Chiquinho Conde, antigo jogador do Sporting e atual selecionador de Moçambique, rendido a Geny Catamo; revela os conselhos que lhe tem dado e acredita que vai afirma-se na equipa a breve prazo; elogia a gestão de Rúben Amorim
Geny Catamo já caiu nas graças dos adeptos e o golo que marcou na vitória diante do Olivais e Moscavide (3-1), na Taça de Portugal, o primeiro pela equipa principal do Sporting, confere-lhe dose extra de motivação.
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A BOLA falou Chiquinho Conde, avançado que jogou de leão ao peito em 1994/1995 e em metade da época seguinte, atual selecionador de Moçambique, que não se coibiu de tecer rasgados elogios a Catamo, de quem diz ser fã e a quem augura futuro promissor ao serviço da equipa de Alvalade.
Moçambicano jogou toda a segunda parte e a sua ação foi determinante para a vitória do Sporting diante do Ol. Moscavide
«O que ele está a fazer no clube reflete-se na seleção. O Geny tem trabalho imenso, a estrutura do Sporting tem sido responsável, aliado ao talento do jogador, pelo crescimento dele. Teve a sorte de vir para a Academia ainda novo e já se notava que estava ali um diamante por lapidar. A qualidade depressa veio ao de cima, também com a confiança da estrutura técnica. É agora um jogador evoluído, mas com grande margem de progressão», começou por dizer.
Tiques de jogador de rua
Sobre a posição mais avançada em que jogou com o Olivais e Moscavide, Chiquinho Conde não tem dúvidas de que é a mais adequada para Catamo, mas elogia a gestão que Rúben Amorim tem feito com o camisola 21: «No sistema 3x4x3, o treinador tem estado a colocá-lo na direita ou na esquerda como lateral ou médio e isso dá-lhe uma outra condição de aprendizagem tática. Mas, a posição onde o Sporting pode tirar mais partido dele é, sem dúvida, nas três posições do ataque, mas a concorrência é muito feroz [risos]. No jogo interior é muito forte no um para um e gosta de ter a bola, tem tiques de jogador de rua. Inteligentemente, o Rúben Amorim, paulatinamente, tem-lhe dado confiança com minutos de jogo e o Geny tem aproveitado, pode ser que com golos conquiste um lugar na frente.»
Tenho tido muitas conversas com ele. Digo-lhe que não tenha receio, tem de ser mais audaz, não ser simplesmente um jogador formatado
Fazendo-se valer da sua experiência e de já ter vestido a camisola do leão, Chiquinho Conde reconhece que o trabalho que está a ser feito com Geny Catamo está a ser exemplar: «A gestão que o Rúben Amorim está a fazer é de uma inteligência fantástica. Já joguei no Sporting e sei bem a pressão que há. O Geny já jogou a titular e não teve o mesmo rendimento, por isso, digo-lhe para não querer acelerar o processo, nem embandeire em arco, para aproveitar os minutos que lhe são dados. Vai chegar a altura de ele afirmar-se, a médio prazo, se não tiver nenhuma lesão, vai criar essa ascensão e afirmar-se com naturalidade.
O selecionador moçambicano revela, ainda, os conselhos que tem dado ao jovem: «Tenho tido muitas conversas com ele. Digo-lhe que não tenha receio, tem de ser mais audaz, não ser simplesmente um jogador formatado. A assumir o jogo, porque tem qualidade para isso, não pode ter receio nem vergonha de errar. Tem vinte e dois anos, vindo de um país com realidade diferente, não pode estar acanhado e sentir responsabilidade para fazer tudo certinho, ele que não tenha medo!»
Muito feliz e focado
Questionado sobre o estado de espírito de Geny Catamo, Chiquinho Conde não hesita na resposta: «Sente-se muito feliz. Está muito focado, com uma atitude fantástica, tanto a nível de trabalho como a nível pessoal. Trouxe a família para perto dele para lhe dar estabilidade e conforto e isso é fundamental para um jovem que quer singrar num país que não é o dele.
CAN e Mundial no horizonte
Desde o início da época que o Sporting está preparado para ‘perder’ o jogador durante mais de um mês. Catamo será chamado por para representar Moçambique no CAN. Chiquinho Conde assume que para o clube o timing é mau, e reforça a necessidade de rever o calendário da prova, mas destaca a sua importância: «Já se tentou uma assimetria entre a UEFA e a CONCACAF, mas a pandemia veio confundir tudo e todos. É uma prova que beneficia os jogadores, mas prejudica os clubes. Mas não podemos esquecer que é a prova rainha do nosso continente.» Para já, Catamo está pré-selecionado para os jogos de Moçambique com Botswana e Argélia, em novembro, tendo em vista a fase de qualificação para o Mundial-2026.