Tozé Marreco: «Mercado? É normal que as saídas e as vendas aconteçam»
Técnico gilista está preparado para poder perder alguns dos jogadores que mais se destacaram. (Foto: Gil Vicente)

ENTREVISTA A BOLA Tozé Marreco: «Mercado? É normal que as saídas e as vendas aconteçam»

NACIONAL08.06.202410:00

Treinador do Gil Vicente tem noção de que alguns dos jogadores mais influentes podem rumar a outras paragens na temporada que aí vem; se assim for, haverá soluções, garante; futuro é... hoje

Com os pés bem assentes no chão. Assim esteve Tozé Marreco durante toda a sua carreira de jogar e essa base continua bem patente neste (ainda curto) percurso de treinador. E se as mudanças normais num plantel, de uma época para a época, tiverem de passar pela transação de alguns atletas que se tenham notabilizado, então isso é apenas e só um facto perfeitamente normal no futebol. Ao técnico cabe... arranjar soluções.

O plantel pode sofrer muitas alterações de uma época para a outra. Está preparado para estas alterações significativas?

É normal que as saídas e as vendas aconteçam. Em todos os clubes. São essas vendas que são decisivas para a sustentabilidade dos clubes. Relativamente às possíveis contratações, teremos de ser muito assertivos nessa matéria. Temos os perfis e as caraterísticas muito bem definidas relativamente ao que queremos, é um trabalho de mercado que está a ser feito em conjunto com o Tiago Lenho [diretor desportivo]. Sabemos os jogadores que queremos para cada posição. Quando uma base já está definida, poupa-nos alguns problemas. É muito importante para nós mantermos uma espinha dorsal e a escolha dos novos jogadores está a ser feita de forma muito criteriosa.

Está preparado para perder alguns dos ativos que se destacaram esta temporada, casos, por exemplo, do Andrew ou do Gabriel Pereira?

Se esses ativos saírem, temos de ter soluções. No futebol não há insubstituíveis. Em nenhum clube. Caso jogadores como o Gabriel Pereira ou o Andrew, por exemplo, que também beneficiaram muito com a mescla de experiência com juventude, sejam vendidos, eu tenho de estar preparado para colmatar essas saídas.

Foi ponta de lança. O que pretende para um jogador do referido posto específico? Quantos golos um ponta de lança de uma equipa como o Gil Vicente tem de fazer numa época?

Se fizesse 20 era muito bom [risos]. É cada vez mais difícil. Os goleadores estão cada vez mais caros no mercado. Mesmo os jogadores que fazem sete ou oito golos numa época já têm muito mercado aberto e é muito difícil segurá-los em clube de média dimensão. Os meus avançados têm de ter dimensão física, têm de ser essenciais na primeira linha de pressão e têm, claro, de fazer golos. Mas ter um ponta de lança que marque quatro ou cinco golos e que tenha influência direta em 10 golos dos alas ou do médio ofensivo, encantado da vida. Eu gosto de pontas de lança inteligentes, que percebam os espaços que têm de ocupar e que sejam rápidos no ataque à profundidade.

O dom do golo não se dá, mas podem ensinar-se algumas coisas relativamente à movimentação. Eu faço isso com todos os jogadores e não apenas com os pontas de lança. Se um ponta de lança rematar cem vezes vai rematar melhor. A repetição do movimento só ajuda a melhorar, isso parece-me óbvio. E nós trabalhamos muito isso para potenciar ainda mais as capacidades dos jogadores.

Tem contrato com o Gil Vicente até 2025. Se o presidente do clube lhe oferecesse já a renovação, aceitava?

Havia sempre que conversar. Há uma vontade muito grande de trabalhar. Sou, neste momento, muito feliz em Barcelos e ainda quero ser mais. Há uma identificação já grande com o clube e relativamente ao que quero implementar de exigência diária. Tem de haver uma fome diária a representar este clube e eu que colocar isso ainda mais no topo na próxima época. Não pode ser mais um dia no Estádio Cidade de Barcelos, tem de ser como se cada dia fosse o último, com uma grande ambição de ali estar e de representar o clube. Há uma empatia muito grande entre a estrutura, entre mim, o Tiago Lenho e o presidente, naquilo que queremos fazer e, como tal, há uma vontade enorme em trabalhar. Se o presidente um dia me quiser sugerir isso [renovação], cá estaremos para conversar.