Extremo-esquerdo foi fundamental nos títulos mundiais de 1958 e 1962
O Maracanazo de oito anos antes deixara profundas feridas no ser brasileiro (e também no WM, feito em destroços pelo 1x3x3x3 uruguaio), porém Vicente Feola possui argumentos de peso para acreditar que pode alcançar a redenção patriótica na Suécia. Primeiro, passa por cima dos relatórios de João Carvalhães, psicólogo da CBF, sobre a alegada falta de maturidade de Pelé e Garrincha, atribuindo-lhes um papel fundamental na equipa; e depois torna Mario Zagallo o ponto de equilíbrio do 4x2x4 – do qual Béla Guttmann reclama paternidade, na sequência da passagem pelo São Paulo, ao qual Feola tinha ligações profundas; mas que na verdade terá sido apenas uma evolução da tática ‘diagonal’ e bebido de vários contributos, como os do paraguaio Manuel Fleitas Solich ou os de Zé Moreira e Lula – que carrega o Brasil finalmente ao topo do futebol mundial.
Bicampeão mundial como jogador, em 1958 e 1962, depois campeão como treinador, em 1970, e como coordenador técnico, em 1994, o brasileiro foi uma das maiores lendas da história do jogo
O talento está obviamente no futebol de rua dos dois jovens, com Didi ainda a ser o chefe de orquestra, todavia o twist é dado por Zagallo, que funciona como falso extremo-esquerdo, recuando nos momentos sem bola.
Quatro anos depois, no Chile, o bicampeonato, agora com Aimoré Moreira ao comando, surge quase só assente no talento individual do pequeno pássaro Garrincha (Pelé lesiona-se ao segundo jogo) e num 4x2x4 ainda um pouco mais conservador e, na verdade, mais próximo do 4x3x3: Zagallo é mais uma vez fundamental na esquerda, agora a partir de um posicionamento mais baixo, ao lado dos médios, participando na chegada à área numa segunda vaga. O Escrete confirma a coroa de melhor equipa do planeta.
O último jogo de Zagallo pelo seu país tem lugar dois anos depois. Já não estará em campo no Inglaterra 1966.