SPORTING-ST. GILLOISE, 2-2 Campeão com sabor a Nel… até perder o gás
Processos e rotinas do leão continuam na ponta do pé mas a pré-época pesou nas pernas num jogo em que Amorim apenas usou 12 jogadores. Sem os internacionais europeus e sem… Gyokeres, deu para ver Kovacevic ficar mal numa fotografia que até estava a ser prometedora. Trincão ao nível do melhor, Nuno Santos e Pedro Gonçalves (um golo) sempre em grande e dois jovens a ter em conta: Mateus Fernandes a construir e Rafael Nel a… marcar
O campeão mostrou-se enfim, ainda apenas com um reforço às ordens de Rúben Amorim, o guarda-redes Vladan Kovacevic, com muitas ausências e alguns jovens a quererem mostrar serviço. E enquanto teve gás, o campeão mostrou que não esqueceu a receita que levou ao título, tem-na na ponta do pé mas ainda não tem fôlego para dominar um jogo por completo, sobretudo se do outro lado estiver uma equipa com 15 dias de avanço na preparação e que rodou jogadores na segunda parte. Durante 70 minutos o Sporting tinha a vitória na mão, em pouco menos de 20 deixou-se empatar a dois pelo vice-campeão belga. O leão apenas usou 12 jogadores, os outros ou ainda não chegaram das férias ou tinham jogado com o Portimonense (2-0) de manhã à porta fechada. E isso pesou nas pernas em altura de carga máxima nos treinos.
Faltou ainda muita gente e importante no leão. Porque internacionais, peças fulcrais, como Gonçalo Inácio, Morten Hjulmand, o reforço Debast e, claro, Gyokeres, a recuperar de lesão – e quando ele voltar a forma de jogar será certamente diferente, como só ele é capaz de impor. E faltou gente que já não volta e que era titular, sobretudo na defesa, como Adán e sobretudo o patrão e capitão da equipa Sebastián Coates. Por isso, desde logo a curiosidade para se perceber quem e como substituía estes experientes leões.
E é sempre a partir de trás que Rúben Amorim mete as suas equipas a carburar. Na troca direta de guarda-redes só foi possível perceber como Kovacevic defende a baliza com as mãos aos 57’, porque os belgas simplesmente não obrigaram o bósnio a qualquer defesa até essa altura: chamado a remate forte, defendeu no chão e com bons reflexos – acabou depois por falhar na saída que permitiu o 2-2 aos 88’ por David. Percebeu-se melhor é que em relação a Adán o Sporting fica a ganhar na construção, porque Kovacevic emprestou uma segurança a jogar com os pés que o espanhol nunca mostrou nas quatro épocas em que ajudou a conquistar dois títulos nacionais.
Diomande fez de Coates. Por ele algumas vezes começou a equipa a sair mas sem Gonçalo Inácio, exímio a fazê-lo a partir da esquerda, foi muitas vezes Morita chamado a juntar-se aos centrais para pegar na bola e procurar a transição com qualidade – o japonês apagou-se no entanto nos segundos 45’.
O Sporting dominou sempre na primeira parte. Primeiro numa ação mais territorial, no último quarto de hora já com entrada frequente na área dos belgas. Sempre na procura dos processos adquiridos ao longo da era Amorim, ontem muitas vezes com Trincão pela direita a empurrar a equipa para a frente e também Nuno Santos a dar profundidade pela esquerda.
As oportunidades tardaram a dar expressão ao domínio leonino. Mas surgiram aos 37’ por Morita; aos 44’ por Catamo em remate de longe; aos 45+1’ por Rafael Nel: golo do jovem que fez de Gyokeres, depois de grande cruzamento de Nuno Santos da esquerda, remate de Morita, defesa de Moris, e novamente o nipónico a assistir o jovem de 19 anos que, à ponta de lança, empurrou na pequena área e a fazer Rúben Amorim sorrir.
E começou aí a hora dos jovens. Porque no recomeço da partida o leão ganhou gás pelo miolo. O processo também existiu por aí e sob a batuta de Mateus Fernandes, que na segunda parte abriu o livro aos 54’, em progressão passou a linha de meio campo, driblou um adversário e viu Pedro Gonçalves na esquerda à entrada da área: passe longo cruzado para meter Pote em posição de golo – o camisola 8 rematou forte e colocado para o 2-0, dando também ele expressão ao crescimento que teve no jogo, procurando muitas vezes zona interior e a chegada à zona de finalização, ainda teve outro tento nos pés, lançado por Nel, mas já numa fase em que faltava força…
O Saint-Gilloise refrescou então a equipa. O Sporting não – até ao final só a troca de Rafel Nel por Samuel Justo. E perdeu o gás. Cresceram os belgas, marcaram por Sadiki num remate de longe aos 73’ e aos 88’ por David com Kovacevic a ficar mal numa fotografia até aí prometedora. Os sanais do campeão até foram positivos mas o peso da pré-época fez-se sentir e como a última imagem é a que fica no ar acaba por pairar que este campeão tem a receita, mas tem de a saber cozinhar até ao fim. Há mais de duas semanas para a apurar até à Supertaça.