Fernando Pimenta sobre mais um ouro: «Infelizmente, um dia isto vai ter de acabar»

Canoísta português encerra competição na Hungria com terceiro título europeu em K1 5000. Horas antes, este domingo, foi bronze em K1 1000, que juntou a prata que já conquistara em K1 500. Limiano não queria acabar os campeonatos sem ouvir o hino

Há poucas grandes competições internacionais de que Fernando Pimenta saia sem vitória ou medalha de ouro. O melhor canoísta português de todos os tempos habituou bem (ou mal) os portugueses e ao mundo, mas é acima de tudo a ele próprio que impõe essa exigência. Nos Europeus de velocidade, na Hungria, o limiano participou em três distâncias, sempre a solo (K1), e numa (500 metros), antes de domingo, já tinha conquistado a medalha de prata.

Bem cedo na manhã em Szeged, catedral magiar da canoagem, Pimenta apresentou-se a competição em K1 1000 metros e saiu-se com bronze. Não ficou satisfeito com o desempenho e assumiu-o, como é seu timbre quando as coisas não lhe correm como quer. «Não fiquei triste com o bronze, mas… Estive bem, mas na parte final ficou a sensação de que podia ter feito um pouco melhor», afirmou à Lusa.

Restava a Pimenta a distância mais longa, K1 5000 metros, derradeira oportunidade para o atleta, de 34 anos, cumprir a (sua) tradição vitoriosa – e voltou a não falhar. Impôs-se ao húngaro Adam Varga para conquistar, pela terceira vez, o título de campeão europeu, após 2016 e 2022, em prova em que foi campeão do mundo em 2017 e 2018.

No final, as primeiras palavras do canoísta de Ponte de Lima foram diretas e concisas, como é seu apanágio. «Fiz tudo para ouvir o hino nacional», atirou. «Agora, sabia que tinha grandes adversários a lutarem pelo título. Andei muito tempo a liderar, sofri muitos ataques… No entanto, geri e sentir-me bem na última volta. Tentei não dar hipóteses e consegui», explicou, em declarações à Lusa.

Em todas as competições em que participou neste Europeu, Fernando Pimenta subiu ao pódio, desempenho que pretende manter em agosto no principal objetivo do ciclo olímpico, Paris-2024. «Infelizmente, um dia isto vai acabar», afirmou. «Tenho de desfrutar de cada prova como se fosse a última. Foi o que o fiz agora. Fi-lo ao máximo, dei um grande espetáculo e honrei Portugal e os portugueses. É continuar o trabalho que tenho feito com o me treinador [Hélio Lucas] e acreditar que tudo é possível», disse Pimenta, cada vez mais focado em mais uma presença em Jogos Olímpicos.

«É prosseguir o trabalho, muito focado no que temos de fazer, ser feliz com o que faço, sobretudo desfrutar deste sucesso. Se vou fazer o pleno ou não, não sei», reconheceu o canoísta que contribuiu com três medalhas para o pecúlio total de quatro de Portugal nestes Europeus, acrescentando-as à de ouro de Iago Bebiano e Kevin Santos em K2 200 metros – houve ainda mais uma de ouro, em paralímpicos, por Norberto Mourão, nos 200 metros VL2 - que confere ao país o terceiro posto no medalheiro da competição.

«É um balanço muito positivo, com cinco medalhas, quase a igualar o nosso melhor resultado em Europeus, com seis pódios em 2014. Foi um bom teste para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, com Fernando Pimenta e Norberto Mourão em posição de pódio», congratulou-se o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), Vítor Félix, à Lusa, destacando a canoagem como «modalidade de referência em Portugal, sempre a elevar a fasquia e as expectativas dos portugueses».