Diogo Ribeiro: «Desta vez vou ao Mundial com a cabeça mais limpa»
Fotografia ASF

Diogo Ribeiro: «Desta vez vou ao Mundial com a cabeça mais limpa»

NATAÇÃO06.02.202401:02

Seleção partiu para Doha. Nadador do Benfica falou sobre a primeira grande competição que fará nos últimos meses sem contratempos. Quer bater os recordes e sabe que isso o levará longe

Com a histórica medalha de bronze conquistada, sábado, por Angélica André nos 10 km em águas abertas e a qualificação daquela para os Jogos de Paris-2024 ainda entre algumas conversas dos oito dos nove nadadores da equipa liderara pelo selecionador Alberto Silva — a olímpica Tamila Holub viajou a partir do Porto —, a Seleção de natação pura partiu,esta segunda-feira, para o Catar, onde domingo começam as provas na moderna piscina temporariamente erguida no Aspire Dome para o 21.º World Aquatics Doha-2024. 

Tendo Diogo Ribeiro, Miguel Nascimento, Camila Rebelo e João Costa — este não estará no Mundial devido a ter sido operado ao ombro direito —, já com visto para os Jogos de Paris-2024, uma das principais expectativas é se mais alguém conseguirá qualificar-se a menos de seis meses do evento. Outra, se Portugal apurará as estafetas de 4x100 estilos masculina e feminina nesta última oportunidade para o fazer. Aposta que foi crescendo no último ano. 

Por fim, até onde fará sonhar Ribeiro neste segundo Mundial da carreira. O nadador do Benfica, de 19 anos, já se qualificou para os Jogos franceses em tudo o que desejava: 50 e 100 livres e 100 mariposa, por isso competirá, uma vez mais, sem esse peso. 

Mas. desta feita, e pela primeira ocasião nos últimos anos, sem vir de uma pequena lesão e ter visto a preparação afetada umas semanas antes pelo Covid como aconteceu para o Mundial de Fukuoka, em julho, onde ainda assim foi prata nos 50 mariposa; ou ter sofrido uma forte intoxicação alimentar a escassos dias do Europeu de piscina curta de Otopeni, em dezembro. 

Por isso, a pergunta é fácil: como é que vai para este Mundial? «É a primeira vez que vou melhor preparado, sem ter tido que parar, e isso permite-me ir com a cabeça mais limpa. Sem pensar que estive parado ou com menos treino do que deveria», começou por referir.

Fotografia Luís Filipe Nunes/FPN

«Neste momento estou com o treino que, supostamente, se adequa para o campeonato do mundo. Fizemos taper para a competição sem pensar nos Jogos Olímpicos, por isso é com foco total no Mundial». 

«Depois sim, é começar a preparar os Jogos, mas em Doha é mesmo para fazer o melhor possível. E_para mim isso significa melhorar os tempos. Se o conseguir, tenho a certeza que vai dar excelentes classificações, mas não estou a pensar nos lugares em que vou ficar. É mesmo só melhorar os tempo», acrescentou o ainda recordista do mundo júnior dos 50 mariposa.

E consegue isolar esse objetivo de fazer as marcas do de ambicionar estar numa final? Ou noutros momentos fez mal pensar nas duas coisas ao mesmo tempo? «Sim, consigo. Sem problema», garantiu Ribeiro, que é recordista nacional das quatro provas que nadará no Catar: 50 e 100 livres, 50 e 100 mariposa. 

E esta preparação foi focada em algumas distância em particular ou manteve a versatilidade para as quatro? «O treino foi igual ao dos outros mundiais em termos de provas de 50, assim como de 100 metros, mas é natural que na minha cabeça comece cada vez mais a pensar nas de 50m. É aí que tenho vindo a obter os melhores resultados. Quem sabe se os 50 livres não serão a grande aposta para, um dia, nos Jogos Olímpicos?», deixou no ar pela primeira vez.

«Por isso é trabalhar um bocado nesse sentido», disse. «Isto sem esquecer os 100 metros, onde penso ainda ter muito para dar. Afinal, se nas competições anteriores estive lesionado e com infeções e não os nadei mal, creio que sem esses contratempos e com o treino necessário conseguirei fazer muito melhor.»

E existe um Diogo Ribeiro diferente daquele que foi para o Mundial de Fukuoka e o que vai agora para o Mundial de Doha? «Não!» 

SELEÇÃO NACIONAL

Ana Rodrigues -Desportiva de Viana
50 e 100 bruços

Camila Rebelo - Louzan Natação
50, 100 e 200 costas

Francisca Martins - Foca
200 e 400 livres

Mariana Cunha - Colégio Efanor
100 e 200 mariposa

Tamila Holub - Sp. Braga
800 e 1500 livres

Diogo Ribeiro - Benfica
50 e 100 livres, 50 e 100 mariposa

Gabriel Lopes - Louzan Natação
100 costas e 200 estilos

Francisco Quintas - Sporting
100 bruços

Miguel Nascimento - Benfica
50 livres

E quando nos referimos ao mais ao nível da resiliência, de alguém que tem ambição de chegar longe mas que, num período curto de meses, aprendeu que podem surgir muitos e inesperados contratempos e que foi obrigado a também os ter de superar para, por exemplo, chegar a uma final, à medalha  ou bater um recorde? «A diferença é que, se calhar, nas outras provas ia com a cabeça mais livre em termos de pressão. Como havia tido paragens semanas antes, fui a pensar: ‘Ok, vou fazer o melhor que tenho e não vou pensar na classificação porque, provavelmente, não vai ser assim tão bem’.» 

«Agora não. Na cabeça está conseguir uma boa classificação e boas marcas. Já tenho mínimos olímpicos, mas quero estar em cima ou voltar a fazer esses tempos [registados em março de 2023]. É nesse sentido que irei trabalhar: melhorar os meus melhores tempos. A diferença é que desta vez é a pensar nisso, anteriormente não foi», concluiu.