14 setembro 2023, 11:56
Luisão estreou-se pelo Benfica há 20 anos
A 14 de setembro de 2003, o central brasileiro defrontou o Belenenses no Estádio Nacional e marcou um golo. Seguiram-se 15 anos sempre de águia ao peito
Rodrigo, antigo goleador do Benfica, visita a atualidade dos encarnados e recua aos seus anos dourados na Luz, em exclusivo a A BOLA
— Quase dez anos depois de ter deixado o Benfica, transferido para o Valência por €30 M, ainda segue o clube?
— Houve um tempo em que me afastei um pouco do futebol europeu. Vi alguns jogos da Champions, que não correu bem ao Benfica nesta temporada, mas o Benfica é um clube que vai estar sempre no meu coração. O dia a dia e as obrigações do dia a dia por vezes não permitem, é difícil manter convívio diário, mas estará sempre no meu coração. Vou desejar-lhe sempre o melhor. Espero que tenha um bom percurso na Liga Europa, nos anos em que conseguimos chegar à final da Liga Europa também caímos da Champions. Todos gostam de passar à próxima fase da Champions, mas não deixa de ser uma oportunidade para chegar mais longe na Liga Europa ou de conquistar um título europeu. Há muito tempo que o Benfica não consegue. Desejo-lhe o melhor.
— Três épocas, 120 jogos, 45 golos, é um dos clubes da sua vida?
— Com certeza, com certeza, foi o meu primeiro grande clube. Antes do Benfica tive uma passagem pelo Bolton, mas não tem a dimensão do Benfica. Poucas pessoas que não viveram em Portugal têm a verdadeira noção da dimensão do clube, da importância do Benfica para as pessoas. Fui realmente muito feliz no Benfica. Naquela segunda época [2012/2013] aconteceu aquela loucura [risos], perdemos três títulos em 11 dias.
— Não se esqueceu disso…
— Nunca, nunca, nunca vou esquecer, foi momento de muita frustração. Muita mágoa também, doeu muito, doeu muito. Liga Europa, Campeonato e Taça de Portugal. Doeu muito, naquele momento, mas, graças a Deus e ao esforço de toda a gente, conseguimos de alguma maneira dar a volta por cima na temporada seguinte, quando conseguimos conquistar três títulos nacionais [Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga]. Infelizmente, não conseguimos conquistar a Liga Europa, mas mostrámos ali o nosso valor chegando à final pelo segundo ano consecutivo numa competição tão complicada, acho que reafirmou o valor daquele grupo. As lembranças de Portugal, do Benfica, de Lisboa, são maravilhosas, ainda mantenho contacto, embora não de forma muito contínua, com alguns companheiros daquela época. Com Artur, com Luisão.
Foi muito importante para mim, Luisão foi o primeiro grande exemplo que eu tive de como deveria comportar-me como atleta profissional e como pessoa, primeiro grande exemplo que tive dentro do mundo do futebol
— Esperava que Luisão se tornasse dirigente do Benfica?
— Acho que sim, era uma coisa quase inevitável, uma pessoa que está tão ligada à história do clube. Como acontece em muitos outros clubes. Olhamos para ele e associamo-lo diretamente ao Benfica, pessoa muito ligada à história do clube, se não me engano é o jogador com mais títulos na história do Benfica. É realmente uma pessoa muito representativa do Benfica, alguém que é também muito próximo dos adeptos, que representa muitos dos valores do Benfica e dos valores que o adepto do Benfica quer para o seu clube. É alguém que merece tudo o que de bom possa acontecer-lhe e à família. Ajudou-me muito e a outras pessoas também, um exemplo para todos. Foi muito importante para mim, foi o primeiro grande exemplo que eu tive de como deveria comportar-me como atleta profissional e como pessoa, primeiro grande exemplo que tive dentro do mundo do futebol.
14 setembro 2023, 11:56
A 14 de setembro de 2003, o central brasileiro defrontou o Belenenses no Estádio Nacional e marcou um golo. Seguiram-se 15 anos sempre de águia ao peito
— Sabe quem é atualmente o presidente do Benfica?
— Sim, sim, Rui Costa é o presidente do Benfica [risos]. Quando eu estava aí era o diretor desportivo, foi alguém que me ajudou muito e que me deu sempre muitos conselhos. Todos nós o respeitávamos pelo que ele era como pessoa, mas logicamente por tudo o que representou enquanto jogador de futebol, sem dúvida uma grande figura do futebol mundial durante muitos anos. Só tenho a desejar-lhe o melhor.
— Cardozo, Saviola, Salvio, vários antigos jogadores do Benfica voltaram para visitar o clube, Rodrigo pensa fazê-lo também?
— Tomara que seja o mais depressa possível, desde que saí do Benfica só voltei a Lisboa em duas ocasiões. Não há muitos dias de folga e não é fácil adaptar horário e encurtar distâncias, é complicado. Lisboa é uma grande cidade para passear e reencontrar amigos seria muito bom.
Clube e adeptos vão estar sempre no meu coração. Desejo o melhor para o que resta da época, que consigam conquistar os seus objetivos. E vão ter um adepto mais em Doha a desejar o sucesso do clube
— Quer deixar uma mensagem aos benfiquistas?
— Quero agradecer todo o carinho que as pessoas tinham por mim e que continuam a ter, como vejo nas redes sociais. E também quando encontro portugueses pelo mundo. Em Doha vivem muitos portugueses que se lembram com carinho dos meus passos no clube. Clube e adeptos vão estar sempre no meu coração. Desejo o melhor para o que resta da época, que consigam conquistar os seus objetivos. E vão ter um adepto mais em Doha a desejar o sucesso do clube.
— Valência foi o clube em que passou mais tempo, seis temporadas, depois de ter saído da Luz.
— É um clube muito marcante na minha carreira, o clube em que passei mais tempo, tenho grandes recordações da cidade, do clube, do estádio, dos adeptos, a minha filha nasceu em Valência e isso é algo marcante na vida de qualquer pessoa. Estou grato por tudo o que vivi lá, passámos por momentos bons e maus, consegui conquistar um título importante, num clube que vinha há muitos anos sem conquistar qualquer tipo de troféu. Ganhámos a final da Taça do Rei contra o Barcelona de Messi, de Luís Suárez, de Phillipe Coutinho, foi momento especial, que eu guardo com grande carinho. Eu vinha do Benfica, e jogando por Benfica, FC Porto ou Sporting você sempre está mais perto de conseguir títulos. Mas em Valência, com a presença de Real Madrid e Barcelona… coincidi com a época do Barcelona de Messi, Neymar e Suárez, e do Real Madrid de Ronaldo, Sérgio Ramos, Benzema e Modric...
— A liga 'começava' no 3.º lugar…
— Exatamente, não deixavam muito espaço para o resto, foi um sentimento muito especial ganhar aquela Taça do Rei. Não que os títulos do Benfica não tenham sido também muito especiais, até porque quando ganhámos a Liga já havia também algumas épocas sem ganhar. Mas quando estamos num clube que está há 15 anos sem ganhar um título e somos protagonistas na conquista... marca um pouco mais. Sou grato ao Valência, permitiu-me chegar à seleção de Espanha e jogar um Mundial.