ENTREVISTA A BOLA «Um dos favoritos de Amorim pelo que conquistámos juntos»

NACIONAL31.12.202411:45

Pedro Gonçalves não esconde que saída do treinador para Inglaterra abalou o plantel. Sobre um possível convite para seguir para o Manchester United, mostrou-se reticente na resposta

- Chegou o Sporting e começou a impor-se na frente, sendo que no Valência jogava mais no meio-campo, não tinha tanta atividade junto da baliza. Mas no Sporting alguém viu em si algo diferente?

- Sim. Nas camadas jovens sempre fui aquele número 10 que gosta de chegar à área e marcar alguns golos. Sempre tive capacidades para isso, a verdade é que nunca pensei chegar aqui ao Sporting e na primeira época fazer aquilo que fiz, nem nos meus melhores sonhos, mas acabou por acontecer porque tive uma pessoa que acreditou muito em mim e nas minhas qualidades. E foi a melhor decisão.

- E qual é o peso de Ruben Amorim na sua carreira?

- É um peso muito importante. É um treinador que acredita muito, se calhar mais do que nós próprios, acredita nas qualidades que temos, naquilo que podemos dar ao jogo e foi isso sempre que ele me transmitiu, para acreditar em mim e para acreditar nas qualidades que tenho como jogador.

- Falava no que fez na época de estreia. Entrou para a última jornada a precisar de hat trick contra o Marítimo para ser o melhor marcador da Liga e aconteceu.

- Lembro-me de antes de entrar no jogo, estava na casa de banho, o Paulinho ao meu lado e disse-lhe ‘fogo o Seferovic já marcou dois golos e eu agora para ser o melhor marcador tenho de marcar três’. Ele deu-me total confiança e disse-me ‘não te preocupes que todas as bolas que tivermos vamos procurar-te' e aconteceu. Foi um momento incrível da minha vida e da minha carreira.

O grupo sempre esteve muito unido, sempre nos tentamos proteger uns aos outros, sentimos desde o primeiro dia em que o mister foi falar connosco que a possibilidade dele sair era muito grande

- Sente que era um dos jogadores preferidos de Ruben Amorim?

- Ele dizia nas conferências e nas flashes aquilo que nos dizia a nós. Ele dizia que EU era um dos favoritos a mim, como dizia também aos outros jogadores, sinto que era um dos favoritos também por aquilo que conquistámos juntos, mas certamente que ele tem jogadores de quem também gosta muito, eu não era o único.

- Foi um duro golpe a saída de Ruben Amorim?

- Sim, porque estávamos há muito tempo com ele, há quatro anos com ele. Claro que estávamos preparados porque a qualquer momento perdemos jogadores muito importantes, o Paulinho durante o verão, não estávamos à espera de que fosse sair, o Seba [Coates] também nunca pensámos que ele fosse sair e acabou por sair. O grupo sempre esteve muito unido, sempre nos tentamos proteger uns aos outros, sentimos desde o primeiro dia em que o mister foi falar connosco que a possibilidade dele sair era muito grande, e tentámos assimilar isso ao máximo e sabemos que o presidente tinha isto muito bem planeado e acabou por acontecer.

- Mas esperavam que fosse só no final da época ou estavam preparados para que fosse no decorrer da temporada?

- No início da época estávamos claramente preparados que fosse só no final, que talvez fosse a última época, era isso que ele transmitia para fora e também para dentro, mas aconteceu assim e era assim que tinha de acontecer. Tomou a decisão dele, mas ocorreu naturalmente para nós porque desde o primeiro dia ele foi sincero connosco e disse o que estava a acontecer, que os clubes estavam a negociar e nós aceitámos da melhor maneira.

- Por diversas vezes Ruben Amorim disse que se tivesse de levar algum jogador você seria o primeiro. Vai para Manchester?

- [Risos] Não sei o dia de amanhã. Estou focado agora na minha lesão, que é um bocado chata, um bocado complicada. Espero voltar ao meu melhor nível e se estiver ao meu melhor nível, certamente que vou ter muitas decisões a tomar. Espero que seja a melhor.

- Se Amorim o chamar vai?

- Não sei. Sou-lhe sincero, não sei. Porque gosto de estar aqui, a minha família está muito bem aqui. Tinha de ser algo bastante pensado.

- Falam com frequência?

- Falei uma vez porque ele perguntou como é que eu estava, se a lesão estava melhor. E foi a única coisa. Disse-lhe quando é que mais ou menos ia voltar, o que é que o departamento médico achava da lesão e foi a única coisa.

- Ainda sobre a saída de Ruben Amorim, o plantel claramente ressentiu-se desta mudança.

 - Sim, é o normal. Era o nosso treinador há bastante tempo. Deu-nos a mensagem que ia ficar connosco mais este ano e claro que sentimos, mas foi tudo naturalmente. Ele teve o tempo dele para se despedir e acabou por ser como tinha de ser.