Villas-Boas promete: «Não viraremos a cara à denúncia»

NACIONAL08.10.202409:30

Presidente do FC Porto não quer de volta outros «tempos» do futebol português

André Villas-Boas apela a consequências «reais e efetivas» para «atos bárbaros de violência, discriminação e corrupção ativa e passiva no desporto português».

«Não viraremos a cara à denúncia, à cooperação ativa com as autoridades e as instâncias judiciais. Queremos e desejamos que muitas das entidades nacionais governamentais e as instituições ligadas ao desporto invistam cada vez mais na autorregulação, na execução da lei, mas também que sejam capazes de passar da omissão e da passividade para a condenação pública e judicial cada vez que estivermos perante atos bárbaros de violência, discriminação e corrupção ativa e passiva no desporto português», afirmou, durante um discurso na conferência de ministros do Desporto do Conselho da Europa, que se realiza esta manhã no Porto.

«Esses são os tempos que não queremos de volta ao futebol português e onde os seus verdadeiros adeptos não se reconhecem. Hoje urge a ação e não o silêncio», continuou, garantindo que está «carregado de expectativas» para este combate, mas alertando que «o terreno precisa de mais apoio, de ver consequências reais e efetivas, de ter razões palpáveis para dizer de peito aberto que no Desporto, efetivamente, o crime não é compensador».

O presidente do FC Porto sublinhou que o clube será «um ator ativo» contra «os ataques à integridade» do Desporto e deu três exemplos disso mesmo.

Primeiro, o Portal da Transparência, recentemente lançado: «Tornamos transparente todas as formas e proveniências de financiamento, a rastreabilidade das transferências de atletas e a natureza dos contratos: um tampão a qualquer operação que favoreça a criação de terreno fértil à corrupção ou até, no limite, ao tráfico humano. A própria UEFA elogiou publicamente este passo que demos em nome da integridade e que esperamos se torne uma regra. Descrição e secretismo no decorrer de negócios não tem de terminar em opacidade.»

Depois, o caso de Cardoso Varela, jovem de 15 anos da formação, envolvido numa transferência polémica, e que Villas-Boas considerou «vítima de um processo nebuloso que tem que ter um epílogo que sirva de desincentivo ao crime».

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Revista alemã fez uma reportagem sobre a ‘fuga’ do jovem prodígio portista para a Croácia. Teve acesso a uma carta do NK Dinamo Odranski Obrez à Federação croata, na sequência da queixa do FC Porto à FIFA, e publica declarações do suposto progenitor do atleta. Villas-Boas reitera que os dragões vão lutar até às últimas consequências para que casos similares não se repitam

«Poderíamos ter optado pela via mais fácil. Entrar num leilão desumano, em que os maiores beneficiários seriam agentes que ignoram a vertente humanista do Desporto e clubes que não cuidam verdadeiramente dos seus atletas. Pelo contrário, investimos os nossos esforços na recuperação do jovem, envolvemos as autoridades policiais e jurídicas nacionais e internacionais, promovemos processo junto das instâncias reguladoras, como as instâncias da FIFA. A razão está do nosso lado e esperamos que este caso seja um dos últimos em que jovens jogadores não são protegidos de interesses obscuros», disse.

Por último, sobre manipulação de competições desportivas, o presidente azul e branco salientou que o clube já faz ações de formação junto dos mais jovens e que «só se relaciona com operadores autorizados e reconhecidos legalmente que atuem na área das apostas desportivas».