Treinou com Messi e Di María no Mundial e agora estreou-se na Liga 2
Federico Gomes Gerh realizou o seu primeiro jogo na Liga 2. (Foto: Académico de Viseu)

Treinou com Messi e Di María no Mundial e agora estreou-se na Liga 2

NACIONAL14.05.202413:25

Federico Gomes foi o 27.º elemento da Argentina na competição realizada no Catar; tradição é antiga na seleção das 'Pampas' e craque do Benfica também foi 'sparring' em 2006; guarda-redes chegou esta temporada ao Académico de Viseu e já debutou na equipa principal; clube continua a apostar forte na formação

Lionel Messi, Angel Di María, Paulo Dybala, Julián Álvarez, Enzo Fernández, Nicolás Otamendi, Emiliano Martínez... Estes são só alguns dos craques da Argentina que marcaram presença no Campeonato do Mundo do Catar, realizado em 2022, e no qual a seleção das Pampas conseguiu o terceiro título mundial da sua história (havia ganho a competição em 1978 e 1986).

Mas, afinal, por que razão estamos a recordar alguns dos grandes craques que ajudaram a recolocar a Argentina no topo do futebol mundial? Porque, caro leitor, por vezes há histórias que valem (mesmo) a pena ser contadas...

Sabia que há um jogador que alinha atualmente num clube português e que fez parte da já referida constelação de estrelas da Albiceleste no Mundial 2022? É verdade. Falamos de Federico Gomes Gerth. Um jovem guarda-redes que representa o Académico de Viseu e que há cerca de um ano e meio vivia, literalmente, um sonho.

Celebração com Messi para recordar... eternamente. (Foto: Instagram/Fede Gomes)

Comecemos pelo princípio: desde 1986, no Mundial do México, que a Argentina tem a tradição de levar um jogador a mais na convocatória. É o chamado sparring. A FIFA designa quantos jogadores podem integrar a convocatória final, mas as seleções podem levar para estágio mais um elemento que, ainda assim, não fica, naturalmente, elegível para participar na prova. Nesse Campeonato do Mundo do México, a Argentina levou Nestor Sensini (antigo defesa-central que fez carreira em Itália, em clubes como Udinese, Parma e Lazio). A tradição foi-se mantendo e em 2006, no Mundial da Alemanha, o sparring da Albiceleste foi um velho conhecido do futebol português: Di María. O craque do Benfica começava, nessa altura, a dar os primeiros passos na sua seleção.

Di María em ação pela Argentina. (Foto: IMAGO / ZUMA Wire)

Ora, mantendo essa prática, a Argentina também chamou um 27.º elemento (a lista final entregue à FIFA comportava 26 jogadores) ao Mundial do Catar, realizado em 2022. E a escolha recaiu em... Federico Gomes Gerth. Um jovem guarda-redes que, à época, representava o Tigre (Argentina), clube onde realizou toda a sua formação.

Mesmo sem jogar, a recordação eterna com o título mundial. (Foto: Instagram/Fede Gomes)

Talvez nesse momento, Fede, como é carinhosamente tratado no mundo do futebol, estivesse longe de imaginar que, alguns meses mais tarde, estaria a embarcar para Portugal. Mas foi exatamente o que aconteceu em janeiro deste ano, quando o Académico de Viseu o recrutou ao Tigre.

Nascido a 5 de março de 2004, Federico Gomes Gerth foi internacional em vários escalões jovens da Argentina - esteve no Campeonato Sul-Americano de sub-15, em 2019, no Sul Americano de sub-20, em 2023, e no Mundial de sub-20, também nesse mesmo ano -, e é tido como uma das grandes promessas das balizas das Pampas.

OS ÍDOLOS ROGÉRIO CENI E CHILAVERT E A APETÊNCIA PARA... MARCAR GOLOS

É absolutamente normal que os jovens aspirantes a profissionais de futebol tenham, desde cedo, referências. Especialmente nos seus postos específicos. Fede Gomes não foge à regra e, apesar de ser argentino, tem dois ídolos de outras nacionalidades: Rogério Ceni (brasileiro) e Chilavert (paraguaio).

Terá sido quando dava os primeiros pontapés na bola que Federico Gomes Gerth começou a seguir as pisadas dos dois antigos guarda-redes, também eles sul-americanos, sendo que há um pormenor que poderá ter feito toda a diferença: os golos... marcados. Especialmente por Rogério Ceni. Que era, recorde-se, um verdadeiro goleador.

Não será, pois, de estranhar que Fede Gomes tenha apetência pelas balizas contrárias. Já apontou alguns golos ao longo da sua (ainda curta) carreira, com especial destaque para o feito alcançado no Torneio de L'Alcúdia, em Valência, no ano de 2022, onde se destacou, precisamente, na hora da finalização.

DOS SUB-23 À EQUIPA PRINCIPAL DOS VISEENSES

Da América do Sul à Europa. O salto foi dado em janeiro deste ano, quando trocou o Tigre pelo Académico de Viseu. O início da caminhada em solo lusitano deu-se nos sub-23 dos viseenses, onde desde cedo deu provas do seu real valor. Realizou cinco jogos pela referida equipa do Académico e, previa-se, a estreia pela formação principal era uma questão de tempo.

Aconteceu ontem. No Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, no duelo entre a União de Leiria e o Académico de Viseu, referente à 33.ª e penúltima jornada da Liga 2, Federico Gomes Gerth - que tem contrato com os viseenses até junho de 2027 - foi o eleito para defender a baliza dos Viriatos. O resultado não foi propriamente o mais desejado (0-3), mas na retina ficou o debute do argentino nos campeonatos profissionais em Portugal. E a promessa de que terá sido apenas... o primeiro dia do resto da vida de Fede.

MAIS JOVENS A ATRAVESSAR A PONTE

A estratégia do Académico de Viseu tem passado por potenciar talentos na formação e lançá-los, depois, na equipa principal. O caso de Fede Gomes foi apenas mais um. Porque antes do guarda-redes argentino, já outros jovens tinham... atravessado a ponte.

Especialmente porque o emblema de Viseu tem protocolos com o Hoffenheim (Alemanha) e com o Barra (Brasil) que servem, precisamente, para trabalhar jovens jogadores que são vistos como grandes promessas e que podem vir a ganhar o seu espaço na equipa A do Académico.

Marquinho é, por esta altura, o exemplo mais paradigmático desse processo. O jovem médio brasileiro, de apenas 22 anos, chegou esta época a Viseu para integrar os sub-23, mas rapidamente deu o salto e, ao dia de hoje, é um indiscutível na equipa principal. Tal como, de resto, fica provado pelos números: 30 jogos e cinco golos.

Mas há mais: Martim Ferreira (extremo, de 20 anos), Francisco Machado (médio, de 18 anos), Kauã Oliveira (defesa-central, de 20 anos) e Matheus Sampaio (guarda-redes, de 19 anos) também já tiveram a possibilidade de vestir a camisola do Académico na alta roda profissional.

O trabalho de base tem dado frutos - além dos protocolos com Hoffenheim e Barra há também o trabalho feito com os jogadores portugueses formados no clube ou que são recrutados a outros emblemas e que são integrados nas várias equipas da formação do Académico de Viseu - e a estratégia vai continuar a ser trabalhada nestes moldes. A SAD do emblema da cidade de Viriato tem como objetivo, claro está, conseguir recolocar o clube na elite do futebol português, mas também não esconde que o desenvolvimento da formação é absolutamente essencial à projeção do Académico.

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