«Trubin teve uma pressão de que não necessitava»
Anatoliy Trubin, guarda-redes do Benfica, (Maciej Rogowski/IMAGO)

«Trubin teve uma pressão de que não necessitava»

NACIONAL29.10.202321:30

José Boto foi diretor de 'scouting' de Benfica e Shakhtar; continua a defendê-lo: «Será um dos melhores do mundo»; críticas à gestão de Schmidt na baliza

Não é o erro cometido frente ao Casa Pia que vai mudar a opinião de José Boto em relação a Trubin. O antigo diretor do scouting de Benfica e Shakhtar continua a afirmar que se trata de «um dos três melhores guarda-redes sub-23 da Europa» e será «um dos melhores do mundo nos próximos anos».

«Foi mais um azar do que um erro. A bola bateu-lhe no pé e entrou por entre as pernas. Noutras circunstâncias seria mais uma boa defesa», disse a A BOLA o ex-chefe do scouting do PAOK, da Grécia, que em agosto, após o ucraniano assinar pelos encarnados, também em declarações ao nosso jornal, foi taxativo: «Se fosse eu a decidir, dava €10 milhões. Sei, pelos meus contactos, que o Shakhtar pediu muito mais ao Inter. Mas foi inteligente porque mais facilmente o Benfica vende o Trubin que o Inter.»

«É um lance que acontece porque o posicionamento dele é o de um guarda-redes proativo, que é o que uma equipa grande como o Benfica precisa. Trubin é um tipo de guardião que antecipa as jogadas. Claro que o golo sofrido foi um erro, mas não ficaria preocupado com este tipo de falha, porque é preciso ver o quadro completo», prosseguiu na análise, sempre na defesa de um jogador por quem mete as duas mãos no fogo. 

«Considero até que o erro maior foi de Jurásek, ao dar todo aquele espaço nas costas para o jogador do Casa Pia rematar», aponta José Boto, avançando com um exemplo no recente clássico com os dragões: «Vimos, por exemplo, no jogo frente ao FC Porto, ele antecipar-se numa saída muito oportuna, matando ali o lance. Se não o tivesse feito, teria sido uma oportunidade perigosa para o adversário.»

Além disso, recorda o antigo responsável pela observação de jogadores das águias, desde o encontro frente ao Salzburgo para a Liga dos Campeões que Trubin não cometeu qualquer erro. «Os adeptos até já diziam que o Benfica tinha ali um guarda-redes diferente, estavam a gostar dele. Até voltou a defender um penálti.»

Tudo diferente no Shakhtar

Do ponto de vista técnico, Boto nada tem a apontar a Anatoliy Trubin. A dúvida reside agora na parte mental. E sobre isso, diz, não tem elementos suficientes para fazer projeções carregadas de segurança. 

«Eu conheci-o no contexto do Shakhtar, onde não havia a pressão que há no Benfica. Na Ucrânia não há jornais desportivos, nós jogávamos fora de casa e vinham poucos adeptos, portanto era tudo muito diferente», descreve.

«Ele tem agora os holofotes demasiado em cima dele por causa do preço que custou [€10 milhões] e devido à forma como Roger Schmidt geriu a baliza. Trubin teve uma pressão que não necessitava», é a crítica que deixa, embora acreditando que a «frieza» levá-lo-á a ultrapassar os erros. 

«Passar por uma experiência destas num clube grande como o Benfica vai fazer dele ainda melhor», garante José Boto, embora antecipe um caminho com algumas pedras: «O público da Luz é de assobio fácil, em que passados dois ou três jogos faz a radiografia dos jogadores.»

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