Union Berlim: o desgosto de jogar na casa do rival Hertha
Equipa de Diogo Leite atua na Champions no Estádio Olímpico por determinação da UEFA e da Direção do clube
Já imaginou o Benfica jogar na condição de visitado no Estádio José de Alvalade ou de o Sporting fazer o mesmo no Estádio da Luz? De o Boavista jogar no Dragão como se fosse a sua casa ou de o FC Porto atuar no Estádio do Bessa para receber os seus adversários na Liga dos Campeões? Pois bem, é um cenário irreal, mas que se passa atualmente na Alemanha com o Union Berlim a defrontar todos os seus adversários na fase de grupos da UEFA – SC Braga, Real Madrid e Nápoles – na casa do grande rival da capital germânica, o Hertha.
Tendo em conta que o órgão que organiza a principal prova da UEFA por equipas determinou que o An der Alten Forsterei, com capacidade para 22 mil espetadores, não preenche os requisitos necessários para receber jogos da Champions, os responsáveis do Union Berlim tiveram de colocar de lado o orgulho e encontrar uma solução prática, embora contra a vontade dos seus adeptos. É que, devido à proximidade, a escolha teve de recair nada mais nada menos do que em casa do rival Hertha, o majestoso Estádio Olímpico, que alberga mais de 70 mil espetadores.
Na hora de tomar esta decisão difícil, e numa carta enviada pelo presidente Dirk Zingler aos adeptos, este preferiu optar pela maior capacidade do Olímpico para a estreia na Champions. «Depois de considerar muitos argumentos válidos, a direção do clube decidiu jogar os jogos da Liga dos Campeões no Estádio Olímpico e os jogos da Youth League no estádio An der Alten Forsterei. Temos um estádio pequeno», explicou.
Na altura, e sensível aos argumentos dos adeptos, o dirigente lamentou o facto de não ser possível realizar os jogos da Liga dos Campeões no estádio do clube. «Compreendo o desapontamento daqueles que gostariam de ver os jogos no An der Alten Forsterei, mas ao jogarmos no Estádio Olímpico, teremos a possibilidade de oferecer bilhetes a todos os adeptos para estes jogos.»
A escolha terá também a sua vantagem na componente financeira. E os valores falam por si. O estádio do Union, com lotação esgotada, rende cerca de 500 mil euros por jogo, enquanto em Charlottenburg - bairro onde se localiza o Estádio Olímpico -, são esperados cerca de dois milhões de euros por cada jogo desta dimensão.
O Olympiastadion é propriedade da autarquia de Berlim, mas é há décadas a casa do Hertha Berlim, que foi despromovido na última época. Esta temporada o estádio recebe jogos da Liga dos Campeões e também da 2.ª Bundesliga. «Podem acreditar em mim, houve decisões mais fáceis nos últimos 19 anos. Para mim, há mais de 45 anos, para os meus filhos há mais de 25 anos e, desde há alguns anos, também para os meus netos, o nosso estádio tornou-se um pedaço de casa. Sei que o mesmo acontece com muitos milhares de outros ‘Unioners’ e as suas famílias. Mas é igualmente importante para mim tornar possível que as pessoas vivam o Union. Vamos passar o ponto mais alto da história do nosso clube até agora com o maior número possível de ‘Unioners’», escreveu ainda o presidente do clube onde alinha o português Diogo Leite.