João Almeida: «Sensações não são as melhores para lutar por um pódio no Tour»
Corredor da UAE Emirates fala de como é correr para Pogacar e as hipóteses de um dia vencer a Volta a França
À entrada para a terceira semana da Volta à França, João Almeida é quarto classificado, mas considera ser muito difícil chegar ao pódio – está a mais de cinco minutos do belga Remco Evenepoel -, até porque a sua função principal é trabalhar para levar o líder Tadej Pogacar de amarelo até final – este ano em Nice, e não em Paris, devido aos Jogos Olímpicos na capital.
«Estou um pouco longe do pódio, por isso acho que será muito difícil se tudo correr normalmente, mas também não é esse o nosso objetivo. O objetivo é vencer o Tour com Pogacar e defender estes dias até Nice. Se as coisas correrem bem eu conseguir subir de posição, ótimo, mas estou um pouco longe. As minhas sensações não são as melhores para lutar por um pódio», diz em entrevista ao jornal espanhol Marca.
Lutar pela vitória é, ainda, algo que considera longínquo. «Aspirar a vencer o Tour estando o Tadej na corrida é quase impossível. Há muitas coisas que ainda posso melhorar, acredito que estar no nível que eles [Pogacar, Vingegaard] estão agora não se consegue de um dia para o outro. Quem sabe se num ano faz Giro e Vuelta e eu vou ao Tour, mas ainda temos Vingegaard e Remco Evenepoel, que são bastante fortes. Não é simples», explica.
Almeida tem sido um dos gregários mais regulares da equipa UAE Emirates, o que tem sido reconhecido também pelo esloveno chefe de fila. « Para mim é muito especial quando ele pede para puxar, porque é um dos ciclistas mais importantes da História e estamos a fazer História. Fazer parte disso é especial. Sinto-me bem quando faço este trabalho. Ele lembra-se sempre de mim e isso é muito bom. Sempre fui de aparecer e é uma das coisas que me definem. No fim de contas, é uma coisa psicológica. Considero-me psicologicamente forte, resistente e acho que essa é uma das minhas vantagens.»
Líder na Vuelta com Yates
Houve tempo ainda para abordar o episódio com o colega Juan Ayuso no Galibier, em que lhe pediu mais ajuda a puxar na frente. «É uma coisa normal. Estamos a trabalhar para o Tadej, que é o objetivo. Tínhamos um plano e no final tivemos de fazer as coisas de forma diferente porque não correu como planeado. Mas isso pode acontecer na corrida, estamos na luta e são coisas normais. No final tudo estava bem», assegurou.
João Almeida revelou que ele e Adam Yates serão líderes na Volta a Espanha – a equipa Emirates vai apostar nos dois: «Vamos ter de recuperar bem depois do Tour, espero chegar bem e lutar para vencer a corrida.»
O corredor falou ainda sobre a relação com os adeptos e o episódio em que um homem atirou batatas fritas à cara de Pogacar e também Vingegaard: «O ciclismo é muito especial porque os adeptos estão muito próximos de nós. Vivem a atmosfera do ciclismo nas passagens de montanha, no sprint e há que tirar partido disso com respeito pelos ciclistas. Porque talvez um dia as passagens de montanha sejam fechadas e não esteja lá ninguém.»