Sporting: Saiba tudo o que disse Rúben Amorim
Treinador fez a antevisão do jogo com o V. Guimarães, referente à 13.ª jornada da Liga, amanhã, às 18 horas
- Este é o primeiro de cinco jogos até ao fim de 2023. Quão importante seria terminar este ano civil na liderança do campeonato?
- Isso é tão mais à frente. Interessa é ganhar ao Vitória de Guimarães. Olhando para o nosso calendário, sabemos que há sempre jogos difíceis num campeonato muito difícil e onde já se provou que todas as equipas podem perder pontos. Não há nada mais além do Vitória de Guimarães. Não muda o nosso objetivo. Pensamos jogo a jogo, mas temos um objetivo claro no final, não precisamos de estar sempre a falar nisso. Se não pensarmos jogo a jogo vamos ter problemas. Amanhã vamos ter um jogo onde vamos ter de sofrer, se tivermos essa capacidade de sofrer sempre que o Vitória fizer uma transição... Num estádio onde é sempre difícil jogar, mas é sempre incrível, pela paixão que os adeptos têm. Espero um bom jogo e uma vitória do Sporting.
- Qual é o ponto de situação dos lesionados?
- O St. Juste está fora, o Dani [Daniel Bragança] está fora e o Fresneda continua o seu processo. Não há nenhuma recuperação.
- Coates não vai jogar, três jogadores vão estar em risco... Quem vai substituir Coates? Vai fazer gestão para jogo com o FC Porto?
- Não vamos fazer gestão nenhuma! Este é o jogo mais importante, como dizem todos os treinadores. Pensámos um bocadinho nisso no último jogo, com o Benfica, e também com o Estrela da Amadora, quando tínhamos todos os centrais disponíveis, protegemos um bocadinho o Inácio e acabou por não correr muito bem. Só queremos ganhar ao Vitória e vamos apresentar a melhor equipa. A melhor maneira de ganhar o jogo seguinte é ganhar o que está à nossa frente e não vai haver qualquer gestão. Vejo um jogo muito difícil em Guimarães e vai jogar a melhor equipa.
- Considera que o Sporting é justo líder neste momento?
- Volto a dizer o que já disse quando falámos do Benfica passar para primeiro, a classificação diz qual é a melhor equipa. Também acho que durante o campeonato vai sempre haver uma equipa a jogar melhor que outra, são fases. Acho que estamos bem, mas temos de jogar melhor. Neste jogo precisamos de uma velocidade acima. Não vou dizer que somos justos líderes porque fizemos mais pontos e porque temos sido muito competentes, mas, depois de amanhã, podemos não ser líderes. O foco está no próximo jogo, isso é irrelevante neste momento.
- Gyokeres está a ser muito cobiçado. Pode garantir que não sai já em janeiro?
- Não posso garantir nada, o que posso dizer é o que me dizem e que é que qualquer jogador só sai pela cláusula. É a única segurança que os clubes em Portugal têm. A nossa ideia é não vender ninguém em janeiro, porque temos um calendário cheio e precisamos de todos os jogadores disponíveis. Estou tranquilo em relação a isso.
- Acha que os adeptos preferiam receber já os €100 milhões por Gyokeres ou, eventualmente, só no final da época? O avançado está a aprender português, que expressões ele já usa?
- Não sabia disso, mas acho que já é importante, começamos a ter mais estrangeiros, damos instruções em português e inglês. Os jogadores falam a língua deles, do jogo, dos posicionamentos. Não ouvi palavras em português, mas o St. Juste é o melhor nisso, seria um jogador realmente especial sem lesões. Fico feliz por isso, mas não fazia ideia, vejo com bons olhos. Adeptos? Nunca querem perder jogadores, querem sempre os melhores. De certeza que queriam que cá estivessem o Nuno Mendes, o Matheus Nunes... Neste momento só vendemos pela cláusula, é uma segurança diferente da do ano passado, quando o Porro saiu em janeiro quando era muito importante.
- Vai olhar com especial atenção para os jogos dos rivais esta jornada? Sporting pode ir para o jogo frente ao FC Porto com avanço de três pontos...
- Não olho muito a isso, porque já tinha saudades de não estar preocupado com o que acontece nos outros jogos para nós podermos chegar um bocadinho à frente. Focamo-nos no nosso jogo. Se ganharmos o nosso jogo seremos os primeiros classificados e esse é o objetivo.
- Como está St. Juste psicologicamente? Teme acabar por perder o jogador para as lesões?
- Enquanto eu for treinador dele, ele não vai desistir. As vezes que for preciso levantar o St. Juste, nem que eu vá fazer tratamento com ele, ele voltará. Desta vez teve azar. Ele fazia épocas boas, não tinha competições europeias, e depois teve uma época praticamente parado. Veio para a pré-época, teve uma lesão no tornozelo. Depois teve uma lesão muscular e nós tentámos deixá-lo no máximo. A nossa equipa é muito mais forte que o St. Juste, mas ele é muito importante para nós. Terá ainda uma grande carreira. Obviamente que é difícil olhar para ele hoje e voltar a ter as mesmas conversas de 'vamos lá, vamos recuperar', para um jogador é difícil. Mas faz parte da nossa vida. Há coisas bem piores do que isso, ele está estável na vida e vai voltar a ser o jogador que era.
- O Sporting tem sofrido golos em todos os jogos. Adán tem tido um rendimento mais baixo este ano. Já pensa na renovação da baliza?
- O nosso pensamento não está nesse aspeto. Temos o Franco [Israel] e o António [Adán], assim como outros jovens a crescer. Não há como mudar essas estatísticas, mas nós fazemos a avaliação lance a lance. Olhar para as estatísticas é curto para entendê-las. Adán trabalha bem, mas não tem tido a sorte. Falámos do Pote, mas estatísticas dizem que está num rendimento inferior. Análise ao Adán é igual à dos outros. Acreditamos muito neles e que vai melhorar. Contra o Gil Vicente quase não deixámos rematar e ele sofreu um cabeceamento quase em cima dele, falhámos na marcação e deixámos o António levar uma bolada em cima dele. Se olharmos só para as estatísticas e não para o que está à volta, torna-se uma avaliação muito superficial. Não estou a pensar em mais ninguém para a baliza, acreditamos muito nos guarda-redes que temos. A equipa toda tem de melhorar. Éramos sempre uma equipa que não sofria golos de bola parada e marcávamos muito, agora temos sofrido alguns.
- Que peso pode ter a ausência de Coates em Guimarães? Hjulmand pode assumir esse papel de voz de comando?
- Toda a gente tem de se chegar à frente, não só o Hjulmand. A equipa tem de crescer nesse aspeto. O Seba [Coates] não jogou também em jogos importantes [frente ao Arsenal] o ano passado, no jogo frente à Atalanta, em casa, sentimos o nervosismo de querer dominar e quando ele entrou, tudo acalmou. No segundo jogo já não senti isso, começou no banco e a equipa esteve bem. O Seba não será eterno, mas também não está para acabar [risos]. Com o desenrolar da idade tem de haver rotação e toda a gente tem de se chegar à frente, um clube como o Sporting não pode ser dependente de um só jogador e os restantes estão preparados para isso. Mas, a bola parada, a sua capacidade de fazer a linha [de fora de jogo], de empurrar a equipa para a frente, são aspetos difíceis de tapar [face à ausência de Coates].