Vitória de Guimarães: «Se não ganhasse na Luz poderia ser demitido…»
Manuel Cajuda recorda episódio marcante do último triunfo dos conquistadores no reduto das águias para a Liga. «Tive a lata de assumir que era benfiquista». Elogios ao Vitória e a Rui Borges
Já lá vai mais de uma década e meia desde que o Vitória de Guimarães ganhou pela última vez no reduto do Benfica em jogos a contar para o principal escalão do futebol português.
A 14 de março de 2009, jogava-se, então, a 22.ª jornada da época 2008/2009, os conquistadores regressaram ao Minho com três saborosos pontos na bagagem, fruto de um golo solitário de Roberto, a pouco mais de meia hora do final da partida.
Nessa altura, os vitorianos eram orientados por um antigo técnico que dispensa apresentações, tão profunda foi a marca que deixou nos relvados nacionais: Manuel Cajuda. A BOLA quis revisitar a história e esteve à conversa com o agora presidente do Olhanense, clube da sua cidade natal. Com a boa disposição e simpatia de sempre, Cajuda não precisou de ir ao fundo do baú das memórias para recordar esse duelo. Que até foi antecedido de um episódio fora do comum e que é explicado na primeira pessoa.
«Lembro-me perfeitamente desse jogo. Os jogadores do Vitória souberam interpretar todas as questões estratégicas, aproveitando alguma ansiedade do Benfica, que estava proibido de perder pontos na luta pelo título, e acabámos por vencer bem. Mas também recordo a incompreensão do futebol. Na antevisão dessa partida, tive a lata de assumir que sou benfiquista. Toda a gente entendeu mal e eu tive a certeza de que se não ganhasse esse jogo seria demitido do comando técnico do Vitória. O que acabou por acontecer foi que vencemos e, como deve imaginar, houve dirigentes do Vitória que ficaram de tal maneira surpreendidos que não puderam, naturalmente, demitir-me», recorda ao nosso jornal.
Daí para cá, não mais os vimaranenses triunfaram no reduto das águias para a Liga. O que acontecerá no domingo Cajuda não sabe, mas o antigo técnico tem duas certezas: a extraordinária temporada que o clube está a realizar e enorme qualidade de Rui Borges.
«Esta época do Vitória, a seguir à minha, será a melhor. Fico satisfeito e orgulhoso com esta campanha, tanto na Liga como, e especialmente, nas competições europeias. Relativamente a Rui Borges, devo dizer que estou encantado com o seu trabalho. E até estou completamente à vontade porque não o conheço pessoalmente. Não há boas épocas sem haver um bom líder. Eu, como ex-treinador, também tenho a responsabilidade de elogiar publicamente os jovens técnicos que trabalham bem, como é o caso do Rui Borges», concluiu.