Mauro Jerónimo conta a A BOLA que, em 2022, podia ter regressado ao país natal, mas um projeto a curto prazo e objetivos pouco claros levaram a que não desse esse passo

«Tive um convite de Portugal, mas não houve objetivos nem visão a médio-prazo»

Mauro Jerónimo revela a A BOLA que podia ter deixado o Vietname em 2022 para rumar a Portugal, mas a falta de confiança da direção para contratar quem queria para liderar o clube, aliado à falta de visão a médio-prazo, levaram a que rejeitasse o convite

Em entrevista a A BOLA, Mauro Jerónimo, treinador de 37 anos que esteve, até recentemente, no PVF do Vietname, confessa que teve uma proposta para, em 2022, rumar a Portugal. No entanto, diz, não aceitou porque o projeto de curto-prazo não tinha objetivos definidos. Ainda assim, um regresso a terras nacionais era algo que o técnico via com bons olhos.

O que reserva o futuro?

Ainda não sei. Foi tudo muito rápido... Como disse, ainda nem passaram sequer duas semanas. Agora estou num processo de estudo,  a acabar a licença Pro. Estou também a fazer um plano para mim. Para saber qual vai ser o meu próximo passo. E ver os próximos meses, para ver o que acontece em termos de propostas de trabalho. Tanto para ficar aqui, quanto para sair.

Recebeu alguma proposta de Portugal?

Sim, em 2022. Mas não foi aquilo que eu realmente queria. Já tive propostas para sair daqui para países asiáticos. Para o Japão já tive uma proposta. Já tive para a Tailândia também. Mas isso foi enquanto estava a trabalhar. Queríamos concluir o contrato e o projeto, que era muito bom. Agora, ou volto à Europa ou continuo aqui na Ásia.

Porque não aceitou a proposta em Portugal?

Diversos aspetos. Primeiro, os objetivos não eram muito claros. Depois, era um projeto de curta duração. Não tinha um projeto a médio-prazo. Nós sabemos que o futebol hoje em dia é a curto-prazo. Mas, pelo menos para mim, tinha de ser a médio prazo. Pelo menos, não mo apresentaram desta forma. E houve pouca abertura para trazer as pessoas que eu queria para trabalhar comigo. Porque são fundamentais. Esses três aspetos foram fundamentais para mim. Nem tanto a parte salarial. Os objetivos têm de ser claros. Tem de ser um projeto que dê para construir qualquer coisa. E tem de haver a possibilidade de trazer pessoas da tua confiança que possam te ajudar a implementar as tuas ideias. Isso para mim foi fundamental.

E se pudesse escolher?

Depois de estar aqui seis anos... Se calhar, voltar à Europa seria o ideal. Até porque a minha filha vai para a escola agora. Ficar mais próximo de casa seria bom para mim. Mas se és treinador de futebol, não podes restringir-te a uma só localização. O futebol é muito competitivo. Exige-te uma boa capacidade de trabalhar.

O que leva do Vietname?

Muita coisa. Viver numa cultura tão diferente. E ao mesmo tempo deu-me confiança para todos os trabalhos. Porque o que conseguimos construir aqui, em termos de identidade de jogo, de qualidade de jogo. excedeu todas as expectativas. O feedback foi tão positivo. Dá-me confiança para o futuro.  O Vietname foi um laboratório para mim. Foi-me dada essa oportunidade de trabalhar e de fazer experiências, também de aplicar novas coisas. Se calhasse, se estivesse noutro contexto, não seria possível. E deu-me duas filhas, que nasceram aqui.