Tiago Silva Da vida nas barracas em Lisboa ao Vitória, do qual o filho já é adepto
Tiago Silva, jogador do Vitória de Guimarães, é o convidado de A Bola Fora desta semana. O médio formado no Benfica, passou por Belenenses, Feirense, Nottingham Forest e Olympiakos antes de chegar ao Berço
- Começamos como sempre, o que estavas a fazer antes de eu chegar?
- Estava a tomar banho e estava com a minha esposa à conversa. Fizemos um negócio recente e estávamos a falar sobre isso.
- Aumentaram a família com a chegada do mais pequenino, como têm sido esta semanas a quatro? Difíceis?
- Difíceis, mas muito gratificantes. Estou muito privado do que é o descanso, dormir, antes tinha aqui uma pestinha à minha espera, agora tenho duas e a minha casa está cheia de amor.
- Qual é o teu contributo na gestão das noites? Tens treino de manhã…
- Sou muito bom pai nesse sentido, porque eu não consigo dormir. A minha esposa passa mal as noites, bem pior do que eu, mas eu não consigo desfrutar de uma noite porque não consigo sair do quarto. Durmo com eles lá e também durmo com o mais velho. Quando ele adormece venho para ao pé da minha esposa e do mais pequenino, depois ajudo um bocadinho. Seguro o biberão para ela dormir um bocadinho mais, estou acordado a fazer companhia para ela não passar tão mal nesta fase inicial, que é bem difícil.
- És um pai relaxado ou ansioso?
- Depende do tema. Gosto de dar liberdade ao meu filho mais velho, mas também sinto que fico ansioso e nervoso por ele quando ele tem de fazer alguma coisa fora da caixa.
- Assististe ao parto?
- Assisti aos dois. Como foi? Incrível! O primeiro foi uma cesariana, foi mais tranquilo, não pude ver nada. No segundo foi parto normal e filmei tudo, a minha esposa não acreditava que ia aguentar mas fui e correu muito bem.
- As pernas tremem mais aí do que quando se marca um penálti?
- Bem, muito bem. Não houve stress nenhum, preparam uma cadeirinha para mim para o caso de ter de me deitar. O médico ficou surpreendido, achou que eu ia passar pior. A Mónica também passou de uma maneira feia para o médico a dizer que não aguentar, “ele é homem”, mas acho que me portei bem.
- Como tem corrido nesta fase em que o bebé precisa de mais atenção?
- Temos sabido gerir muito bem a situação. O mais pequenino ainda mama, porta-se muito bem durante o dia. À noite é mais complicado. O maior acho que ganhou com a vinda do irmão porque para ele não sentir tanto temos dado muita atenção e ele tem sentido.
- Têm sentido falta de suporte familiar, uma vez que és de Lisboa?
- Como é óbvio, estando longe da família as coisas complicam. Sabes como é, sentes sempre falta de um apoio. Tenho aqui a minha avó, que é uma segunda mãe para nós e ajuda muito, mas sentimos falta de deixar as crianças com os meus pais para poder ir jantar fora, ir ao cinema, que eram coisas que fazíamos antes de ter filhos.
- O teu filho já percebe o que o pai faz?
- Sabe e é muito orgulhoso disso. Ele está numa creche em Guimarães e ali é tudo do Vitória, não há outra opção. Ele já era um bocadinho antes de ir para a creche, porque ele só entrou com um ano e pouco, e já era muito do Vitória. Não sei porquê porque nunca incutimos isso. Ele ia ao estádio e não percebia, mas ele aqui pedia para meter vídeos do Vitória. Sabe o hino de cor, se perguntarmos quem é o maior é o Vitória. É tudo Vitória. Ele já tem noção do que faço, na escola só falam no Vitória. O dono da creche já foi vice-presidente do Vitória e na escola diz “o meu pai é o Tiago Silva”, muito orgulhoso disso.
- Com que idade começaste a gostar de jogar à bola?
- Não sei, é das poucas coisas que sei que sei fazer, portanto acredito que seja desde pequenino e o meu pai diz isso, mas idade não sei dizer.
- Onde foi a tua infância? Como era o teu contexto familiar? Tens irmãos?
- Tenho uma irmã, uma das mulheres da minha vida. É mais velha, foi muito importante no meu crescimento. Tínhamos dificuldades financeiras, vivíamos num bairro social, crescemos nas barracas e o meu pai teve de emigrar para juntar algum dinheiro. A minha mãe trabalhava o dia todo e então passava a maior parte do tempo com a minha irmã. A minha irmã estudava e quando saía da escola vinha ter comigo. Estudava e trabalhava ao mesmo tempo para nos dar algum folego. Não quero falar sobre ela, mas é uma das mulheres da minha vida e foi muito importante para mim. Crescemos com algumas dificuldades, mas hoje graças a Deus estamos bem.
- Onde é que viviam?
- Vivíamos na Picheleira, num bairro social. Depois fomos para as casas da câmara, em Chelas, e depois, graças a Deus pudemos comprar uma casa para cada um deles e agora estão todos orientados.