«Tenho de tirar o chapéu ao Petit!», diz João Alves
Treinador boavisteiro satisfeito com o aumento de opções para o jogo da Taça de Portugal. Foto: Eduardo Oliveira

Nacional «Tenho de tirar o chapéu ao Petit!», diz João Alves

NACIONAL05.09.202318:25

João Alves, histórico jogador e treinador do Boavista, elogia atual momento axadrezado; «Jogo com o Benfica foi brilhante», diz

Quem tem menos de 25 anos não tem memória de algo assim: Boavista na liderança do Campeonato sem ser nas duas primeiras jornadas. E 25 anos, convenhamos, é até uma idade simpática, pois o que verdadeiramente nos interessa é uma data: 27 de maio de 2001.

Evidente e inesquecível: foi o dia em que os axadrezados, com Jaime Pacheco a treinador e com jogadores como Ricardo, Rui Bento, Pedro Emanuel, Litos, Petit (sim, esse), Sanchéz, Martelinho, Jorge Couto e Frechaut, entre muitos outros, se sagraram campeões nacionais pela primeira (e única) vez.

Mas é também, por incrível que possa parecer, o último dia em que o Boavista estava na liderança da Liga, excluindo as sempre imprevisíveis três primeiras jornadas. Daí que, com alguma boa vontade, se possa dizer que quem nasceu antes de 1995 não se lembrará deste facto que agora, passados mais de 22 anos, se repete: Boavista é líder da Liga. Não isolado, como nesse finalzinho de maio de 2001, mas líder. Para já, ao lado de FC Porto e Sporting.

João Alves, histórico jogador e treinador do Boavista, embora não só, conversou com A BOLA sobre o muito bom momento que os axadrezados atravessam e teceu enormes elogios ao atual líder do campeonato: «Estou a gostar muito deste Boavista. O jogo com o Benfica, então, foi brilhante. A vitória poderia ter caído para qualquer um dos lados, mas caiu para o Boavista e bem. Foi o melhor jogo do campeonato, até ao momento. Aquele triunfo não apareceu por bambúrrio!»

João Alves, o famoso luvas pretas, não tem dúvidas sobre os condimentos em que assenta este arranque de campeonato do Boavista: «Desde que regressou à Liga principal [2014/2015] que a equipa tem vindo a ganhar, ano após ano, mais consistência. A mística está lá e não desaparece de um momento para o outro. O clube ganhou maior estabilidade nos últimos tempos e depois, além dos jogadores e de toda a estrutura que rodeia o futebol, tem Petit. Tenho de tirar o chapéu ao Petit pelo trabalho que tem feito no Boavista. Merece o que está a conseguir, tal como o clube merece o que está a acontecer. Está, paulatinamente, a regressar ao lugar que em tempos fora dele e acredito que em breve voltará, por exemplo, aos lugares europeus. Petit voltou a fazer do Boavista uma equipa muito difícil de bater. Tem muitos e bons jogadores, alguns dos quais verdadeiros craques, outros também à procura de afirmação do futebol português e até europeu. É uma sopa, digamos assim, que o Petit está a cozinhar muito bem.»

Relativamente ao futuro do Boavista no campeonato, João Alves nada exclui. «É evidente que apenas estão disputadas quatro jornadas, mas, sinceramente, não excluo nenhuma possibilidade futura para o Boavista. Temos de aguardar por mais jogos, claro, mas parece-me que continuaremos a ver a equipa lá por cima», conclui o treinador.

Até agora, se pensarmos nas classificações/pontuações à 4.ª jornada, o atual Boavista está muito bem colocado. Nenhum tinha mais do que os atuais dez pontos e apenas dois tinham os mesmos pontos (1984/1985 com Mário Wilson no arranque e João Alves como jogador e a finalizar a época como treinador; 1995/1996 com Manuel José na liderança técnica). Em ambas as épocas os axadrezados terminaram no 4.º lugar do campeonato. E só noutras duas ocasiões, embora com menor pontuação, era líder à 4.ª jornada: 1991/1992 (Manuel José) e 2001/2002 (Jaime Pacheco). Na época do título, por exemplo,  2 vitórias, 1 empate e 1 derrota no final da 4.ª jornada e a cinco pontos da liderança do SC Braga.