Um prémio para quem combateu melhor o medo: a crónica do Estoril-Portimonense
A festa dos jogadores do Estoril após o golo de Cassiano (Foto: Rodrigo Antunes/Lusa)

Um prémio para quem combateu melhor o medo: a crónica do Estoril-Portimonense

NACIONAL15.03.202423:35

Fraco espetáculo; Estoril teve as melhores iniciativas e regressa às vitórias seis jogos depois; Portimonense afunda-se na tabela

Quando se defrontam duas equipas de corda na garganta e que perderam o hábito de vencer, o medo de errar sobrepõe-se ao talento. E se a esse quadro mental assentar uma cacimba em hora já demasiado tardia que afasta ainda mais adeptos, o resultado é mais um daqueles encontros em que o espetáculo está longe de ser um direito garantido e o acerto palavra perdida no dicionário.

Mais desacerto ofensivo do que defensivo, na verdade. Porque nenhuma das equipas concedeu muitas oportunidades. O Estoril foi mais eficaz, num golo fácil de Cassiano aos 53’, encostando ao segundo poste na sequência de um ressalto conquistado por Wagner Pina na área, embora a jogada, iniciada pelo médio português e com colaboração de Mateus Fernandes, tenha sido uma soma de desdobramentos e triangulações que refletem o futebol feito de apoios da formação de Vasco Seabra, em oposição a um jogo mais prático e direto dos algarvios — porque Paulo Sérgio também não tem o talento individual dos estorilistas.

Apesar de o Portimonense ter sido a primeira equipa a criar perigo através da meia distância de Carlinhos (o melhor da equipa), os lances com melhor construção pertenceram aos estorilistas. Rodrigo Gomes, um destro a jogar como falso lateral-esquerdo, foi o mais perigoso e esteve perto de marcar em duas ocasiões (10’ e 40’).

Após o intervalo, veio então esse abalo na banalidade geral com a assinatura de Cassiano e a partir daí assistiu-se a maior atrevimento do Portimonense, mas tudo feito em esforço, na base de cruzamentos. Que por pouco não produziu efeitos: acampado na área como ponta de lança, Pedrão falhou na cara de Marcelo Carné (90+5’). As mãos na cabeça do brasileiro é o retrato do momento: uma equipa que se afunda na tabela em contraste com os de amarelo, que voltaram aos triunfos seis jogos e mais de um mês depois. Agora já com menos medo.