14 abril 2024, 18:23
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Alguns dos segredos do primeiro título de campeão do Bayer
Bayer Leverkusen e Girona lutam pelo título; Estugarda, Nice, Brest, Bolonha e Athletic apontam à Champions; Saint-Gilloise tenta campeonato pela terceira vez seguida
Em sete das dez principais ligas europeias, há uma surpresa, seja a lutar pelo troféu mais desejado, o de campeão, ou um inesperado lugar europeu. O caso mais evidente é do Bayer Leverkusen, que lidera a Bundesliga com mais oito pontos do que o eterno campeão Bayern. No plano oposto, estão Escócia, Turquia e igualmente Portugal, onde Moreirense e Arouca são os melhores exemplos de superação, mas ainda assim a ocupar respetivamente sexto e sétimo lugares da Liga.
Não é só, no entanto, a equipa de Xabi Alonso que tem tomado de assalto a liga alemã. Doze pontos abaixo, porém ainda a ocupar uma impensável terceira posição no arranque de uma temporada em que a aposta apontava apenas para a tranquilidade e garantia de permanência, encontra-se o Estugarda de Sebastian Hoeness.
14 abril 2024, 18:23
Alguns dos segredos do primeiro título de campeão do Bayer
O apelido é capaz de não vos soar estranho. Filho de Dieter e sobrinho de Uli, antigos futebolistas e dirigentes do Bayern, e ele próprio ex-técnico da equipa de reservas dos bávaros, encontrou nas margens do rio Neckar e depois de uma estreia menos satisfatória no Hoffenheim – falhou objetivo de chegar à Europa – a sustentação de que precisava para uma ascensão rápida na pirâmide germânica.
O seu Estugarda, digno representante da escola de futebol edificada na região por Ralf Rangnick e Helmut Gross, é compacto, fluido no ataque posicional, muitas vezes a um só toque, rápido e vertical, além de pressionante e forte na reação à perda. Depois, há dois avançados goleadores como Serhou Guirassy (18 golos) e Deniz Undav (14) a dar o punch line.
A 12 jornadas do fim, die Schwaben apresentam seis pontos de vantagem sobre o RB Leipzig, quinto classificado, e a Champions está à vista. Com isso, Hoeness vê naturalmente o seu nome já associado à eventual sucessão de um cada vez mais fragilizado Thomas Tuchel na Sabener Strasse. Não é só o bom trabalho, as raízes estão mesmo em Munique. A concorrência, contudo, promete ser feroz.
Girona e Athletic Bilbao, que se defrontaram no fim de semana, com um triunfo dos bascos em San Mamés por 3-2, são os outsiders em Espanha.
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Os catalães atrasaram-se um pouco mais (o Real Madrid empatou na visita a Vallecas) e estão a seis pontos da liderança, já los leones são quintos, a 13 do topo, porém a dois de um lugar Champions, o 4.º, ocupado pelo Atlético Madrid.
Se de Michel e do Girona já se tem falado um pouco, ao ponto de o técnico ser também apontado a emblemas maiores, já do terceiro fôlego de Ernesto Valverde no Athletic menos se tem escrito. Um ano e meio depois de ter sido demitido de um Barcelona que nunca o apreciou verdadeiramente apesar dos dois títulos de campeão, Taça e Supertaça sobretudo devido ao fracasso europeu, começou a criar, a partir de junho de 2022, um conjunto basco feroz – a pressão hiperagressiva tem sido notada – e ambicioso.
Após o 8.º posto da época passada, o 5.º lugar que ocupa, a manter no final, poderá ser a melhor caminhada na La Liga desde 2015/16 e a segunda desde 2013/24 (4.º lugar), ambas também da sua autoria.
Em Inglaterra, o bom trabalho de Unai Emery salta ainda à vista. Quarto classificado da Premier League, o Aston Villa é candidato à Liga dos Campeões, embora tenha Tottenham e Manchester United à perna. Abaixo, precisamente na 7.ª posição, mora o Brighton de Roberto De Zerbi, que a maior parte dos fãs do jogo já segue desde os tempos do Sassuolo.
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Depois da inédita qualificação para a Liga Europa na época passada, o técnico italiano mantém o registo de sucesso, com um futebol muito ofensivo, de posse e risco, rotações posicionais e ritmo elevado. Até pela acalmia em Old Trafford, chegar aos red devils e à repetição do sexto posto da temporada transata parece cenário cada vez mais complicado de alcançar, ainda mais com também Newcastle, West Ham, Chelsea e Wolverhampton por perto, à espera de um deslize, no entanto as portas de clubes com maiores ambições do que os seagulls, como Liverpool e Barcelona, terão já ficado entreabertas, para agora ou para o futuro.
No país natal de De Zerbi, a Atalanta de Gian Piero Gasperini já não surpreende ninguém com o quarto lugar que ocupa (a 18 pontos do líder Inter), uma vez que desde 2016/17 só por três vezes fechou a Serie A abaixo desse patamar: 7.º em 2017/18, 8.º em 2021/22 e 5.º na época passada, sempre com o experiente técnico ao comando. O mesmo já não se pode dizer do Bolonha de Thiago Motta.
Em igualdade pontual com os bergamascos e com mais quatro do que uma Roma aparentemente revitalizada por Daniele De Rossi, a presença dos nortenhos na próxima Liga dos Campeões não é cenário tão rebuscado assim. Sete vezes campeão transalpino, com época dourada nos anos 20 e 30 (5 títulos), um eventual quinto ou sexto lugar final só teria paralelo na época 1970/71, ou seja, tratar-se-ia do melhor resultado em 53 anos. Há uma margem de sete pontos para gerir em 13 jornadas a fim de que esse registo seja alcançado.
Motta é outro jovem técnico a mostrar serviço e a apontar para objetivos mais ambiciosos. Depois de o Génova ter sido uma negativa primeira experiência de apenas dois meses, o antigo médio brasileiro naturalizado italiano garantiu duas lutas bem-sucedidas pela permanência ao serviço do Spezia, antes de assumir o lugar deixado vago pelo falecido Sinisa Mihajlovic. Os rossoblu garantiram um tranquilo 9.º posto em 2022/23 e apontam agora para um ano histórico.
A construir desde a baliza, o Bolonha é mestre a confundir as estratégias de pressão do adversário. Com a curiosidade de na saída um dos centrais (Lucumi) subir para o meio-campo, o guarda-redes ocupar o seu lugar e os laterais permanecerem baixos, a equipa facilmente cria ligações entre os jogadores, que estabelecem uma rotação posicional muito dinâmica, sempre à procura do homem livre para depois poder chegar em número à baliza rival.
Só Inter e Juventus perderam menos vezes no campeonato, respetivamente uma e três vezes contra as quatro do Bolonha, mas o que sobressai, mais do que os resultados e a posição na tabela, é a organização e uma identidade muito própria. Numa era em que toda a gente procura jogar da mesma maneira, isso tem óbvio valor.
Em França, o destaque tem ido quase todo para Francesco Farioli e para o agora terceiro lugar do Nice, embora a regularidade de resultados já tenha sido mais evidente. Nada que estrague, no entanto, a imagem do jovem técnico italiano, um ex-adjunto de De Zerbi que conseguiu criar uma dinâmica muito particular na Cotê d’Azur.
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Só que agora, na vice-liderança, a sete pontos de um intocável Paris Saint-Germain, surge o Brest, que nunca viveu nada parecido e a única festa que organizou para si foi a da conquista da segunda divisão em 1980/81, antes da falência no início dos anos 90. O autor do milagre é Éric Roy, de 56 anos, que vive apenas a segunda experiência como técnico, após ter orientado o Nice entre 2010 e 2011, sido diretor desportivo de Lens e Watford e ainda comentador televisivo. Não treinava há 12 anos.
Roy assinou em janeiro de 2023, evitou a descida sem grande sobressalto e leva agora 11 partidas seguidas sem perder. O Stade Brestois já foi a casa de jogadores como David Ginola, Bernard Lama, Franck Ribéry, Paul Le Guen e Stéphane Guivarc'h, todavia no pontapé de saída da Ligue 1 a pouco mais aspirava do que ao 15.º posto. É de assinalar o também muito bom trabalho de Paulo Fonseca no quarto lugar com o Lille, a nove pontos de Mbappé e companhia.
Nos Países Baixos, sobressai o terceiro colocado Twente, à frente de AZ Alkmaar e Ajax, embora a prestação pareça estar em linha com as posições ocupadas nas últimas duas temporadas, beneficiando de épocas mais irregulares de clubes com maiores pergaminhos que o perseguem, e até já tenha sido campeão de 2010/11.
Já na liga belga, que como se sabe é distinta devido à fase de apuramento de campeão, lidera o Union Saint-Gilloise, que já não festeja um título do primeiro escalão desde 1934/35.
Na memória dos seus adeptos ainda estão as duas últimas épocas. Em 2021/22, venceu a fase regular sob o comando de Felice Mazzù, mas quem levantou o troféu foi o Club Brugge e, em 2022/23, com Karel Geraerts no banco, terminou em segundo e partiu para a última jornada a depender apenas de si próprio para celebrar, só que caiu em casa com os blauw-zwart e deixou o título fugir para o Antuérpia. Agora, é Alexander Blessin quem tem a dura missão de não morrer na praia.
2024 tem sido o ano de surpresas, revelações e várias confirmações. E ainda não acabou.