altura dos 46 anos e 47 Campeonatos do Mundo no Crucible e não tremeu: dois parciais de rajada… e 11-11. Drama e tensão no teto, com o asiático intratável após o último intervalo, e a somar terceiro parcial de rajada com entrada de 87 pontos para ficar na frente: 12-11. Resposta pronto do profissional de Glasgow: centenária (entrada de 130 pontos) e o 25.º 'frame que desde o início o duelo prometia aí estava.

Na hora de separar os 'homens' dos 'rapazes', o jovem chinês, que tinha ganho os três anteriores duelos a McGill, mostrou porquê: não abanou e mostrou a consistência psicológica e qualidade técnica que se requer a um semifinalista de um Campeonato do Mundo. Ele e Brecel discutirão um lugar para um finalista inédito no Mundial... que podem ser dois, caso Mark Allen vença Selby.

Esfumou-se o sonho de uma segunda meia-final de um Mundial para McGill, três anos depois de, em 2020, ter perdido ante Kyren Wilson na ‘negra’ (16-17), num 33.º ‘frame’ lendário, porque longo: batalha tática, marcada pelo embaraço do inglês ao embolsar feliz bola verde, um ‘chouriço’, já nos quatro melhores.

As ‘meias’ são jogadas durante três dias – de quinta-feira a sábado) e em quatro sessões, à melhor de 33 ‘frames’ - oito parciais em cada uma das três primeiras sessões, até possíveis mais nove na quarta -, vencendo e passando à final o primeiro a chegar a 17 (de 17-0 a possíveis 17-16).

O futuro campeão mundial, refira-se, vai ‘a meio caminho’, tendo conquistado apenas 36 dos 71 parciais requeridos para o ‘caneco’. Até aqui, nas três rondas cumpridas, teve de ganhar 35 ‘frames’ - 10 nos ‘16avos’, 13 nos ‘oitavos’ e outros 13 nos ‘quartos’ -, mas se para vencer nas ‘meias’ tem de triunfar em 17, na final, jogada domingo e segunda-feira, é vencer mais… 18. Jogos maratona, a seguir.

O Mundial, prova que encerra a época 2022/23 da World Snooker, disputa-se no Crucible Theatre, em Sheffield (Inglaterra) durante 17 dias, até 1 de maio, e é transmitido para Portugal (EuroSport).

Ronnie O’Sullivan venceu em 2022 (18-13 a Judd Trump na final). A prova dá £2,395 M (€2,704 M), das quais meio milhão de libras (€564.589) ao campeão e £200 mil (€225.836) ao ‘vice’. Chegar às meias-finais garante £100 mil (€112.918).

Quartos de final, esta 4.ª feira (apurados a negro):

Ronnie O’Sullivan (Ing) - Luca Brecel (Bel), 10-13

Mark Allen (IrN) - Jak Jones (Gal), 13-10

Anthony McGill (Esc) - Si Jiahui (Chn), 12-13

John Higgins (Esc) - Mark Selby (Ing), 7-13

Meias-finais, de 5.ª feira a sábado:

Luca Brecel, Bel - Si Jiahui, Chn (5.ª feira 13 h, 6.ª feira 10 e 19 h, sábado 14.30 h)

Mark Allen, IrN - Mark Selby, Ing (5.ª feira 19 h, 6.ª feira 14.30 h, sábado 10 e 19 h)