Zé Pedro: «No Sporting, era preciso ter  o poder que Rúben Amorim teve»
Zé Pedro lembra tempos difícieis em Alvalade, na equipa técnica de Silas (Foto: Alexandre Pona/ASF)

Entrevista A BOLA Zé Pedro: «No Sporting, era preciso ter o poder que Rúben Amorim teve»

NACIONAL19.01.202411:00

Treinador, atualmente a liderar o V. Setúbal, integrou, como adjunto, a equipa técnica de Silas nos leões, de final de setembro de 2019 a início de março de 2020

— Como treinador-adjunto, esteve com Silas no Sporting. Como define a experiência?
— Difícil. Muito difícil. Como disse há pouco, foi quase a viver um caos, face ao que tinha acontecido num passado recente no clube. Tentámos estruturar aquilo da melhor maneira possível, mas estava extremamente difícil. Era preciso alguém entrar e ter o poder que Rúben Amorim teve. Foi por aí. O plantel não tinha má qualidade, mas estava extremamente difícil. Tínhamos Bruno Fernandes, Mathieu, Wendell, Coates, algumas referências e jogadores de nível mundial, mas o ambiente e tudo à volta, face ao que se tinha passado… era extremamente difícil. Acho que fizemos muito, para os cinco meses que lá estivemos. Pegámos na equipa em 4.º lugar, deixámo-la em 3.º, temos de olhar para o lado positivo. Silas teve o mérito, e nós enquanto equipa técnica, de nesses cinco meses conseguir levar equipa ao 3.º lugar. Estávamos em último nos grupos da Taça da Liga e da Liga Europa, conseguimos chegar aos quatro melhores da Taça da Liga e na Liga Europa conseguimos ir à segunda fase e fomos eliminados pela equipa que foi campeã na Turquia, o Basaksehir. Acho que foi um trajeto extremamente difícil tendo em conta o contexto, mas muito positivo, apesar de a ideia poder ser diferente. Mas foi um trabalho bom durante esses cinco meses.

— A esta distância, o que faltou para terem sucesso?
— No fundo, o que o Amorim teve, ou outro treinador que entrasse naquele contexto. Era preciso fazer o que o Amorim fez e ter as condições que o Amorim teve para novamente o Sporting entrar a competir forte com Benfica e FC Porto.

— Falou de jogadores com visibilidade mundial, como era a relação com o plantel? 
— Muito boa, apesar de tudo muito boa. E depois acabámos por sair porque o Silas veio ter comigo e disse-me que achava que era a melhor altura para sair. E fomos nós, foi o Silas quem pediu ao Hugo Viana para sair. Mas a relação com os jogadores era boa. Numa fase muito difícil foi muito bom o que fizemos. No Sporting foi muito gratificante, foi bom, só que o quadro era muito complicado.

— Era-lhe reconhecida uma boa relação com Coates, mantêm o contacto? 
— Não mantenho, mas era eu quem trabalhava o processo defensivo no Sporting, passava muito tempo com ele e com Neto. Era um relacionamento muito bom, na eventualidade de me cruzar com eles, não há qualquer problema.

Zé Pedro: «Rúben Amorim é uma referência para mim»

19 janeiro 2024, 08:30

Zé Pedro: «Rúben Amorim é uma referência para mim»

Antigo médio do Belenenses partilhou o balneário do Restelo durante quatro épocas com o atual técnico dos leões: «Como treinador enche-me as medidas, conseguiu colocar o Sporting numa dimensão diferente»

— Algum episódio que recorde desses tempos de Sporting, que o tenha marcado especialmente?
— É mais aquele contexto que o Sporting apresentava no momento. Foi momento marcante estar a ganhar 4-0 ao PSV, depois de ter perdido com o PSV no primeiro jogo da Liga Europa, e o público estar contra a administração. Mesmo com a equipa a ganhar 4-0 em casa ao PSV. É bem explícito o que estou a dizer.