FC Porto-Estoril, 4-0 Vitória em ritmo de samba a pensar naquilo que aí vem (crónica)

NACIONAL03.11.202423:17

Seguem-se Lazio e Benfica e o FC Porto fez uma exibição económica até à entrada de Galeno, que serviu de despertador à equipa. A seguir saltaram do banco outros desestabilizadores que depenaram os canarinhos

Depois de 0-5 na vila das Aves, um 4-0 ao Estoril, equipa que na época passada derrotara três vezes os dragões, a que se junta uma série de cinco jogos sem sofrer golos, eis um cartão de visita de um FC Porto que, para a Liga só perdeu pontos em Alvalade  e parece continuar a crescer coletivamente.

Para o jogo com os canarinhos, que vinham de golear o Arouca por 4-1, Vítor Bruno escalou a mesmo onze que tinha obtido a ‘manita’ contra o Aves SAD, e o seu homólogo, o escocês Ian Cathro, também perfilhou a teoria de em que equipa que já não se mexe. E antes de falarmos do FC Porto falemos do Estoril, que surgiu no Dragão com um 4x3x3 que não era volta e meia 4x5x1 ou 5x4x1, mas sim uma forma de organização que procurava defender alto, com três elementos, João Carvalho, Marquéz e Fabrício, embora sem grande agressividade, e tanto puxava a linha defensiva para a linha de meio-campo, como era capaz de baixar linhas mantendo sempre fidelidade ao supracitado 4x3x3. O FC Porto, por seu turno, talvez por não estar à espera da desinibição dos estorilistas, mostrou dificuldade em ligar o jogo, como se Varela e Nico olhassem mais para o lado e Fábio Vieira não fosse capaz de olhar para a frente. Nesta fase, de uma resistência assumida de forma atípica pelos forasteiros, ia valendo aos donos da casa a irreverência de Namaso, o inconformismo de Pepê e a excelência de Martim Fernandes, autor de assistências para dois golos. Mas, mesmo assim, valeram aos dragões, para ficarem sossegados cedo na partida, um erro de colocação de Pedro Amaral e Boma, no golo de Namaso (19 minutos), e um erro garrafal, para os apanhados, do togolês Kevin Boma, que com um passe desastrado para Robles entregou o ouro ao bandido e permitiu a Pepê um dos golos mais fáceis da sua carreira (28). De certa forma fez-se justiça, porque cinco minutos antes, Pepê ia em disputa com Pedro Amaral, o defesa canarinho teve um rotura, e o avançado portista, que ficara isolado, decidiu parar a jogada. Cartão branco!!!

Quer isto dizer que aos 28 minutos o jogo ficou resolvido e o FC Porto começou claramente a pensar nas viagens ao Olímpico de Roma e à Luz, baixando a intensidade de forma significativa, o que tornou o confronto em muitas fases aborrecido, porque uns não queriam, e os outros não podiam. Inclusivamente, ao intervalo, de forma prudente e ajustada, Vítor Bruno trocou Varela, que com quatro amarelos estava em risco para o jogo com o Benfica, por Eustáquio, e a equipa entrou para o segundo tempo, mais para descansar com bola do que para dilatar o marcador. As bancadas impacientaram-se (houve alguns assobios abafados por uma chuva de aplausos), e Vítor Bruno só acordou a equipa quando, aos 69 minutos, fez entrar Galeno para a esquerda, passando Pepê para a direita, saindo o discreto Fábio Vieira. Foi o toque a rebate do FC Porto, que logo a seguir ia marcando por Pepê a passe de Galeno, que aos 77 e 87 minutos bisou, colocando o placard nos 4-0 finais. Com a sacudidela que a equipa levou com Galeno primeiro, e depois Rodrigo Mora e Gonçalo Borges, o Estoril desorganizou-se, partiu-se a meio, e não fora o dragão ter de pensar nos jogos que se seguem (foram poupados os sobrecarregados Nico González e Francisco Moura) e teriam saído da Invicta com o cabaz bem mais recheado.

Foi uma vitória calma e tranquila do FC Porto, que jogou ao ritmo que mais lhe conveio, deu minutos a quem precisava e salvaguardou outras peças, apenas com um senão: Samu, herói nas Aves com um ‘hat-trick’, pareceu ao longo da noite um corpo estranho à equipa, ao nunca ser solicitado como gosta, e acabou por passar quase despercebido, entre Pedro Álvaro e Boma, sem ter sequer tido uma oportunidade para faturar num jogo em que não seria estranho se fizesse, até mais do que uma vez, o gosto ao pé. As soluções dos dragões, na noite de ontem, não passaram pelo recurso ao jovem espanhol, que teve como maior utilidade o facto de ter fixado ambos os centrais do Estoril.