Vizela-Boavista: convém voltar a vencer para a Liga, certo?
Recinto do conjunto minhoto vai ser palco de um duelo entre duas equipas necessitadas de pontos. (Foto: Facebook Vizela)

ANTEVISÃO Vizela-Boavista: convém voltar a vencer para a Liga, certo?

NACIONAL14.01.202408:00

Minhotos não triunfam para o Campeonato desde o dia 5 de novembro; portuenses têm jejum ainda maior, uma vez que o último triunfo já data de 18 de setembro; pauta classificativa não perdoa tantos deslizes

O Estádio Municipal de Vizela vai receber, esta tarde (18 horas) um dos últimos encontros da 17.ª e última jornada da Liga, sendo que Vizela e Boavista têm algo em comum: a 'fome' de vitórias.

Os dois conjuntos têm andado longe dos triunfos e isso tem naturais reflexos na tabela classificativa. De tal forma que os minhotos estão abaixo da linha de água (13 pontos). Os portuenses estão ligeiramente melhor - fruto de um início de época avassalador, que chegou a colocar os boavisteiros no topo da Liga! -, com 17 pontos, mas a queda tem vindo a acentuar-se...

E também não é por acaso, convenhamos, que ambas as equipas já trocaram de treinador na presente temporada. Sendo que, acrescente-se, no caso do Boavista a saída de Petit - substituído por Ricardo Paiva (que tem Jorge Couto como braço direito) - ficou também (em muito) a dever-se aos graves problemas financeiros por que passa o clube.

Além da necessidade premente de conquista de pontos, o Vizela tem outro aliciante extra para o jogo desta tarde: vencer pela primeira vez o Boavista em jogos a contar para o escalão maior do futebol português. Afinal, diz o histórico entre as duas formações que o empate tem sido o resultado mais registado (em cinco ocasiões), com as panteras a triunfarem por uma vez.

Vizela

Mesmo num período em que as vitórias têm escasseado, a grande verdade é que o Vizela nunca tinha conseguido pontuar em três jogos consecutivos esta época. Foram três empates (1-1 com Rio Ave e Estrela da Amadora e 0-0 com Moreirense), é verdade, mas foram três jogos seguidos a somar. 

Mas é preciso mais, claro está. A preocupante posição na tabela assim o exige. O Vizela está em lugares de despromoção e necessita de reverter o atual estado das coisas.

A entrada de Rubén de la Barrera (que ocupou o cargo após a saída do também espanhol Pablo Villar) parece ter trazido uma lufada de ar fresco aos minhotos que, com o novo técnico, conseguiram dois empates e uma vitória - esta para a Taça de Portugal, diante do Arouca (1-0), triunfo que permitiu aos vizelenses chegarem, pela terceira vez na sua história, aos quartos de final da prova rainha (o sorteio é já amanhã). 

A motivação parece estar a subir e, dessa forma, os adeptos acreditam que a equipa vai regressar às vitórias para a Liga. Algo que não acontece, refira-se, há mais de dois meses: desde o passado dia 5 de novembro, por ocasião do triunfo sobre o Casa Pia (1-0), com um golo apontado por Alberto Soro.

Daí para cá, sorrisos só mesmo na Taça de Portugal: vitórias sobre Estrela da Amadora (2-1, após prolongamento) e Arouca (1-0). Pelo meio, e para a Liga, quatro empates e duas derrotas.

Equipa provável (4x2x3x1): Buntic; Tomás Silva, Bruno Wilson, Anderson e Lebedenko; Rafael Bustamante e Diogo Nascimento; Matías Lacava, Samu e Matheus Pereira; Samuel Essende

Lesionados: Pedro Ortiz, Nuno Moreira, Dylan e Jardel

Castigados: -

Ao serviço das seleções: Osama Rashid (Iraque)

A antevisão de Rúben de la Barrera:

Figura: Samuel Essende

O goleador deste Vizela. Autor de oito tentos em 20 jogos, o ponta de lança franco-congolês tem também nos minutos de utilização (1716) outro dos indicadores do seu peso na equipa. É, atualmente, o terceiro jogador mais utilizado no plantel, apenas atrás dos (também) indiscutíveis Buntic e Samu. Mas Samuel Essende é (muito) mais que golos. A sua estatura física permite-lhe ter grande vantagem nos duelos individuais (pelo chão e pelo ar), ao passo que a sua passada larga é importante nos momentos em que a sua equipa precisa de explorar a profundidade. Poderá ser, percebe-se, uma tremenda dor de cabeça para o último reduto boavisteiro.

Boavista

Só um extraordinário arranque de Campeonato, que guiou as panteras ao topo da classificação (ainda sob a liderança de Petit) impede que, por esta altura, o cenário seja (ainda) mais problemático.

Porque o cenário do Boavista é deveras preocupante. Além dos conhecidos problemas financeiros que tantos problemas tem causado esta época - greve dos funcionários, greve dos elementos do departamento médico, recusa dos jogadores em treinar, etc... -, os axadrezados estão num jejum de vitórias que deverá estar a deixar os seus adeptos à beira de um ataque de nervos.

Afinal, é preciso recuarmos quase quatro meses para encontrarmos o último triunfo das panteras na Liga 2023/2024: foi a 18 de setembro do ano transato, na receção ao Chaves (4-1). Nessa altura, tudo eram rosas para os lados do Bessa...

O balão começou, porém, a esvaziar a partir dessa altura. Em 13 jogos (para todas as competições), apenas uma vitória (3-1 frente à Oliveirense, para a Taça de Portugal), cinco empates (sendo que um deles redundou em desaire, no caso, no desempate por penáltis, frente ao Arouca, para a Taça de Portugal) e sete derrotas.

Mas tentando vislumbrar algo de mais positivo que o Boavista tenha alcançado recentemente, então basta recuar... uma jornada. Tudo porque, na ronda anterior da Liga, os axadrezados bateram o pé ao FC Porto e obrigaram os dragões a deixarem dois pontos no Bessa, no eterno dérbi da cidade Invicta (1-1). Pouco depois de Toni Martínez ter dado vantagem aos azuis e brancos, Bruno Lourenço restabeleceu a igualdade e impediu mais uma derrota dos boavisteiros.

Equipa provável (4x2x3x1): João Gonçalves; Salvador Agra, Sasso, Rodrigo Abascal e Luís Santos; Seba Pérez e Makouta; Bruno Lourenço, Miguel Reisinho e Tiago Morais; Robert Bozenik

Lesionados: César Dutra, Augusto Dabó, Pedro Malheiro e Luís Henrique

Castigado: Ibrahima Camará

Ao serviço das seleções: Chidozie e Bruno Onyemaechi (ambos na Nigéria)

A antevisão de Ricardo Paiva:

Figura: Robert Bozenik

Quando as equipas estão em fases menos positivas, os goleadores costumam ser, por norma, os fatores desbloqueadores desses momentos. E Robert Bozenik tem todas as condições para assumir esse papel. O internacional eslovaco já deu provas mais do que suficientes da sua enorme valia e os oito golos que já apontou esta temporada dão-lhe o estatuto de melhor marcador da equipa. Além disso, apenas João Gonçalves pode dizer que tem mais minutos contabilizados que o número 9 das panteras. E é em Bozenik que os adeptos boavisteiros depositam, com grande dose de certeza, tremendas esperanças para uma tarde vitoriosa em Vizela...

Tudo somado, é caso para dizer que, apesar de o final do Campeonato ainda estar longe - afinal, estamos 'apenas' a terminar a primeira volta... -, este já é um dos jogos que os treinadores convencionaram chamar de finais. É ganhar ou... ganhar. Porque convém voltar a vencer para a Liga, certo?