Vitória de Guimarães: SAD com prejuízo de €14,7 M e passivo de €67 M
António Miguel Cardoso, presidente do emblema vimaranense, explicou as contas da SAD. (Foto: Vitória de Guimarães)

Vitória de Guimarães: SAD com prejuízo de €14,7 M e passivo de €67 M

Emblema vimaranense justifica estes dados «pela decisão de não vender ativos preponderantes para a equipa A [...], com o propósito de alcançar uma melhor performance desportiva, nomeadamente entrar numa fase de grupos de uma competição da UEFA»; vendas de Jota Silva e de Ricardo Mangas e verbas relativas à qualificação para a Liga Conferência ainda não estão contabilizadas no referido exercício

O Vitória de Guimarães deu este sábado a conhecer o Relatório e Contas da SAD, documento que vai ser apreciado e votado no próximo dia 21, às 21 horas, no auditório de Imprensa do Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

No referido relatório, constata-se que a sociedade vimaranense apresentou, na época passada, um prejuízo de 14,7 milhões de euros, sendo que o passivo passou a ser ligeiramente superior a €67 M (67.016.655), o que significa que aumentou cerca de 14 milhões de euros relativamente à temporada anterior (no exercício de 2022/2023 a verba cifrava-se nos 52.957.514).

«O total do passivo sofreu um aumento de 27%, sendo este incremento estritamente relacionado pela decisão de não vender ativos preponderantes para a equipa A, tanto nos mercados de inverno como de verão, com o propósito de alcançar uma melhor performance desportiva, nomeadamente entrar numa fase de grupos de uma competição da UEFA, potenciando deste modo o valor dos ativos intangíveis», justifica a SAD vitoriana no Relatório e Contas.

Há, no entanto, mais dados que ajudam a explicar estes resultados, nomeadamente a não contabilização de algumas vendas de jogadores e também as verbas provenientes da entrada fase regular da Liga Conferência. Estes factos consumaram-se depois de 30 de junho, pelo que não entram no relatório de 2023/2024: «Após o fecho das contas ocorreram alguns fatos que serão relevantes para a atividade da SAD, nomeadamente a qualificação para a fase de grupos da UEFA Liga Conferência, estimando-se um acréscimo de receita bruta acima dos 6M€, vendas de dois jogadores da equipa principal no mercado de verão, Jota Silva e Ricardo Mangas, que conjuntamente perfazem uma mais-valia contabilística mínima de 5.5 M€, dependendo ainda dos bónus por objetivos alcançados.»

O Relatório e Contas detalha também as contratações de jogadores para a temporada em curso: «Ainda relativo ao mercado de transferências de verão, avançou-se com a contratação do jogador Gustavo Silva com um valor de aquisição de 500.000 Euros por 50% dos direitos económicos com opção de mais 30%, Jesús Ramírez com um valor de aquisição de 660.000 Euros por 50% dos direitos económicos com opção de compra de mais 30%, José Bica com um valor de aquisição de 300.000 Euros por 50% dos direitos económicos com opção de mais 40%, Óscar Rivas com um valor de aquisição de 85.000 € por 90% dos direitos económicos e empréstimo do Kaio César por 300.000€ com opção de compra de 60% dos direitos económicos por 1.5M de Euros.»

Na mensagem transmitida aos associados através do referido documento financeiro, António Miguel Cardoso, presidente do Vitória de Guimarães, sublinhou o crescimento do clube a vários níveis: futebol masculino, feminino e de formação, bem como a subida do número de espectadores no recinto vimaranense e o aumento da venda de lugares anuais. «Estamos no caminho certo», garante o dirigente máximo do emblema minhoto.

A mensagem de António Miguel Cardoso:

A época 2023/24 ficou marcada pelo trajeto positivo do Vitória Sport Clube nas duas principais competições nacionais de futebol. O rendimento da equipa foi crescente e resultou na conquista do quinto lugar e no estabelecimento de um novo recorde de pontos somados (63) na Liga Portugal, com consequente apuramento para a UEFA Conference League pela terceira temporada consecutiva, e numa participação duradoura na Taça de Portugal, da qual foi eliminada somente nas meias-finais.
Atendendo a que precoce afastamento da Conference League não permitiu o retorno financeiro esperado e uma vez que os gastos foram similares aos da época anterior, uma das alternativas possíveis para que o resultado fosse positivo seria a venda de atletas no fim da temporada, antes do fecho do exercício. No entanto, a administração do Vitória SC, Futebol SAD teve a perceção de que a equipa iria ressentir-se dessas saídas, ficando aquém dos desempenhos pretendidos para a época seguinte. Atingir a fase regular da UEFA Conference League teria de voltar a ser um objetivo claro e só um Vitória SC forte em campo, dotado de bons argumentos, seria capaz de superar com
êxito todas as pré-eliminatórias.
Ciente do resultado negativo no exercício de 2023/24, a administração da Vitória SC, Futebol SAD viu a sua projeção confirmar-se, com o clube a fazer um dos melhores arranques da sua história na atual temporada e a ser o primeiro emblema português a apurar-se para a fase regular da UEFA Conference League. Dobrada essa primeira etapa europeia, o equilíbrio financeiro que tanto prezamos poderá ser retomado mais facilmente, tanto pelos bónus financeiros resultantes da participação na fase regular da UEFA Conference League como pela valorização dos atletas. Em nome de uma equipa cada vez mais competitiva, justificava-se contenção nas vendas e os resultados dessa visão estratégica serão, por certo, animadores e espelhados no relatório e contas relativo a esta época, que já contabilizará as vendas de Jota Silva e Ricardo Mangas, ambas acertadas no último verão, após o fecho do último exercício.
Numa época em que se registaram aumentos de 9% em assistências (um total de 293.315 espectadores) e de 8% em vendas de lugares anuais (um total de 16.561) no Estádio D. Afonso Henriques, saúdo ainda o crescimento do clube no futebol feminino. A equipa sénior disputou, pela primeira vez, o acesso ao playoff da Liga, a formação sub-19 participou na fase de apuramento para a Liga Elite e as sub-13 venceram a Taça Nacional Festa do Futebol. O mesmo espírito conquistador manifestou-se na formação, isto numa época em que se deu início a um detalhado programa de otimização dos recursos disponíveis com o claro objetivo de melhor formar os nossos jovens atletas, incutindo-lhes naturalmente o chamado ADN Vitória. Entre outros êxitos desportivos, os sub-17 alcançaram o quarto lugar e os sub-19 o terceiro. Estamos no caminho certo.